Catarina Martins, Luísa Costa, Maria do Carmo Raimundo, Maria Jacinto e Teresa Marcelino, alunas do mestrado em Engenharia Biomédica no Técnico, compõem a equipa que venceu a 1.ª edição do “G-Battle”, uma competição de inovação destinada a estudantes do ensino superior, promovida pela Glintt. Na origem desta distinção está o projeto desenvolvido pelas estudantes, o MedicMetrics, um software que pretende ajudar os hospitais a melhorar o planeamento cirúrgico. O grupo de alunas do Técnico competiu contra 24 grupos de diversas universidades e politécnicos e conquistou um prémio monetário no valor de 1.500 euros.
A equipa assume o contentamento com esta vitória e com o reconhecimento que lhe está acoplado. “Quando decidimos participar, não imaginávamos que iríamos sair vencedoras. Mesmo depois de termos sido escolhidas como um dos dez grupos finalistas, não pusemos a hipótese de sermos nós a ganhar o prémio final”, recorda Maria Jacinto. “Foi só num dos últimos momentos do concurso, enquanto anunciavam os outros vencedores e menções honrosas que pensámos ‘bem, se calhar vamos ser nós a ganhar isto’”, partilha de seguida a aluna do Técnico.
O desafio lançado pela Glintt às equipas passava pelo desenvolvimento de uma ideia inovadora que ajudasse a tornar mais eficiente o acesso e a prestação dos cuidados de saúde. A equipa do Técnico considerou que o projeto MedicMetrics poderia ser uma resposta diferenciadora para o repto lançado. O software desenvolvido pela equipa de alunas permite melhorar o planeamento cirúrgico e a dinâmica hospitalar, aperfeiçoando a estimativa de tempos cirúrgicos, facilitando a comunicação entre os profissionais de saúde, permitindo ainda ter um melhor controlo da ocupação dos espaços em tempo real.
“A atividade cirúrgica representa uma grande percentagem tanto dos gastos como das receitas do hospital, sendo assim uma atividade bastante relevante para um hospital”, salienta Catarina Martins. Tendo como ponto de partida esta relevância, a equipa de alunas criou um software de Machine Learning multifactorial para previsão do tempo cirúrgico, no qual são tidos em conta parâmetros como a história clínica do doente, tipo de cirurgia e o tempo médio para cada cirurgião. “Adicionalmente, como complemento está também integrada nesta solução a utilização de identificação por radiofrequência, através do uso de pulseiras de forma a armazenar em tempo real dados relativos à presença dos pacientes nas diferentes fases do percurso cirúrgico”, explica Catarina Martins. As alunas pretendem ainda desenvolver interfaces mobile e web “que permitirão ter acesso às estatísticas do hospital, aos pedidos de cirurgia, ao horário de todos os blocos operatórios e ainda a comunicação entre os profissionais de saúde”, tal como adianta Catarina Martins. Assim, e através das valências do MedicMetrics, os hospitais poderão melhorar o agendamento de cirurgias e melhorar o serviço prestado.
“Consideramos que, para além da nossa solução resolver grande parte dos problemas envolvidos na gestão do bloco operatório, o que acabaria por resultar numa melhoria de custos e receitas para um hospital, distingue-se, acima de tudo, pela facilidade e rapidez de implementação”, frisa Luísa Costa. De acordo com a aluna o MedicMetrics é “uma ideia consistente, cujos vários componentes se complementam, procurando facilitar o trabalho a todas as entidades envolvidas nesta gestão, cujo impacto nos pacientes é tão importante”.
O projeto vencedor surge no âmbito da disciplina de Projeto em Engenharia Biomédica, no seguimento do repto lançado pelos mentores Mónica Oliveira, docente do Departamento de Engenharia e Gestão(DEG), e João Leal, Mariana Raposo e Daniela Burrinha, profissionais do grupo CUF. “Quando surgiu o GBattle estávamos numa altura do projeto em que já tínhamos bem definidos o problema que tínhamos em mãos e a solução que queríamos implementar. No momento em que a Teresa [um dos elementos do grupo] nos desafiou a entrar na competição sabíamos à partida que era uma experiência que só podia ser benéfica para a implementação do projeto independentemente do resultado pelo acompanhamento que teríamos e pela ‘pressão’ que sentiríamos para desenvolver o melhor produto possível em apenas 24h”, realça Maria do Carmo Raimundo. A experiência acabaria por ser “muito mais do que qualquer uma de nós podia antecipar”, tal como confessa a estudante de Biomédica.
Por agora, a equipa irá continuar a trabalhar no projeto, desenvolvendo as diversas componentes do mesmo até ao final de dezembro. Contudo, não descartam a ideia de posteriormente continuarem a trabalhar nesta ideia, levando-o “o mais longe possível e provando realmente o valor do nosso produto no mercado”, tal como refere Teresa Marcelino.