Manter o silêncio ou a distância dos tubos de ensaio revela-se uma tarefa árdua por estes dias nos Laboratórios Abertos do Departamento de Engenharia Química – uma iniciativa que convida alunos do ensino básico e secundário a conhecer o mundo da química laboratorial. O entusiasmo é gigantesco e a vontade de perceber cada detalhe não fica atrás. “Mas como é que isto é possível” questionava Leonor, uma das alunas do ensino básico que participou no segundo dia da iniciativa, 4 de fevereiro, ao assistir ao efeito do nitrogénio liquido num balão cheio de água. A expressão facial de Leonor mescla admiração e fascínio, e é comum a muitos dos seus colegas de escola. Entre uma e outra atividade, de um lote variado de experiências preparadas pela organização, pouco muda, e há até quem se recuse a ir embora sem testar de novo “a magia da química”.
Naqueles que primeiros dois dias da iniciativa este ano, os estudantes do ensino básico tiveram oportunidade de aprender a fazer gelado com azoto líquido, descobrir quais os componentes de uma fralda, fazer pasta de dentes, entender como é que o índigo ajuda a dar cor às calças de ganga, ou até fazer uma bomba de ursinhos. Os óculos de proteção ajudam a encarnar no espírito de cientista, e o dinamismo das experiências faz o resto do encantamento. Há uma mensagem e uma paixão por detrás de cada experiência e os monitores da iniciativa fazem questão que a mesma não passe em branco. As cores vibrantes, os efeitos de fumo e a componente prática das experiências ajuda a reter as atenções e a despertar mais perguntas.
“Pode-me dizer que o Frankenstein existiu mesmo?” questiona João, outro dos participantes do ensino básico, provocando um sorriso no mentor. A pergunta de João pode muito bem ter sido o resultado do ambiente divertido criado numa das experiências, que em tudo se assimilava a uma espécie de caldeirão das bruxas com bolas de sabão à mistura. A formação de nuvens frias causadas pelo azoto líquido lançado no chão é a apoteose final de um circuito que torna claro o quão divertido e impactante pode ser o trabalho na área da química. João acha que por aqui encontrará todas as respostas, porque descobriu “o segredo” de tantas coisas.
No final, e acompanhando toda a vontade de estender a experiência por mais umas horas, questionámos alguns dos pequenos participantes sobre a possibilidade de voltarem ao Técnico, e formarem-se como engenheiros daqui a uns anos. João revela-se tão ardiloso a responder como a questionar, e responde prontamente: “se todos os dias forem tão divertidos como este”. Antes de ir embora, faz questão de pedir um crachá para levar como recordação de um dia que só consegue definir como “surpreendente”.
Ao longo de toda a semana os Laboratórios Abertos trarão ao Técnico mais de 1400 alunos de várias idades. As atividades são ajustadas aos conhecimentos dos participantes, mas o objetivo é sempre o mesmo: despertar o gosto pela química. Para os alunos do 2.º, 3.º ciclo, além das atividades de laboratório, a organização disponibiliza ainda um conjunto diverso de palestras.