“Não há nada que vocês não consigam fazer e nenhum sítio onde vocês não consigam vir a trabalhar”, foi repetindo Miguel Gonçalves, líder da Spark Agency e comandante desta maratona de aproximação ao talento, ao longo dos dois dias da 14.ª edição do Pitch Bootcamp@Técnico. A acompanhar a frase, uma catadupa de argumentos que a corroboravam, mas que os bootcampers iam sendo desafiados a identificar por si próprios. Esperava-se mais uma edição “épica” e o prognóstico cumpriu-se. Não só pela adesão massiva – 220 alunos, 170 profissionais e 130 empresas-, mas sobretudo pelo balanço positivo dos bootcampers e pelas ligações que floresceram do evento, e que ganham outra dimensão numa altura em que mundo está de portas semicerradas.
Uns minutos antes do derradeiro desafio dos pitches, no segundo dia do programa, 26 de março, Miguel Gonçalves desafiava os “futuros navegadores” a expandirem a zona de conforto, a contornarem a ansiedade e a introversão, a ousarem perguntar, a divertirem-se enquanto construíam ligações com futuro. “Tal como aconteceu comigo, tenho a certeza que se vão apaixonar pelo talento destes jovens, pela vontade, pelo ADN, pela sede de crescimento, pela curiosidade”, partilhava, por sua vez, o líder da Spark com os profissionais- muitos deles antigos alunos do Técnico.
Apesar da preparação e do treino, os momentos que antecediam o pitch traziam consigo doses elevadas de ansiedade, acompanhada pela convicção de quem tudo faria para conquistar os profissionais que os avaliariam. Depois de se darem a conhecer, os alunos tinham ainda tempo e oportunidade para questionar, procurar referências, pedir conselhos, para rasgar caminho. Do outro lado do ecrã acolheu-os a vontade de ajudar, e os conselhos chegavam com rasgos de empatia, típica de quem só quer suportar e não melindrar.
Pela intensidade e por toda a aprendizagem que lhe permitiu absorver, o momento do pitch foi mesmo o preferido de Filipe David, aluno do 4.º ano de Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. “O pitch com empresários e recrutadores de outras empresas é mesmo intenso, estão a ouvir-te e a dar-nos conselhos muito pessoais. De longe o ponto alto destes dois dias, super intenso”, afirma.
Filipe David decidiu participar no Pitch Bootcamp depois de ter ouvido falar de como este permitia “crescer” e “abrir a mente” dos alunos em relação ao mundo empresarial. “O meu objetivo era ter a experiência de fazer um pitch pela primeira vez e receber mais informação de como abordar as empresas”, afirma. Não podia ter corrido melhor, uma vez que ao pitches seguiram-se muitos elogios “e todas as críticas foram sempre construtivas”, revela.
Terminada a experiência, o aluno está mais certo do que nunca do seu valor. “Saio do pitch com muito mais confiança! Ouvir engenheiros, recrutadores e outros, a afirmarem que temos talento e capacidade para fazermos o que queremos é fantástico, se eles conseguem nós também conseguimos”, partilha o aluno.
De todos os conselhos que Filipe David ouviu guarda a ideia que lhe foi sendo repetida pelos jurados de que é preciso “aproveitar a vida também, não pode ser só estudos”. “Parece algo óbvio, mas quando alguém nos diz isto, reparamos que nos últimos tempos temos dedicado demasiado tempo ao curso e que há muitas outras habilidades que são importantes”, comenta. Além deste, recorda também o incentivo que lhe foi passado para “termos confiança em nós mesmos e não termos medo de mandar um e-mail para a empresa em que sempre quisemos trabalhar ou contra-argumentar numa entrevista”.
Esta confiança é um dos pontos que mais se trabalha no primeiro dia do programa. Os bootcampers são incitados a pensar a sua proposta de valor, percecionando em que patamar estão e como se podem posicionar naquele que se segue, identificando os fatores diferenciadores do seu percurso, percebendo como se apresentar ao mercado e que respostas dar aos reptos que chegarem. Para encerar da melhor forma o primeiro dia da jornada, os alunos são bafejados com a brisa inspiradora das “Lessons Learned”. Este ano os três convidados do painel foram André Cardoso (Executive Board Member Fidelidade Seguros e alumnus do Técnico), Mário Vaz (CEO Vodafone Portugal) e Pedro Miranda (CEO Siemens).
Para Francisca Ferreira, aluna do 5.º ano de Engenharia e Gestão Industrial e repetente nestas andanças, este programa é “uma mais-valia para todos os estudantes”. “São dois dias de muita aprendizagem que nos abrem portas para o futuro, no mercado de trabalho”, evidencia. Nesta que é a sua segunda participação no programa, pretendia “conhecer mais empresas, perceber o que estas procuram e valorizam nos estudantes, o que têm para nos oferecer, e sendo finalista, fui com o objetivo de me apresentar a certas empresas, ouvir o feedback dos diferentes profissionais, para que possa melhorar o meu pitch, aumentar a minha rede de contactos e fazer networking com as empresas”.
Conseguiu tudo aquilo a que propôs, sente que a aprendizagem foi imensa, e por isso não tem dúvidas de que o Pitch Bootcamp “ajuda a abrir horizontes”. “A quantidade de contactos com que saímos de pessoas dispostas a ajudarem-nos e darem-nos conselhos é gigante, e todo o networking que fazemos com as empresas é crucial para percebermos o que estas valorizam e procuram nos alunos e também para nós percebermos se nos víamos a trabalhar naquela empresa, ou seja, se os valores das mesmas estão em conformidade com os nossos”, argumenta a aluna.
Para além permitir aos alunos “priorizar as nossas competências e conquistas, para que possamos fazer um pitch pessoal de 2/3 min a certas empresas”, Francisca Ferreira destaca que a experiência permite também “perceber o que nós próprios valorizamos no mercado de trabalho. “E todo o feedback que nos é dado pelos profissionais de diferentes empresas, é fundamental para que possamos apresentar da melhor maneira a nossa proposta de valor”, frisa a aluna.