Ciência e Tecnologia

Satélite totalmente feito no Técnico em contagem decrescente para lançamento a bordo do Ariane 6

Polo de Oeiras acolhe, a 9 de julho, evento celebrativo da ida para o espaço do primeiro nanosatélite universitário, totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal.

O sonho, que começou em 2017, com trabalho desenvolvido por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico, torna-se realidade sete anos depois – o nanostélite ISTSat-1 vai para o espaço, a bordo do Ariane 6, o novo lançador espacial europeu, com partida marcada para hoje, 9 de julho. Entre as 14h e as 17h da estação espacial francesa em Kourou, na Guiana Francesa (18h – 21h na hora de Lisboa), um pequeno cubo português será lançado para o espaço para testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas. O lançamento será celebrado no polo de Oeiras com um evento no mesmo dia, onde será possível conhecer alguns dos intervenientes neste projeto, incluindo uma ligação em direto com dois investigadores que estão em Kourou a acompanhar o processo.

O primeiro satélite universitário totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal leva dentro muitas horas de trabalho e o contributo de cerca de 50 pessoas. Deu origem a mais de 20 dissertações de mestrado e requereu a superação de várias e exigentes etapas de desenvolvimento, depois de ter sido um dos projetos escolhidos pela Agência Espacial Europeia (ESA). 

“Estamos certos que o lançamento deste ISTSat-1 será um momento histórico, lembrado no futuro como um momento fundacional de tudo o que aprendemos na construção de um satélite em Portugal”, afirma o presidente do Técnico, Rogério Colaço. “É um momento de grande alegria para o Técnico e para o nosso país”, complementa. 

O nanosatélite do Técnico entrará em órbita baixa circular, a 580 km da Terra. A equipa do Técnico estará a receber as informações do satélite na estação-terra do polo de Oeiras e a verificar, comparando os dados recebidos com dados de referência, se o satélite cumpre a missão científica e a tecnologia desenvolvida deteta a presença de aviões em zonas remotas. O satélite enviará dados de vários tipos, entre eles dados do posicionamento dos aviões, que não são visíveis da Terra e só se conseguem ver através de uma vista do espaço. 

Uma vez no espaço, o ISTSat-1 será projetado e seguirá o seu caminho sozinho. Depois de lançado e identificada a sua posição enviará dados sobre os aviões para algumas estações terrestres habilitadas pelo projeto. Os sinais enviados pelo satélite são enviados em canal aberto, podendo ser recebidos por radioamadores de todo o mundo. No entanto, apenas a estação-terrestre do Técnico conseguirá transmitir para o satélite e apenas a equipa do Técnico conseguirá configurar necessidades que surjam ou pedir diagnósticos mais finos da missão para além dos que poderão ser descodificados em canal aberto. Ficará no espaço durante cinco anos (previsivelmente), até arder ao voltar a entrar na atmosfera.

“Este projeto apresenta um sistema de engenharia que envolve várias componentes, desde engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica, comunicações, protocolos e software. É um projeto multidisciplinar ótimo para ajudar a formar bons profissionais de engenharia e, portanto, algo que deve ser acarinhado na escola”, explica Rui Rocha, professor do Técnico e coordenador do projeto. “Se tivesse dinheiro, comprava um satélite feito. Mas não é isso que nós queremos – queremos, sim, aprender fazendo, queremos dominar a tecnologia e, desse ponto de vista, este projeto, com a opção que nós tomamos de fazer tudo, foi extraordinariamente importante”, acrescenta.

O projeto é coordenado por Rui Rocha, professor do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) do Técnico, investigador no Instituto de Telecomunicações (IT) e diretor e um dos fundadores do IST NanosatLab. Teve o suporte financeiro do Técnico, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), do Instituto de Telecomunicações (IT) e do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC). Contou também com a participação de elementos do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR Lisboa), bem como com o apoio de várias empresas ligadas ao sector.

O lançamento terá transmissão na ESAWebTV pelas 19h30.

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