Campus e Comunidade

“No Técnico sinto-me integrado e feliz”

As palavras são de um aluno do Técnico com necessidades educativas especiais, e que partilhou o seu testemunho no Dia da Responsabilidade Social organizado no campus Taguspark.

“Depois de um percurso académico nem sempre fácil, cheguei à faculdade e deparei-me com uma instituição preparada para me receber. E tem sido sempre assim”. Foi com estas palavras, num tom animado, sem rodeios ou traços de preconceito, que Marco Rodrigues falou do seu percurso, já longo, enquanto aluno do Técnico. Durante a mesa redonda que iniciou o Dia da Responsabilidade Social, esta segunda-feira, no campus do Taguspark do Instituto Superior Técnico. Nesta edição, o debate foi dedicado a uma reflexão sobre as Necessidades Educativas Especiais no Ensino Superior.

Marco Rodrigues nasceu com paralisia cerebral, o que lhe roubou desde cedo alguma coordenação ao nível dos membros inferiores, mas não fez disso um problema ou uma limitação, é antes a sua “diferença”, como lhe chama. Da vivência ao longo dos quatro anos que passou até agora no Técnico, fala com um sorriso no rosto, afirmando: “No Técnico sinto-me integrado e feliz”.

José Pedro, colega de Marco no Técnico e igualmente com necessidades educativas especiais, também se fez ouvir. Consciente da importância da sessão, aproveitou para falar sobre algumas dificuldades que tornam o seu dia-a-dia mais díficil. Relativamente ao Técnico, não deixou de apontar a necessidade “de repensar  o acesso aos auditórios”, mas vincou várias vezes o apoio que sente das pessoas e da instituição: “Aqui sinto-me à vontade para pedir ajuda, e sinto que posso confiar nas pessoas, porque elas se importam e querem saber de mim”.

O professor Luís Correia, Vice- Presidente do Técnico para o campus do Taguspark, explicou que o  intuito da discussão é mesmo “perceber quais as necessidades dos alunos, professores e auxiliares”, salientando que “este é um tema que precisa ser discutido, abordado e resolvido”. Reconhecendo que nem tudo está como pretendido, informou que foi realizada uma “identificação dos problemas de mobilidade, estando já a ser feitas alterações, no sentido de os resolver”.

Na primeira mesa redonda do evento, estiveram também presentes duas representantes da Rede de Necessidades Especiais (NEE) da Universidade de Lisboa, que esclareceram os presentes sobre o âmbito de atuação, o apoio que concedem, e o leque de atividades que promovem com o objetivo de disseminar e implementar boas práticas de inclusão. No decorrer do debate, que registou uma grande adesão, foram surgindo ideias para colmatar algumas das necessidades existentes.

Alunos e docentes do Instituto Superior Técnico, bem como de outras Universidades, juntaram-se ao longo da tarde nas várias atividades, que terminaram com uma exposição da Rede NEE – ULisboa, cujo tema não podia ser outro: A Universidade de Lisboa é para todos.