A excelência, o conhecimento transversal a várias áreas, e a reconhecida capacidade oratória, juntaram profissionais de várias áreas, alunos e curiosos numa lotada e atenta plateia em mais uma IST Distinguished Lecture. Don Norman, um Design Thinker, cientista cognitivo, fundador e diretor do Design Lab at University of California, veio ao Técnico falar sobre uma nova “era” do design que deve acima de tudo inspirar-se nas necessidades dos utilizadores.
A palestra, sem guião, dada num tom singular e de proximidade, fluiu em torno de múltiplos exemplos sugestivos, percorrendo áreas tão distintas como a automatização automóvel e a medicina. O foco foi o DesignX, uma nova abordagem do design, que parte dos problemas sérios e complexos que o mundo enfrenta hoje, centrando-se no ser humano e na utilidade que o mesmo irá dar aos produtos, e de que o professor Norman é um dos principais impulsionadores. “A dificuldade não é desenhar a solução, é aplicar”, reiterava logo de início o diretor do Design Lab.
Uma utilidade que deve ser particularmente adequada a problemas que envolvem uma mistura de necessidades humanas e sociais, onde as soluções passam cada vez mais pela tecnologia, como por exemplo nas áreas da saúde, educação ou nas questões ambientais. Não desvirtuando o conceito estético, mas aproximando-se cada vez mais da utilidade. “É preciso pensar que as coisas têm que ser utilizadas, mais do que ser bonitas”, realça o professor Norman.
E perante uma cada vez mais latente apoteose tecnológica, o Design Thinker acredita que o caminho do sucesso será o resultado do aproveitamento das competências tecnológicas e da criatividade humana. “Homens e máquinas a trabalhar em equipa. Cada um a fazer o que faz de melhor”, reiterou o orador, acrescentando a necessidade e produtividade que resulta desta permissão para “que as calculadoras façam os cálculos repetitivos e longos, deixando o ser humano usar a criatividade para formular o problema”.
Outra das ideias defendidas pelo orador passa pela multidisciplinariedade das equipas, congregando pessoas com diferentes habilidades em equipas multidisciplinares, selecionadas mediante as especificidades do problema. Norman lança ainda uma questão audaz: “E se todos nos tornássemos designers?” Afinal como ele postula “as empresas podem não conseguir fazer algumas coisas que uma pessoa, para ela própria, consegue fazer facilmente”. O discurso de Norman não deixou ninguém indiferente, e como dizia um dos atentos ouvintes: “foi literalmente de se lhe tirar o chapéu”.