A plataforma para Gerir o Risco de Desastres Naturais (AGEO) é o novo projeto financiado pelo programa Interreg Atlântico da União Europeia, e tem como meta principal a criação de vários Observatórios dos Cidadãos para desastres naturais de acordo com as prioridades regionais, demonstrando como o envolvimento dos cidadãos na prevenção de desastres naturais pode fortalecer os sistemas regionais e nacionais de gestão de riscos. O AGEO é coordenado pelo Instituto Superior Técnico, num consórcio com instituições de Portugal, Espanha, França, Irlanda e Reino Unido.
A região Atlântica está exposta a eventos de baixa probabilidade, mas de alto impacto e a vários cenários de risco que devido à falta de conhecimento por parte da população, o planeamento e/ou elevado custo nas ações de mitigação, acabam por se traduzir numa falta de preparação para a monitorização e para executar respostas eficazes. É com estas ideias bem presentes, assim como cientes dos riscos que as mesmas representam, que os cientistas envolvidos no projeto AGEO pretendem tornar como agentes de colaboração os cidadãos e as autoridades locais. Para tal, o projeto propõe-se a criar novas ferramentas relacionadas com os riscos de desastres naturais, promovendo também o uso de produtos e serviços inovadores de Observação da Terra da União Europeia, como seja o programa Copernicus.
Os Observatórios dos Cidadãos, que estão no centro deste projeto, funcionarão como uma interface entre os cidadãos e os cientistas. “Nestes observatórios os cidadãos podem contribuir ativamente para o desenvolvimento científico, mas também para que possam receber informação relevante”, expõe o professor Rui Carrilho Gomes, docente do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos, e um dos responsáveis pelo projeto. “Os cidadãos através de apps [aplicações] instaladas em smartphones podem enviar fotografias, alertas, etc. que depois são tratados juntamente com outras fontes de informação para, por exemplo, avaliar a progressão de cheias, avaliar o risco de deslizamento de terras, informar sobre a existência de uma estrada bloqueada por queda de blocos, etc.”, explica o docente do Técnico. O papel dos cidadãos passa, assim, a ser fundamental, sendo possível aos mesmos enviar informação para o observatório numa fase precoce ou acompanhar o desenvolvimento de um fenómeno de grande extensão, despertando a atenção ou dando informação complementar às entidades responsáveis.
Para além dos cidadãos, as autarquias locais serão também parceiras estratégicas. “A Câmara Municipal de Lisboa é um dos parceiros deste projeto. A sua participação está orientada para o desenvolvimento de um observatório em Lisboa, que visa cobrir vários riscos geonaturais: sismos, cheias rápidas, incêndios e deslizamentos de terras”, assinala o professor Rui Carrilho Gomes. Um dos objetivos imediatos do projeto passará por desenvolver 5 testes-piloto, sendo um deles em Lisboa. “Estes casos piloto vão obrigar-nos a desenvolver conceptualmente o observatório, depois implementá-lo e colocá-lo em prática. Este processo permitirá uma aprendizagem muito relevante e particularmente útil para a fase posterior, que será a aplicação deste observatório a outras cidades e países”, esclarece o docente.
Nos dias 4 e 5 de julho decorreu a reunião inicial do projeto, onde foi definida a estratégia de implementação do projeto. A oportunidade de coordenar o projeto “surgiu da rede de contactos internacionais da equipa do Técnico. A boa imagem que o Técnico tem junto da entidade financiadora ajudou a que a equipa tenha sido convidada a liderar o projeto”, recorda o professor Rui Carrilho Gomes.