Além de reconhecer o registo sustentado de contribuições na área de conceção assistida por computador, o Sasada Prize distingue a capacidade demonstrada por um investigador no acompanhamento de outros elementos da comunidade científica. As nomeações surgem de todo o mundo e, neste ano de 2021 a Association for Computer-Aided Architectural Design Research in Asia (CAADRIA) que atribui o galardão, recebeu um conjunto rico de candidaturas. “Pelo contributo contínuo na área e para a comunidade no cumprimento do espírito de missão CAADRIA, por apoiar e inspirar jovens investigadores” o professor António Menezes Leitão, docente do Departamento de Engenharia informática (DEI) e investigador do INESC-ID, foi o contemplado com o galardão, instituído em memória do professor Tsuyoshi Sasada, antigo docente da Universidade de Osaka, cofundador e Fellow do CAADRIA.
O docente do Técnico assume que se sente honrado com esta distinção e explica porquê: “primeiro, porque o prémio é uma homenagem a Tsuyoshi Sasada, um extraordinário professor e investigador. Depois, porque o prémio simboliza o apreço que a comunidade que ele ajudou a fundar tem pelo nosso trabalho. Finalmente, porque nos premiados anteriores estão alguns dos arquitetos que me inspiraram a investigar nesta área, em especial, Mark Burry, que tem colaborado no Templo da Sagrada Família, de Gaudi”.
Tal como foi referido no anúncio da atribuição do galardão, no decorrer da conferência anual da CAADRIA, entre 29 de março e 1 de abril, o comité responsável pelo Sasada Prize “ficou impressionado com o foco da investigação do docente, com a qualidade das suas contribuições e, em particular, com o número significativo de estudantes que tem apoiado a participar amplamente em conferências, à medida que estes se estabelecem na comunidade de investigação”. O comité ouviu alguns destes estudantes que o descreveram como “um professor empenhado, muito procurado e um mentor valioso”.
O docente do Técnico considera, que por entre este conjunto de fatores que levaram à distinção, “o grupo de investigação que conseguimos criar teve efetivamente, um grande peso”. “É óbvio que um grupo em que a grande maioria dos seus membros não segue para doutoramento acaba por ter uma grande rotatividade, mas, apesar disso, há um constante esforço de integração de novos membros que tem permitido manter uma investigação de nível elevado”, justifica o docente, confessando o orgulho que sente em relação aos resultados alcançados pelos seus alunos. “Sem eles, nada disto teria sido possível”, acrescenta.
O gosto de ensinar e de aprender com os seus alunos
Quando questionado sobre o segredo para conseguir motivar o interesse de tantos estudantes o docente revela que “não há grande segredo”. “Por um lado, acredito que esta área de investigação, pelo seu potencial transformativo e pelos desafios que coloca, é, por si só, uma excelente motivação”, salienta. Apesar de nas suas aulas o professor António Menezes Leitão tenta explicar isso mesmo, o docente do Técnico está convencido de que os seus alunos se apercebem disso sozinhos. “Por outro lado, os alunos que trabalham comigo sabem que vão ter obstáculos complicados pela frente, mas que tentarei ajudar a vencer esses obstáculos. Por fim, penso que os resultados que os meus alunos têm obtido nas suas teses de mestrado, quer em termos de publicações científicas, quer na nota final, acaba também por ser motivador para os seus colegas”, acrescenta.
O trabalho de investigação do professor António Menezes Leitão está relacionado com o desenvolvimento de teorias, técnicas e ferramentas que apoiam arquitetos e engenheiros na exploração de abordagens algorítmicas. Começou a trabalhar nesta área há pouco mais de dez anos, no seguimento de um convite para lecionar uma disciplina de Programação ao terceiro ano do mestrado integrado de Arquitetura. “Para ser mais fácil de digerir, eu queria explicar a matéria usando exemplos de aplicação em Arquitetura e isso levou-me a explorar a combinação entre a Computação e a Arquitetura. Acabei por descobrir uma área interessantíssima e tive a sorte de ter tido vários alunos que também acharam o mesmo”, recorda.
No final desse mesmo semestre, o docente convidaria esses alunos para trabalharem consigo de modo extracurricular e, à medida que o tempo foi passando, o grupo foi crescendo. “Também tive a sorte de ter encontrado professores de Arquitetura que gostaram do trabalho que estava a fazer com esses alunos e isso também me deu confiança para prosseguir”, realça. “Por outro lado, também tenho uma excelente relação com os meus alunos de Eng. Informática e tenho conseguido desafiar alguns deles a investigarem problemas na área da Computação em Arquitetura. Esta colaboração entre alunos de Engenharia Informática, de Arquitetura e, mais recentemente, de Engenharia Civil, tem sido muito frutuosa e é motivo de orgulho para todos os membros do grupo”, vinca, em seguida, o investigador do INESC-ID.
O docente do DEI só se apercebeu da vontade de ser professor, quando foi invadido pela vontade de voltar a investigar e regressou ao Técnico para fazer o doutoramento. “Confesso que gosto de ensinar, mas também gosto de aprender e tive a sorte de ter muito bons professores, mas também muito bons alunos com quem tenho aprendido imenso”, vinca. O professor António Menezes Leitão salienta que “a capacidade para envolver os alunos não é inata”, confidenciando que esta lhe foi transmitida pelo professor Pavão Martins “que há muitos anos me convidou, juntamente com outros colegas, a ir trabalhar com ele na área da Inteligência Artificial, estava eu ainda no meu primeiro ano da licenciatura”, lembra. “Hoje, ao olhar para trás, não posso deixar de reconhecer o quanto esse convite acabou por influenciar a minha vida. A melhor forma que encontrei para lhe agradecer tem sido fazer com os outros o que ele fez comigo”, partilha.