O Técnico acolheu o evento de formação do projeto “INGDIVS/Increasing Gender Diversity in STEM”, cofinanciado pelo programa Erasmus+, no âmbito do qual foi organizada uma conferência internacional, esta quinta-feira, 11 de abril. O foco do evento era exatamente a discussão da temática da igualdade de géneros e o aprimoramento de estratégias de ação, e contou com cerca de 20 a 25 profissionais de universidades parceiras do Técnico intensamente envolvidas nas questões da diversidade de género.
Para além dos vários painéis que propiciaram o debate, a organização convidou algumas role models para partilharem a sua experiência e percursos. A professora Zita Martins, docente do Departamento de Engenharia Química, a professora Isabel Lousada da AMONET- Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas, e a professora Ana Teresa Freitas, docente do Departamento de Engenharia Informática (DEI) e CEO da HeartGenetics, cativaram a audiência com a perspetiva de quem com talento e perseverança conseguiu fintar estereótipos fazendo referências a alguns números e episódios que ainda evidenciam disparidades.
A escolha que as trouxe para a ciência e a engenharia, as discrepâncias de género que foram encontrando pelo caminho e o papel que têm desempenhado para atenuar isso foram sendo narradas por ambas as oradoras. “Foi no Imperial College, onde estive durante uma década, que tive realmente noção da desigualdade de géneros que existia na área”, declarava a professora Zita Martins. Elencando algumas iniciativas que tem ajudado efetivamente a projetar as mulheres nos campos onde efetivamente fazem a diferença, a docente do DEQ recordava um dos episódios que vivenciou no fim de uma palestra: “três jovens londrinas abordaram-me no final de uma palestra e disseram que não sabiam que as mulheres podiam trabalhar em ciências planetárias”. Por sua vez, a professora Ana Teresa Freitas destacou a importância de colocar a engenharia em contacto com as crianças mais cedo e de mostrar às raparigas como é que a engenharia e a inovação se refletem na sociedade. Não escondendo a dificuldade em conciliar a carreira com a vida familiar- e dando até umas dicas para facilitar essa mesma administração – a CEO da HeartGenetics partilhava que foi na sua passagem para a gestão que começou a notar algum tipo de discriminação. “Precisamos mostrar outras ideias de mulheres na Engenharia, mostrar a diversidade de áreas em que se pode trabalhar em engenharia, os livros precisam ter outras imagens sobre engenheiros que captem a atenção das raparigas”, realçava a professora Ana Teresa Freitas.
No debate que se seguiu muitas foram as intervenções e contributos para alinhar estratégias e perceber que stakeholders envolver em todos estes trabalhos de mudança de mentalidades e na atração de mais mulheres para as ciências e engenharia. No final, a professora Zita Martins frisava que “a igualdade de oportunidades é um desafio que deve envolver todos”.