Decorreu, na última semana de julho, mais uma edição da Oficina de Robótica para alunos do Ensino Secundário, organizada pelo ISR – Instituto de Sistemas e Robótica, no âmbito do programa Ciência Viva no Laboratório – Ocupação Científica de Jovens nas Férias.
O objetivo desta atividade, que teve algumas alterações face a edições anteriores, é familiarizar os participantes com “vários aspetos ligados à Ciência e à Tecnologia”, como controlo, comunicações, Física, Matemática, programação, energia e autonomia, através da construção de um robô. A meio da semana, Pedro Roque, um dos monitores, garantia que os jovens estavam “bastante motivados e à procura de soluções por si mesmos”.
“Esta é uma forma excelente de garantir algumas bases de programação e robótica”, referiu o aluno de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. “Aqui têm a oportunidade de aprender muito mais do que o que fazem na escola, e de uma forma diferente.”
Durante uma semana, os 16 participantes receberam toda a formação necessária para, no final, montar e programar um robô, a partir de um kit, que segue uma pista e identifica “vítimas” pintadas sobre ela, recuperando de quaisquer interrupções nas linhas. O último dia foi dedicado à competição entre os robôs construídos, seguindo as regras do RoboCupJunior Search and Rescue.
Pela primeira vez, este ano, os robôs tiveram como base a plataforma Gyro, da Artica, sobre a qual foi montada uma placa de circuito impresso com sensores soldada pelos alunos; a programação foi feita na linguagem de blocos Visualino. Guilherme Martins, da Artica, esteve a dar apoio aos participantes durante toda a semana. “Este tipo de atividades depende sempre muito dos participantes, e penso que temos tido muita sorte. A turma é muito interessada, e está a ser muito gratificante. Neste momento eles já estão num paradigma de robótica médio, não estão numa fase inicial, e estão a portar-se muito bem.”
Para já, o Gyro ainda está em fase de protótipo, e essa também foi uma das razões para a Artica se aliar ao projeto: “Aqui podemos ter feedback e perceber como potenciais clientes reagem ao nosso produto”, explica Guilherme Martins. “O nosso objetivo é ter, em breve, estas plataformas nas prateleiras e permitir que todos possam construir um destes robôs em casa.”
Susana e Margarida, ambas de 17 anos, são duas das participantes da edição deste ano, e ambas estão “muito interessadas” em tecnologias e programação. Apesar de a robótica não ser exatamente aquilo que querem seguir, as duas consideram que a experiência está a ser muito boa. “Venho sempre passar as férias a Lisboa, e como gosto de novas tecnologias e programação, e este programa me pareceu semelhante, decidi vir experimentar”, afirma Susana, que habita em Bruxelas. “Na verdade não é bem o mesmo, mas estou a gostar muito e é interessante.”
A mesma opinião tem Margarida. “Já sabia destes cursos da Ciência Viva, e decidi experimentar para saber se a programação era mesmo o que queria. Para já, percebi que o que gosto mesmo é de programação pura, sem robôs, mas também estou a achar muito interessante.”
No final da semana, o ambiente de excitação ocupa a sala onde a atividade decorre. Dentro de momentos, começará a competição, e estão a ser dados os últimos retoques: para alguns, isso implica fazer com que o robô chegue ao final da pista, de uma forma ou de outra (“Não é bem batota se não seguirmos a linha… o que queremos é chegar ao final”, dizem); para outros, o problema é a falta de energia. Pior ficam os participantes que queimaram o circuito e não conseguem ter um robô que funcione: “Foi uma chatice, fizemos mal as ligações e a placa queimou”.
O momento aproxima-se e a tensão aumenta. Num tom nervoso, um dos participantes vangloria-se: “Não sei como tive esta ideia de andar para trás quando o robô está perdido, mas foi excelente. Uma inspiração divina”. Acaba por não servir de muito no final, mas o que interessa é a intenção. No final da tarde, os rostos parecem satisfeitos com o trabalho de uma semana: como lembrança, além de todo o conhecimento adquirido – muitos chegaram sem quaisquer noções de robótica ou programação – vão ainda levar para casa a placa que soldaram, e que pode agora, por exemplo, servir de telecomando para a televisão.