Henrique Navas, um dos novos alunos do Técnico, é o dono de uma das medalhas de ouro que saíram das Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática (OIAM) e que decorreram a semana passada, na cidade de Puerto Iguazú, na Argentina. Além de um hobby, a matemática será nos próximos tempos também o centro do seu percurso académico, visto que acabou também por escolher a Licenciatura em Matemática Aplicada e Computação.
A paixão pela área despertou muito cedo em Henrique. “Tenho memórias de tentar perceber algumas coisas ainda antes de entrar para o primeiro ano”. Foi depois descobrindo que era possível gostar ainda mais à medida que o seu conhecimento evoluía “e agora olho para ela de uma forma consideravelmente diferente, embora a continue a adorar”, afirma o aluno do Técnico. Nem sempre gostou de tudo o que aprendeu como recorda: “durante o ensino obrigatório, pouca coisa da matemática ensinada me fascinou, mas há resultados incríveis em matemática dos quais pouco se fala”.Nessas alturas foi a curiosidade e o que ia descobrindo em alguns canais de youtube como o Numberphile que lhe iam alimentando o fascínio pela matemática. “Pessoalmente, acho que há muitas formas de encontrar meios de diversão na matemática, embora algumas pessoas possam discordar.”
Sempre gostou de resolver problemas e tem noção que a maior parte das pessoas gosta de quebra-cabeças, e, portanto, não lhe parece assim tão surreal o facto de achar a matemática divertida. “Estes problemas de olimpíadas são de certa forma quebra-cabeças, só que muito difíceis”, frisa Henrique. A matemática tem alguns resultados incríveis e acha que se mais pessoas tivessem essa consciência haveria mais apaixonados como ele.
Além da sorte que não descarta, e do talento que não nega, nesta sua vitória foi crucial o imenso treino que levou a cabo. “Embora o talento seja importante, acredito que tenha sido principalmente o trabalho que me distinguiu de outras pessoas com enorme talento”, revela. Entre Álgebra, Combinatória, Geometria e Teoria de Números, os participantes das olimpíadas têm que resolver 6 problemas, que acabam por ser tudo menos “óbvios” como explica Henrique. “É preciso pensar sobre que as técnicas que conseguimos usar, rabiscar e tentar ideias novas e muitas vezes as nossas tentativas saem sem sucesso”, realça o aluno do LMAC.
Durante a competição, Henrique teve que aprender a subtrair a ansiedade e a multiplicar a persistência. “Embora o primeiro dia de prova me tenha corrido muito bem, o segundo não correu tanto”, lembra. Apesar de da sua ótima pontuação, o aluno do Técnico tinha noção das qualidades e pontuações dos restantes concorrentes. “Apercebi-me a certa altura que a minha medalha dependeria de uma decisão do Júri (nomeadamente, de quantas medalhas de Ouro iam dar)”, narra Henrique Navas. Quando teve a certeza que seria um dos comtemplados foi invadido por um rasgo de “felicidade e alívio”.
Sabe que esta sua apetência para a matemática lhe vai ser bastante útil no presente e no futuro. “Embora os problemas das olimpíadas sejam diferentes daquilo que vou fazer a partir de agora, a experiência adquirida e o aumento do meu raciocínio serão certamente úteis”, sublinha.