Os 5 anos em que João Araújo frequentou o curso de Engenharia Mecânica foram marcados pelo mérito académico, e foi isso mesmo que o distinguiu dos restantes alunos que concluíram no ano letivo 2020/2021 o Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, permitindo-lhe conquistar a última edição do “Prémio Apetro”. Volvidos alguns meses após a entrega do galardão, que teve lugar em setembro de 2021, a satisfação continua a dominar o estado de espírito de João Araújo. “É uma grande alegria ver reconhecido o trabalho de 5 anos. Aliás, essa foi uma das primeiras lições que recebi no Técnico: aqui o trabalho é reconhecido e recompensado”, afirma o alumnus.
Para o antigo aluno Técnico, “é muito encorajador ver empresas a investir nos alunos, uma vez que é um sinal de que acreditam em nós, e na qualidade do Técnico enquanto escola”. “E é importante ver as empresas e as universidades a cooperarem, a colaborarem, a melhorar-se mutuamente, e a recompensar o mérito”, acrescenta.
Para receber este prémio, João Araújo teve que se destacar por entre dezenas de alunos, superando a exigência e a carga de trabalhos inerentes ao mesmo, o que não é com certeza tarefa fácil, ainda que pareça pelo seu discurso. Perante a pergunta que é quase um lugar-comum nestes casos – “se haverá um truque secreto para esta excelência?”- o alumnus responde com subtileza e humor: “Se perguntar ao meu pai, vai dizer que foi herdar a inteligência da minha mãe – doutorada no Técnico; a minha avó, vai dizer que foram os almoços que me dava – vivem em frente ao Técnico; os meus professores vão dizer que o segredo é gostar de aprender”, afirma, com um sorriso, João Araújo. “Se perguntar a um sociólogo vai dizer que eu beneficiei de um ambiente excecional: pais doutorados, muitos professores universitários em ambas as famílias, andei no Colégio Planalto onde aprendi álgebra abstrata e cálculo integral, de forma que no primeiro ano no Técnico, enquanto os meus colegas estavam a ver essas coisas pela primeira vez, eu estava apenas a rever matéria”, adiciona antigo aluno.
Na verdade, para João Araújo, a resposta mais ajustada está diretamente relacionada com a capacidade de trabalhar diariamente: “estar sempre 100% atento nas aulas, começar a estudar e a fazer os trabalhos o mais rapidamente possível, e estudar as matérias em várias fontes diferentes foram hábitos que sempre compensaram”. “Um truque que descobri para aproveitar ao máximo uma aula era ler o capítulo correspondente no manual da cadeira antes da aula. Muitas vezes não compreendia nada do que lia no manual, mas em todas essas vezes a explicação do professor durante a aula era suficiente para tudo fazer sentido, quase magicamente. Outro hábito importante era dormir o suficiente. E, finalmente, trabalhar muito”, revela o jovem doutorando da Universidade de Stanford, salientando que “só nos filmes há bons alunos sem trabalho”.
Outro aspeto importante para o sucesso, na ótica do alumnus, é a atitude. “Ao longo do meu percurso no Técnico, encontrei sempre dois tipos de alunos: o aluno derrotista e o aluno ciente da grande oportunidade que é ter uma educação universitária e do investimento que já foi e que está a ser feito nele”, destaca. Claramente, João Araújo optou por não ser o derrotista, aproveitando tudo o que a Escola tinha para lhe oferecer.
O fascínio do jovem por aprender esteve sempre lá, como, aliás o revelava o desabafo da professora primária na primeira reunião com os pais de João Araújo quando este tinha 5 anos: “O que admiro no João é que tudo o maravilha”. Os anos não mudariam nada, como se percebeu na declaração do professor Miguel Ayala Botto, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM), na cerimónia de atribuição do prémio. “Eu sabia que a aula me estava a correr bem quando olhava para o João e via o fascínio a brilhar nos seus olhos”. Quando rumou a Stanford, João ouviria o mesmo da sua orientadora: “You are a genuine learner, something very rare” [“Tu és um genuíno aprendiz, algo muito raro”].
Depois de completar o mestrado no Técnico, João Araújo rumou a Stanford para fazer o doutoramento em Computer Science. O balanço até agora é feito de algumas diferenças: “o método de ensino em Stanford é radicalmente diferente do Técnico, apesar dos conteúdos das cadeiras serem praticamente iguais”, refere o antigo aluno. “Aqui aposta-se muito mais na avaliação contínua, tendo os alunos de entregar todas as semanas trabalhos feitos em casa para avaliação. Regra geral, estes trabalhos são difíceis e requerem bastante esforço, mas os alunos são encorajados a colaborar em pequenos grupos de estudo, e nos horários de dúvidas há sempre professores assistentes (alunos de mestrado e doutoramento) a postos para dar sugestões e desbloquear”, complementa.
Ainda assim, o alumnus do Técnico revela que a grande diferença entre o Técnico e Stanford, assim como também outras universidades como Berkeley, CMU, MIT, Cornell, reside no facto de “que nestas se pode começar a investigar com um professor logo no 1.º ano da licenciatura”. “Esse trabalho de investigação conta como créditos, e, portanto, os alunos podem matricular-se em menos cadeiras para se focar a fundo na investigação. Assim, quando chegam ao doutoramento, já têm a maturidade, o conhecimento e as publicações que se esperaria de um aluno no final do doutoramento”, explica.
Por uma série de coincidências, João Araújo teve várias oportunidades de fazer investigação durante o seu percurso no Técnico, e não deixa passar em falso a oportunidade de agradecer por isso à Fundação Calouste Gulbenkian, e aos Professores Pedro Lopes, Paulo Mateus, Manuel Lopes, e Carlos Guedes Soares. “Julgo que sem isso não teria conseguido entrar em Stanford. Eles têm tantos candidatos tão bons e com tantos artigos que ser muito bom no Técnico, Imperial College, ou Delft não chega. Apesar disso, tenho conseguido responder aos sucessivos desafios que me vão sendo colocados”, afirma. E quando é confrontado com “uma montanha que parece intransponível”, o jovem doutorando costuma mesmo pensar: “Calma! Quem fez o Técnico, faz isto!”
Instituído em 2019 pelo DEM, em colaboração com a Coordenação do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica (MEMec), e com o patrocínio da Apetro, este prémio procura fomentar, incentivar e valorizar a excelência de futuros profissionais graduados pelo Técnico, na área da Engenharia Mecânica, distinguindo o aluno que de entre os que concluam o Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, se distinga pelo seu mérito académico e desempenho ao longo do seu percurso no IST.
O prémio tem um valor pecuniário associado de 5.000 euros anuais, sendo 2.500 euros entregues ao aluno vencedor, revertendo a outra metade deste valor para a melhoria da qualidade de ensino. A quantia deverá ser utilizada para a aquisição de equipamentos, ou para o desenvolvimento de projetos no âmbito da melhoria da Eficiência Energética ou da Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa/Partículas, resultantes da utilização de Equipamentos Mecânicos.