Daron Acemoglu é um dos vencedores do Nobel de Economia de 2024, juntamente com Simon Johnson e James A. Robinson, pelo seu trabalho que procura descobrir os fatores e variáveis responsáveis pela prosperidade ou falhanço das nações. Acemoglu foi também co-orientador de um alumnus do Instituto Superior Técnico, Benjamin Meindl, durante a tese de doutoramento que este desenvolveu entre 2017 e 2022 no Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento (IN+).
A vice-presidente para o campus de Oeiras, Joana Mendonça, foi co-orientadora da mesma tese, focada na indústria 4.0 e na relação entre tecnologia e trabalho. Conhecidos os vencedores do Nobel de Economia de 2024, faz um comentário à atribuição do prémio e ao trabalho de doutoramento do alumnus que, juntamente com um dos laureados, co-orientou.
Em que consistiram os trabalhos premiados pelo Nobel da Economia de 2024?
O Nobel foi atribuído a Johnson, Robinson e Acemoglu pelo seu trabalho, que se foca na relação entre as instituições e o desenvolvimento económico, explicando as diferenças de riqueza de diferentes países.
Que avanços resultaram do trabalho destes investigadores? Que benefícios poderão ainda trazer no futuro?
Este seu trabalho tem um contributo sobretudo na teoria económica. Penso que o maior benefício é alertar para este papel das instituições, que tem sido ignorado, e que pode vir a alterar políticas públicas neste contexto.
Em que consistiu a tese de Benjamin Meindl, alumnus do Técnico que co-orientou juntamente com Daron Acemoglu?
Esta colaboração foi num tema diferente no qual Acemoglu também tem trabalhos muito importantes – na relação entre a robotização, a automação e a desigualdade salarial. O Benjamin fez um trabalho sobre a indústria 4.0 e nele exploramos também a relação entre tecnologia e trabalho. A colaboração foi motivada por uma abordagem que propusemos, ligeiramente diferente ao que Acemoglu tinha feito.
Neste trabalho, identificámos que ocupações estão particularmente expostas às tecnologias e determinámos um indicador de progresso tecnológico de diferentes profissões baseado em dados de patentes. Este método de mapeamento de patentes difere de abordagens anteriores na medida em que não só tem em conta a diversidade de exposições a patentes ao nível das tarefas dentro de uma profissão, como reflete com maior precisão as atividades de trabalho.
Os resultados mostram que uma diferença entre as tarefas manuais (e, consequentemente, profissões como a construção e a produção) estão expostas principalmente a patentes tradicionais (não pertencentes à quarta revolução industrial (4IR)), mas têm uma exposição reduzida a patentes 4IR. A análise sugere que as tecnologias 4IR podem ter um impacto negativo no crescimento do emprego que aparece 10 a 20 anos após o surgimento da patente.