Quando se fala dos testes à covid-19, podemos dividi-los em dois tipos principais: os testes moleculares, que permitem o diagnóstico da infeção através da deteção de material genético do vírus; e os testes serológicos, que detetam anticorpos no soro sanguíneo das pessoas e permitem fazer estudos de imunidade. É na simplificação – quer ao nível utilização, quer ao nível da leitura- destes dois tipos de teste que reside o fator inovador e diferenciador do projeto SARSChip. O sistema de diagnóstico portátil e universal que está a ser desenvolvido nos laboratórios do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Microsistemas e Nanotecnologias – INESC-MN) permitirá, através do mesmo dispositivo, a deteção molecular do novo coronavírus e a análise serológica dos pacientes. O projeto “SARSChip- On-chip testing of SARS-CoV”, liderado pela investigadora Verónica Romão, foi um dos vencedores da 2.ª Edição do concurso RESEARCH 4 COVID-19, promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
A iniciativa conta com a colaboração do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), STAB VIDA, INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, Departamento de Genética e Biotecnologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Serviços de Patologia Clínica dos Centros Hospitalares de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e Cova da Beira (CHUCB).
“O SARSChip resulta da investigação de uma tecnologia de deteção de reconhecimento molecular, baseada em sensores magnetoresistivos e uma plataforma eletrónica portátil para leitura desses sensores”, começa por explicar a líder do projeto. “O objetivo é desenvolver testes moleculares e serológicos, de fácil utilização e leitura, para o diagnóstico preciso de infeções por SARS-CoV-2 em qualquer das fases da infeção”, complementa a investigadora Verónica Romão.
A tecnologia que será usada no projeto é fruto de uma colaboração de quase duas décadas entre o INESC MN e o INESC-ID. A equipa de investigação estava já a desenvolver um sistema de deteção de infeções virais com particular enfoque no Zika, Dengue e Chikungunya, que está a ser “facilmente convertido para a deteção do SARS-CoV-2”, como denota a líder do projeto. Os testes serão descartáveis e têm por base um biochip microfabricado, partículas magnéticas e estruturas de microfluídica. O sistema de leitura dos mesmos será uma plataforma eletrónica portátil.
O projeto SARSChip terá a duração de 6 meses e de acordo com o plano de trabalhos que foi elaborado pela equipa no final deste prazo será possível dar início aos testes em ambiente hospitalar, dando um novo ritmo ao modelo de diagnóstico do novo coronavírus.