Nos seus 11 anos de existência, o Departamento de Bioengenharia (DBE) conseguiu edificar uma estrutura forte com uma atividade transdisciplinar, disponibilizando uma diversa oferta curricular e realizando investigação de ponta em diversos campos. Através de uma conversa com o presidente do Departamento, professor João Pedro Conde, quisemos perceber o caminho que tem sido feito, as principais realizações, os objetivos e desafios que têm surgido e os que se vislumbram para os próximos anos.
A criação do DBE, em 2011, é a resposta do Técnico ao surgimento de grandes avanços na Biologia e nas Ciências Biomédicas e a sua convergência com as Tecnologias e a Engenharia. “A certa altura tornou-se óbvio que era preciso ter um conjunto de pessoas que trabalhasse exatamente nessa convergência”, salienta o presidente de Departamento. Cumprindo com mestria o desafio de investigar e ensinar nesta área emergente, o DBE e as suas pessoas contribuem diariamente para aumentar a visibilidade do Técnico e o reconhecimento internacional nestes domínios.
O departamento está organizado em 4 áreas científicas. Ciências Biológicas; Biomateriais; Nanotecnologia e Medicina Regenerativa; Sistemas Biomédicos e Biosinais; e Engenharia Biomolecular e de Bioprocessos. “É um desafio trabalharmos todos na mesma direção como uma equipa porque as pessoas têm linguagens muito diferentes”, realça o professor João Pedro Conde. “É um trabalho que se tem sido feito ao longo dos anos e é exigente para mim enquanto presidente, assim como foi também para os meus antecessores neste cargo”, adiciona.
Neste momento, o DBE conta com 33 professores na sua estrutura – um deles afiliado também ao Departamento de Engenharia Informática – e ligados a vários centros de investigação. “O grande instituto do Departamento é o iBB, mas temos pessoas no IT, ISR, no INESC-MN, e do CERENA. E somos muito tolerantes nisso, as pessoas devem fazer a investigação onde se sentem confortáveis”, frisa o professor João Pedro Conde. Tal como realça o docente, “há bastantes talentos no Técnico nesta área que não são do departamento o que é bastante típico nestas novas áreas interdisciplinares”.
Além da intensa atividade de investigação e da docência, grande parte dos professores acumula ainda uma função administrativa. “Se somarmos a comissão executiva, os coordenadores dos cursos e os responsáveis dos laboratórios são mais de 25 pessoas”, destaca o presidente do DBE.
O professor João Pedro Conde adianta que “em estado estacionário o nosso objetivo é ter cerca de 40 pessoas”. Se conseguirmos que cada uma destas pessoas seja independente e pensante, e não apenas ter grupos de pessoas que estão formatadas da mesma maneira, este número parece-nos suficiente para termos um leque de talentos que vai da biologia à instrumentação médica e que pode também assegurar o ensino”, salienta o docente.
Oferta diversificada e de elevada qualidade nos três ciclos
A preponderância e abrangência da área refletem-se na diversa oferta formativa que o DBE tem à disposição dos alunos, e que começa desde logo nos cursos de 1.º ciclo: Engenharia Biológica e Engenharia Biomédica. Este último consegue atrair ano após ano os melhores alunos do país, posicionando-se do top dos cursos com a nota mínima de seriação mais elevada a nível nacional. “Atraímos estudantes ótimos, muitos que estão ali inclinados entre a Engenharia e a Medicina”, denota o professor João Pedro Conde. “Tem também existido uma grande atração pela Engenharia Biológica, são estudantes com notas cada vez mais altas”, adiciona.
Além do mestrado em Engenharia Biológica e do mestrado em Engenharia Biomédica, o DBE tem também sob a sua alçada os mestrados em Biotecnologia, em Bioengenharia e Nanossistemas, Engenharia Farmacêutica e Microbiologia. O mestrado em Engenharia Farmacêutica, lecionado em colaboração com a Faculdade de Farmácia é, como destaca o professor João Pedro Conde “uma coisa única no país e que atrai sempre muitos estudantes”. Por sua vez, o mestrado em Microbiologia é uma iniciativa conjunta do Técnico, da Faculdade de Ciências, da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.
A este vasto leque juntou-se este ano o Mestrado em Bioengenharia: Medicina Regenerativa e de Precisão, lecionado no campus do Taguspark, que já recebeu alunos este ano letivo.
Ao nível do 3.º ciclo são oferecidos 3 programas doutorais: Biotecnologia e Biociências, Bioengenharia e Engenharia Biomédica. “Estamos a pensar juntar tudo num, e manter provavelmente só o doutoramento em bioengenharia. A nossa perceção é que talvez não se justifique haver tantos programas”, avança o professor João Pedro Conde.
Se questionar a importância da Bioengenharia nos dias de hoje já se torna difícil, o professor João Pedro Conde acredita que este papel será cada vez mais fulcral no futuro e isso terá que se refletir na própria formação dos alunos. “Consideramos que a biologia moderna, baseada na genómica, é uma parte essencial na formação de um engenheiro que deve ser integrada na formação básica dos nossos alunos”, destaca.
Atrair os melhores alunos nacionais e internacionais para os programas de 2.º ciclo e 3.º ciclo é um dos pontos centrais da estratégia do DBE. Salientando que cada vez mais os alunos se sentem atraídos a prosseguir os seus estudos fora de Portugal, o professor João Pedro Conde alerta para necessidade de reter o talento no Técnico. “Se não conseguirmos mostrar e dar motivos aos alunos para ficarem, vamos perder os nossos melhores estudantes, vamos perder a nossa capacidade de intervir em Portugal, na Europa e no Mundo”, frisa, partilhando que o departamento está atento a estas questões e pretende desenvolver iniciativas relacionadas com estes dois pontos.
Seminários DBE e Laboratórios Abertos ajudar a incrementar interesse e a colaboração na área
Uma das iniciativas mais conhecidas do Departamento são os “Seminários DBE”, uma iniciativa promovida pelo departamento, com nomes sonantes da área, de dentro do Técnico, mas também de fora. O professor João Conde realça a importância desta iniciativa que procura promover “o espírito de grupo” permitindo que “pessoas de áreas muito dispares possam (…) perceber aquilo que os oradores convidados fazem”. A organização procura também através desta plataforma “divulgar novos assuntos”, promover o intercâmbio de ideias com outros departamentos e lançar novas pontes de colaboração. “Temos também convidado pessoas de fora que pensamos que podem ser potenciais candidatos ao lugar de docentes. É uma maneira de os conhecermos, conhecer a área de trabalho, e as suas competências”, refere o presidente do DBE, assumindo ser fã desta iniciativa.
Outra das iniciativas de sucesso do departamento são os Laboratórios Abertos do DBE que este ano regressam a formato presencial. No âmbito desta iniciativa, centenas de alunos do secundário têm oportunidade de contactar com investigadores do Departamento, assistir a palestras e participar em pequenas demonstrações experimentais das áreas científicas da Engenharia Biológica e da Engenharia Biomédica. “O nosso feedback é que os Laboratórios Abertos são sobretudo uma mais-valia para o Técnico”, salienta o professor João Pedro Conde. “Toda a gente gosta muito e por isso é uma iniciativa para prosseguir”, vinca.