O Encontro com a Ciência e Tecnologia, considerado por muitos o maior e mais completo evento da área em Portugal, tende, ano após ano, a cativar centenas de oradores e participantes das mais variadas áreas e de várias instituições nacionais e até internacionais. O Centro de Congressos de Lisboa serve de ponto de encontro, e a ciência, seja em que campo for, é ponto de partida das inúmeras conversas que se fazem nos corredores ou dentro dos auditórios. Na edição deste ano, “Ciência 2018“, nada disto foi exceção e a comunidade do Técnico não faltou, quer para ouvir, quer para dar que falar.
No segundo do dia do encontro, esta terça-feira, 3 de julho, foram muitos os participantes provenientes do Técnico que contribuíram para o número avultado anunciado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, professor Manuel Heitor: “só hoje mais de 1250 pessoas passaram por aqui”, anunciava. O governante assumiu, e bem, o papel de anfitrião do evento, introduzindo a maioria das intervenções e deixando escapar durante as mesmas os objetivos futuros para que haja cada vez mais “um espaço europeu de investigação”. “Este é um evento que muito me orgulha e onde conjuntamente pensamos e tentamos projetar o futuro”, assinalava o ministro, na sessão de encerramento, antes de passar a palavra ao comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação e alumnus do Técnico, Carlos Moedas.
“Tenho orgulho nos cientistas portugueses, digo-o aqui, mas digo-o sobretudo lá fora”, começava por dizer o comissário europeu. E “orgulho” foi uma palavra que se repetiu algumas vezes no seu discurso, e se refletiu outras tantas no seu rosto, nomeadamente quando partilhou algo que o seu colega austríaco lhe havia contado: “Dizia-me no outro dia que a Áustria tem investigadores muito bons, mas o melhor de todos é português”. “Formou-se no Técnico, tem apenas 33 anos, chama-se Nuno Maulide, e é um orgulho e um exemplo para todos nós, para que nunca tenhamos dúvidas de que somos muito bons”, complementava de seguida Carlos Moedas. Falando do futuro da ciência na Europa, deixou bem presente que uma das principais linhas de ação passará por ligá-la às pessoas, “porque são elas os verdadeiros proprietários dos resultados da ciência”. Precisamos de um novo contrato social entre a ciência, os governos e os cidadãos que aproxime as pessoas da ciência e onde os cidadãos e os cientistas estão no centro das políticas públicas”, declarou o titular da pasta da ciência e inovação na Comissão Europeia.
O discurso do alumnus do Técnico, mereceria de seguida rasgados elogios de Maria Manuel Leitão Marques, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa que, por sua vez, centrou a sua alocução nos desafios globais que se impõem à Administração Pública. “Queremos muito fomentar dentro dos nossos serviços uma cultura que incite a experimentação e a inovação, ultrapassando fronteiras em todos os domínios”, assinalava a ministra. Partilhou depois algumas medidas adotadas pelo seu executivo, “para que não se corra o risco de aumentar progressivamente o foço entre a sofisticação dos serviços digitais oferecido pelo sector privado e o sector público, porque isso poderá ter consequências gravosas para a confiança dos cidadãos”. A ministra terminou com um apelo à comunidade cientifica “para que faça da Administração Pública um parceiro nos seus projetos, tornando possível ultrapassar as novas fronteiras da era digital”.
Seria exatamente das “Novas fronteiras da era digital na Europa e no Mundo” que falariam, de seguida, o professor Doug Sicker, da Carnegie Mellon University (CMU) e uma cara bem conhecida do Técnico, a professora Isabel Trancoso. Enquanto que o professor da CMU dedicou a sua apresentação a uma breve explicação acerca da segurança na dita “internet das coisas”, desvendado a sua “explosão” em todos os setores, a professora Isabel Trancoso debruçou-se sobre a forma como os assistentes virtuais têm ao longo dos tempos alterado a forma como interagimos. “Há imensos fatores que podem tornar um sistema destes vulnerável nomeadamente o código mal escrito ou as interdependências inesperadas dos dispositivos e sistemas”, reiterava o professor Doug Sicker. De seguida e demonstrando a evolução que ao longo dos tempos se tem registado na comunicação entre humanos e computadores através do processamento da fala, a docente do Técnico abordou o impacto que o Machine Learning teve nesta área, permitindo “a criação de redes neurais profundas, uma quantidade virtualmente ilimitada de dados e expandindo o armazenamento e a própria computação”.
Também o professor Mário Pimenta, do Laboratório de Instrumentação e Física de Partículas (LIP) e a professora Inês Martins, do Centro de Química Estrutural foram protagonistas em outros debates paralelos durante este segundo dia do evento. Além destes, e nos restantes dias, outros docentes foram protagonistas dos painéis que pautam a agenda do evento. Além das palestras foram várias as unidades de investigação do Técnico convidadas a integrar as demonstrações, sendo o Vizzi, o robô do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), com a sua simpatia, o causador de muitos atrasos para as sessões e um elemento comum em muitos dos retratos que recordarão este “Ciência 2018”.