Portugal “é um dos países pioneiros no processo de implementação da Estratégia de Computação Avançada” afirmou Khalil Rouhana, Diretor-Geral Adjunto da Direção Geral das Redes de Comunicação, Conteúdos e Tecnologias “DG Connect” da Comissão Europeia. Um elogio feito na sua intervenção durante a sessão de apresentação e discussão da Estratégia Nacional de Computação Avançada que decorreu, dia 12 de junho, no Instituto Superior Técnico. O responsável europeu sublinhou que “trabalhando em conjunto vamos construir na Europa o mais poderoso ecossistema para computação e tratamento de dados do mundo”. Para isso serão investidos cerca de mil milhões de euros, nos próximos dois anos, metade dos quais serão fundos da União Europeia. O espaço europeu vai assim posicionar-se onde deveria estar: “ter três supercomputadores no TOP 10 mundial”. “O objetivo é “reforçar as nossas capacidades nesta área e aplicá-las em benefício dos cidadãos e das empresas”, acrescentou Khalil Rouhana. “Vamos complementar este investimento com mais investimento nas aplicações para tornar esta tecnologia disponível em toda a Europa e para todos os setores”, afirmou.
Com a aplicação desta revolução computacional estima-se que “o valor estratégico para a ciência e indústria seja um crescimento de 25% da produtividade”.
Logo de seguida, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, sublinhou que “no final deste processo a estratégia é envolver as empresas e a administração pública para criar mais e melhores empregos na Europa”. Para isso serão desenvolvidas “parcerias com sectores industriais para abrir estas infraestruturas ao sector das empresas”, declarou.
Na abertura de uma sessão muito concorrida, o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico saudou a escolha do Técnico para a apresentação deste projeto “para colocar a Europa no centro do processo de criação dos supercomputadores”. Sublinhando, ainda, que o Técnico é a instituição de ensino superior portuguesa “que mais competências tem nesta área”.
Em seguida, Nuno Rodrigues da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) fez a apresentação da estratégia nacional destacando que os “dados são o novo petróleo” do planeta. “Há um mundo paralelo digital em que todos vivemos”, acrescentou.
“As pessoas serão o centro desta revolução”, que decorrerá da Estratégia de Computação Avançada 2030, tal como na Iniciativa Nacional Competência Digitais e.2030, Portugal INCoDe.2030.
Também Luís Oliveira e Silva, presidente do Conselho Científico do Técnico, afirmou que os “supercomputadores são transformadores da nossa forma de fazer ciência” já que “o poder da revolução computacional está a redesenhar a ciência e a engenharia”.
O coordenador da proposta nacional ao EuroHPC, António Cunha da Universidade do Minho, região onde será instalado um dos supercomputadores europeus anunciou que o objetivo é “ter o sistema disponível no primeiro semestre de 2021”. O supercomputador já foi batizado. Vai chamar-se Deucalion, tal como o filho de Prometeu, a figura mitológica que roubou o conhecimento aos deuses. Será instalado no Minho Advanced Computing Center (MACC) e estará disponível para “potenciais utilizadores da comunidade académica e da comunidade empresarial”. Este é um dos projetos desenvolvidos no âmbito da “Rede Ibérica de computação Avançada – RICA”.
Durante toda a sessão foi elogiado este projeto ibérico de criação de um supercomputador. Um consórcio de cooperação Portugal e Espanha que pretende, ainda, instalar outro supercomputador no Barcelona Supercomputing Center, em Barcelona.