Ser investigadora e obviamente ganhar o prémio Nobel, foi com estes sonhos que Ana Cláudia Sá chegou ao Técnico. Não sabe muito bem porque escolheu Engenharia Química, uma vez que também gostava de física, biologia e de matemática. Sabe, porém, que foi a paixão com que o pai, alumnus do Técnico, lhe falava desta escola que trouxe até cá. “Tornou-se irresistível não vir”, conta.
Quando chegou, em 1987, não se importou com os boatos que lhe chegavam sobre os muitos rapazes que dominavam a escola e o bigode que caraterizava as poucas raparigas que havia. “ O ambiente somos nós que o fazemos, se não for muito bom, tratamos de o tornar”, reitera a atual diretora da Bel Portugal. Acabou por encontrar um ambiente “espetacular”, recorda com um tom que lhe desvenda a nostalgia. Perguntar sobre as boas recordações que amealhou nesta escola é, aliás, dar azo a uma longa e detalhada enumeração de bons momentos. “Tenho saudades das brincadeiras, de jogar às cartas na Associação dos Estudantes. Na altura tínhamos que dormir cá durante a noite das inscrições e lembro-me perfeitamente que foi inesquecível”, recorda a alumna.
Na lista dos dias mais marcantes destaca-se o Dia da Graduação, de onde recorda o sentimento de “conquista e realização”. Além das memórias, guarda os amigos que partilharam consigo esses momentos: “Fiz amigos para a vida. Levei desta escola os meus compadres, padrinhos dos meus filhos, amigos para sempre. São sem dúvida os melhores anos da nossa vida”, partilha.
Depois do Técnico seguiram-se várias aventuras, trabalhou em investigação e acabou por descobrir que não era isso que queria fazer: “cheguei à conclusão que não era para o meu perfil, porque eu preciso de concretizar coisas e de vê-las acontecer, e na investigação isso não era tão imediato como eu queria”, explica. Em 1992, entrou na Procter & Gamble, uma empresa que se revelou “ uma escola de gestão”. “ Foi lá que aprendi como gerir equipas, a saber trabalhar com pessoas com diferentes caraterísticas, etc.”, salienta Ana Cláudia Sá. A partir daí a gestão não mais a largou.
Seguiu-se a Unilever e depois a BEL, empresa que atualmente lidera. Foi adquirindo outras formações ao longo do percurso, mas considera que a “ engenharia é o coração de tudo porque nos dá uma capacidade de raciocínio incrível, de trabalho em profundidade e em quantidade”, frisa.
Assume-se como uma profissional realizada, que gosta de desafios, orientada pelo“ gozo de fazer a diferença”. O Técnico deu-lhe uma bagagem que a faz sentir capaz de fazer quase tudo o que quiser. “Depois do Técnico, o resto é canja”, solta Ana Cláudia Sá . “ Os problemas mais complexos, para nós são simples”, acrescenta a alumna. Por isto e por muito mais, “incentivo qualquer jovem a vir para o Técnico, porque é uma escola espetacular, de capacidade de raciocínio, de capacidades técnicas onde aprendemos muito, que nos ensina a sobreviver em qualquer tipo de ambiente”, declara a diretora da BEL Portugal. “O Técnico é uma escola de conquistadores”, foi lembrando ao longo da entrevista porque é essa ideia que faz questão que os atuais alunos não esqueçam.