Desde pequeno que Miguel Felício se deixava fascinar pelo espaço. O assunto começou a tornar-se sério quando no secundário percebeu que todos os seus interesses convergiam em torno da modelização matemática de sistemas físicos, e mais tarde pela modelização de veículos aeroespaciais. Acabou, claro, por ingressar em engenharia aeroespacial no Técnico, e foi-se deixando cativar pelas técnicas utilizadas para alterar a dinâmica natural destes veículos e “fazê-los comportarem-se de acordo com as necessidades específicas da missão a que se destinam”, partilha o aluno. Está, hoje, no quinto ano e pode dizer-se que a paixão e aprendizagem já começaram a dar frutos, visto que foi recentemente galardoado em Paris com o prémio “Thales Education 2017” que distingue os melhores estagiários do grupo Thales.
A oportunidade de estagiar na Thales Alenia Space (TAS) surge na sequência do duplo grau em França, entre o Técnico e o ISAE-Supaero, em Toulouse, que está a frequentar. Por lá deparou-se com “um sistema educativo francês consideravelmente diferente do nosso”, como confessa, “sendo uma das maiores diferenças a aposta na integração dos estudantes desde cedo na indústria”. Já no ano passado, Miguel Felício tinha tido a oportunidade de estagiar em Darmstadt, na Alemanha, na EUMETSAT- a organização responsável por, em cooperação com o ESOC (ESA), explorar a frota de satélites meteorológicos europeus.
A hipótese de aliar a sua paixão pelo espaço à área do conhecimento que mais gosta – a da dinâmica e controlo de sistemas- acabou por se concretizar no estágio no grupo Thales onde trabalhou diretamente na área de sistemas de controlo de atitude e de órbita/guiamento, navegação e controlo (AOCS/GNC). Durante o estágio desenvolveu algoritmos de controlo de atitude e órbita para o de-tumbling e remoção de lixo espacial para a missão e.Deorbit da Agência Espacial Europeia (ESA), um projeto que lhe valeu um lugar entre os melhores estagiários do grupo. Os algoritmos “permitirão anular o spin dos detritos espaciais a uma distância de segurança, utilizando uma nova tecnologia desenvolvida pela TAS ”, afirma o autor dos mesmos. Relativamente à distinção, o aluno do Técnico afirma que “foi com extrema alegria que soube da notícia”. “Este prémio foi o corolário de uma experiência muito enriquecedora que representa para mim o reconhecimento da entrega e dedicação ao projeto, à equipa e à TAS ”, acrescenta.
Neste momento Miguel Felício já voltou a Portugal e está a preparar a dissertação de mestrado. “Existem alguns convites no sentido de voltar, sendo também uma das componentes do prémio, o acompanhamento do meu percurso pela Thales”, partilha o aluno. Acha que ainda é cedo para perceber a verdadeira importância deste prémio, só sabe que no futuro, o seu “derradeiro sonho seria poder ver em órbita um satélite para o qual contribua”, remata.