Um estudo promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian demonstrou que até 2040 Portugal sofrerá severos problemas de escassez de água. Apesar deste não ser um problema novo, foi perante estas estarrecedoras previsões que um grupo de jovens empreendedores decidiu começar a desenhar uma ideia que tivesse impacto na poupança de água no sector agrícola – que em Portugal é responsável por 75% do total de água utilizada. Com este projeto, a equipa “Smart Homies”, constituída por 3 alunos do Técnico e 1 estudante do ISCTE, conseguiu arrecadar o 1.º prémio na categoria “empreendedorismo criativo” da Mostra Nacional de Jovens Empreendedores, conquistando ainda um prémio especial.
O projeto desenvolvido por Duarte Casanova, Francisco Oliveira e Gonçalo Gato, três alunos do Técnico, e por João Almeida, estudante do ISCTE, consiste num protótipo de fácil implementação que otimiza e regulariza a utilização da água nas hortas e campos agrícolas dos consumidores. “Com acesso a uma rede de sistemas de sensorização e controlo feito por arduinos, controlamos a água que realmente a planta necessita e apenas essa é debitada”, explica Francisco Oliveira. “Os dados recolhidos são enviados para um servidor que permite ao utilizador aceder a uma aplicação desenvolvida que mostra e expõe a qualidade da plantação e estado do sistema”, acrescenta o estudante do Técnico.
O concurso, organizado pela Fundação da Juventude, manteve este ano o formato virtual. A disputar os prémios em duas categorias – empreendedorismo criativo e empreendedorismo social – estiveram 48 projetos.
Além de se destacarem na categoria em que concorreram, conquistando um prémio monetário de 1000 euros, a “Smart Homies” venceu o galardão especial do concurso que lhe dá acesso a 1 ano de incubação e a um espaço Co-Work NIDE- Ninhos de Empresa. Esta dupla vitória acaba por colocar a equipa, tal como refere Francisco Oliveira, no primeiro lugar das 48 equipas que concorreram.
Ainda que sem conseguir dar certezas sobre o que terá sido decisivo para esta conquista, Francisco Oliveira acredita que por detrás desta vitória poderá estar o facto do protótipo apresentando pela equipa “resolver um problema real e necessário para o bem-estar da população”. “A água é muitas vezes dada como um bem adquirido, mas o estado atual do clima e do ambiente está tão decadente que é o nosso dever fazer tudo ao nosso alcance para que a situação seja corrigida, e este protótipo que desenvolvemos é um passo no caminho certo”, sublinha o estudante.
Além da alegria e honra da conquista, este reconhecimento por parte da Fundação da Juventude, dá à equipa de empreendedores a segurança “de que estamos no caminho certo”.
A equipa multidisciplinar, com alunos de Engenharia Mecânica (Francisco Oliveira e Gonçalo Gato), Engenharia do Ambiente (Duarte Casanova), e Engenharia Informática (João Almeida) está agora na fase mais crítica do projeto: a prototipagem. “Desde a sensorização até ao dimensionamento do produto que pretendemos construir, e a sua escalabilidade”, revela Francisco Oliveira. “Temos muito trabalho pela frente, não sabemos que vitórias e derrotas estão perante nós. Apenas temos uma certeza, estamos e estaremos sempre dispostos a dedicarmos o nosso tempo em prol de um mundo melhor”, colmata o aluno do Técnico.