Quem ousasse sequer sussurrar era bombardeado com um olhar de repreensão que chamava à atenção para o conhecimento que podia estar a ser ocultado pela entropia. Foi assim durante os cerca de 60 minutos em que decorreu a palestra da professora Patrícia Figueiredo esta terça-feira, 5 de fevereiro, inserida nas múltiplas atividades que os Laboratórios Abertos do Departamento de Bioengenharia (DBE) prepararam para os alunos do secundário que se multiplicam ao longo da semana.
A epilepsia foi o tema central da palestra cativante da professora Patrícia Figueiredo que sequestrou por completo a atenção dos cerca de 80 alunos que assistiam à mesma. De forma muito acessível, a docente do Técnico socorreu-se de alguns números para explicar a epidemiologia e a causa da doença, surpreendendo os alunos e mais tarde dando azo a algumas questões. Foi, porém, no diagnóstico e tratamento da doença – área na qual se centra a sua investigação – que a oradora se focou mais ao longo da palestra. Numa retrospetiva da evolução existente em termos de diagnóstico, a professora Patrícia Figueiredo conseguiu deixar bem expresso as vantagens da neuroimagiologia multimodal. No final e como reflexo de que tinha conquistado a audiência, o tempo foi pouco para as muitas dúvidas que a palestra foi despoletando.
Ciências Biológicas, Bioengenharia, Robótica, Biomecânica e Biomateriais, Células Estaminais e Medicina Regenerativa, são algumas das áreas com que os jovens participantes têm oportunidade de manter contacto através desta iniciativa. “Todos os dias desta semana organizamos dois turnos de visitas, um de manhã e outro de tarde. Em cada um dos turnos os alunos começam por assistir a uma sessão de palestras em que começamos por lhes apresentar o Departamento de Bioengenharia (DBE), no que à investigação e oferta formativa diz respeito, seguida de duas pequenas apresentações de alunos dos Núcleos de Engenharia Biológica e Biomédica e seguida depois de uma palestra convidada, sobre um assunto científico, proferida por um professor ou investigador do DBE”, explica a professora Margarida Diogo, responsável pela iniciativa. Depois desta sessão os participantes dos Laboratórios Abertos têm oportunidade de visitar os laboratórios do DBE, na área da Engenharia Biológica ou Biomédica.
Se as palestras tendem a fazer sucesso, de acordo com as temáticas que vão explorando e na forma como as mesmas se ajustam aos interesses de cada um, o mesmo já não se passa com as visitas aos laboratórios. As experiências tendem a ser a parte preferida dos participantes dos Laboratórios Abertos, principalmente pela proximidade que lhes permite ter da investigação científica. Constança Peres, aluna do 11º ano, uma das participantes dos Laboratórios Abertos do DEB, é um bom exemplo disso, e nem pestaneja ao observar a forma como a monitora manobra as pipetas. “Não tinha muitas expetativas sobre esta visita, mas estou a gostar bastante”, confessa. Apesar de “não perceber muita de biologia e afins”, confessar estar cativada com as explicações e demonstrações dos monitores da atividade. A aluna da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho já conhecia o Técnico, mas frisa que este regresso inclui “atividades que nos permitem conhecer melhor o que aqui se faz”. Também a professora Margarida Diogo não tem dúvidas de que “esta atividade é muito útil para esclarecer os alunos do ensino secundário que nos visitam sobre a oferta formativa que existe no DBE, permitindo-lhes fazer uma escolha mais informada na altura de concorrer ao ensino superior”. “Penso que esta atividade atrai novos alunos para o Técnico na medida em que as experiências que vivem, nomeadamente as palestras científicas que ouvem bem como as visitas aos laboratórios, são muito atrativas e enriquecedoras e causam um impacto muito positivo”, sublinha ainda.
Até ao final de mais uma edição dos Laboratórios Abertos do DBE cerca de 760 alunos, do 10º ao 12º ano, de várias escolas secundárias – da grande Lisboa, mas não só – irão participar nesta iniciativa que se realiza desde 2014 no departamento.