O Auditório do Campus Tecnológico e Nuclear do Instituto Superior Técnico acolheu, entre os dias 9 e 10 de outubro, especialistas nacionais e internacionais na área da terapia de protões. Estudantes de doutoramento do Técnico, os seus orientadores e convidados discutiram os desafios e avanços desta técnica de radioterapia – ainda não disponível em Portugal – que permite concentrar a dose de radiação no tumor, minimizando a exposição dos tecidos saudáveis circundantes.
Na sessão de abertura do 2º Workshop do Programa Doutoral da ProtoTera, o Presidente do Instituto Superior Técnico, Rogério Colaço, sublinhou a importância da formação académica na área da terapia de protões. Rogério Colaço referiu que, apesar de existirem 27 doutorandos nesta área, a implementação da terapia poderá demorar devido a prioridades do Serviço Nacional de Saúde e a outras questões urgentes do país. Lucília Salgado, do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, expressou o “interesse do hospital em ter disponíveis equipamentos para terapia de protões, bem como colaborar em projetos de investigação e formação avançada”, enfatizando a necessidade de formação contínua para os profissionais. Antero Abrunhosa, diretor do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra, ressaltou a “importância da formação em ciências nucleares em Portugal”. Patrícia Gonçalves, presidente do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), apresentou uma breve perspetiva do papel da instituição na interligação da comunidade portuguesa de investigação em física de partículas e nas suas aplicações.
O evento contou com 25 apresentações de estudantes de doutoramento em diversas fases do seu percurso, que têm projetos desde a investigação básica com ferramentas de simulação até casos de estudo clínicos:_“Flash Therapy”, sistemas de imagem em tempo real durante o tratamento, terapia dirigida com nanopartículas ; o tratamento de doenças degenerativas com terapia de protões; simulações computacionais de 2D e 3D de cancro e a sua interação com a radiação.
Foram vários os estudantes de doutoramento do Técnico, no Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN), a partilhar os seus trabalhos de investigação no evento. Cátia Rosa destaca que “a troca de ideias científicas na área da terapia com protões enriquece a formação e ajuda a resolver problemas e a desenvolver competências essenciais para o futuro profissional”. Já Diogo Engrácia destacou a importância do seu trabalho para a sociedade, referindo que “a utilização de modelos celulares tridimensionais de cancro é crucial para testar novos tratamentos de radioterapia e quimioterapia, possibilitando uma simulação mais realista da resposta tumoral e melhores resultados clínicos”. Também Joana Santos evidenciou a contribuição da sua investigação para “uma nova abordagem para ultrapassar a resistência a um medicamento frequentemente utilizado no tratamento do cancro colorretal”. Rafael Travassos sublinhou a importância da modificação de nanopartículas do tipo viral para aumentar a especificidade a alvos terapêuticos, “um importante contributo para a sociedade, visto que se trata de um processo inovador que potencia a entrega de fármacos no tratamento do cancro”.
O evento contou, ainda, com a participação de dois oradores convidados: João Seco, professor da Universidade de Heidelberg e do Centro Alemão de Investigação do Cancro (DKFZ), e Paula Alves, Diretora do Departamento de Radioterapia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra.
O encerramento da segunda edição do programa doutoral da ProtoTera, coube ao Investigador Coordenador do C2TN, José Marques, que destacou que “os jovens investigadores estarão em breve prontos para ingressar nos hospitais e universidades do país”. A concluir, referiu que este grupo de “jovens físicos, químicos e biólogos tem estado em contacto com instituições nacionais e internacionais e podem atuar como “polinizadores” para novos projetos e iniciativas futuras”.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o Programa Doutoral da ProtoTera visa estabelecer uma rede nacional de investigação e ensino em terapias avançadas e tecnologias associadas de tratamento do cancro.