Mal se entra na sala a professora Manuela Veloso cativa-nos com um sorriso. Denota-se-lhe o prazer de voltar a “casa”, como lhe chama, “ao sítio onde tudo começou”. A ocasião foi propiciada por mais uma sessão do ciclo de conferências IST Distinguished Lecture, desta feita organizada pelo Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, e inserida também na atividade do Departamento de Eletrotécnica e de Computadores – DEEC Talks.
A investigadora, líder do departamento de Machine Learning na Carnegie Mellon University( CMU), e professora Herbert A. Simon de Ciências da Computação na mesma universidade, e muito conhecida pela criação dos CoBots, os robôs colaborativos que partilham informação entre si e com os humanos, veio ao Técnico falar desta sua invenção e da sua forma como tenta aprimorá-los constantemente. “Se vocês forem à CMU os robôs vão receber-vos ao elevador e levam-vos ao meu escritório, tudo de forma completamente autónoma”, partilha a professora, mostrando excertos de um vídeo que retrata a situação. “Algumas pessoas não acham grande piada”, brinca posteriormente.
“Não há nada de romântico nesta minha escolha de carreira, nunca gostei de filmes de ficção científica, percebi também aqui, durante a minha tese de mestrados que muitas das coisas que fazíamos podiam ser automatizadas e quis fazer parte disso”, partilhou a determinada altura a professora Manuela Veloso. Formada em Engenharia Eletrotécnica no Técnico é uma apaixonada por aquilo que faz, e foi com muito entusiasmo que temperou toda a apresentação.
Depois de mostrar alguns dos resultados mais recentes que tem conseguido mas também abordando os que ainda pretende atingir, a docente da CMU destacou que o objetivo central da sua investigação, e de todos os que trabalham consigo, é que o robô seja como um complemento ao ser humano capaz de o ajudar a executar tarefas diária.
A investigadora não terminou sem desmistificar todos os efeitos negativos se têm vindo a associar a esta área. “A Inteligência Artificial é uma ferramenta poderosa, e acaba por ser um alerta para que a humanidade seja cada vez mais responsável, educada, diversa, inclusiva, criativa e pacífica”, declarava a professora Manuela Veloso. “Se pensarmos bem os robôs podem assumir empregos raros e entediantes dos humanos, vamos conseguir ser muito menos negativos quando falarmos disto”, acrescentou de seguida.