O Instituto Superior Técnico e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) apresentam o novo portal CLIMAEXTREMO, uma plataforma que identifica, em tempo real, os municípios onde os edifícios apresentam maior risco de saúde para os seus ocupantes, durante a ocorrência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor ou de frio. A apresentação terá lugar hoje, 30 de junho, pelas 14h00, nas instalações do INSA, em Lisboa.
Este sistema utiliza um modelo de risco do aumento da mortalidade, com base na previsão meteorológica e nos dados de saúde, de todos os municípios de Portugal Continental. Os dados são cruzados com outro modelo, que considera as características de construção de mais de 2 milhões de edifícios, em todo o país, e que tem como propósito prever as temperaturas dentro das habitações.
A plataforma poderá ser usada pela Proteção Civil e pelos serviços de saúde para sinalizar populações em maior risco, bem como ajudar a desenhar estratégias de intervenção e sinalização das populações mais vulneráveis. Este portal permite ainda o registo de instituições e organizações, para acesso a informação detalhada de locais pré-selecionados, com o índice de risco, vulnerabilidade e recomendações da Direção-Geral de Saúde.
“O Portal CLIMAEXTREMO permite às autoridades e aos cidadãos conhecer o risco de morte entre os ocupantes de uma habitação durante uma onda de frio ou calor. Podem registar-se no portal e receber um email de aviso caso o nível de alerta seja médio ou elevado. A resolução espacial destes mapas poderá ir no futuro ao nível da subsecção estatística que, no caso de uma cidade como Lisboa, representa um conjunto de edifícios”, explica Carlos Santos Silva, professor do Instituto Superior Técnico, investigador do Laboratory of Robotics and Engineering Systems (LARSyS)/Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento (IN+) e coordenador do projeto.
Susana Pereira da Silva, investigadora do Departamento de Epidemiologia do INSA e co-coordenadora do projeto, sublinha que este portal vem “robustecer a área dos sistemas de vigilância e alerta precoce em duas dimensões: aperfeiçoando os modelos de previsão de risco e aumentando a resolução espacial”.
Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis à alteração do padrão climático, apesar de se registar uma diminuição do risco de mortalidade associada ao calor após a implementação dos planos de contingência para ondas de calor em 2004. Os atuais sistemas nacionais de alerta para as ondas de calor (ÍCARO) e para as ondas de frio (FRIESA), prevêem o aumento do risco de morte com base na previsão das temperaturas e são utilizados pelas autoridades de saúde, proteção civil e outras tendo em vista a implementação precoce de medidas preventivas que possam minimizar o impacto.