A professora Fátima Guedes da Silva, docente do Departamento de Engenharia Química (DEQ) e investigadora do Centro de Química Estrutural (CQE), foi recentemente eleita fellow da Academia Europeia das Ciências (EurASc, na sigla inglesa). A docente do Técnico não esconde a alegria e honra que esta distinção lhe suscita “por resultar de uma avaliação por pares de uma instituição internacional de reconhecido prestígio”. A investigadora do CQE desconhecia “totalmente o que se desenhava” e por isso acabaria também por ser “agradavelmente surpreendida” com a receção da notícia.
A professora Fátima Guedes da Silva junta-se assim ao professor Armando Pombeiro, também docente do DEQ e investigador do CQE, e ao professor Luís Oliveira e Silva, docente do Departamento de Física (DF) e investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), eleitos em 2019. A investigadora do CQE é, no entanto, a primeira mulher da comunidade da Universidade de Lisboa (ULisboa) a receber este prestigiante título, algo que lhe multiplica o orgulho, como a própria partilha: “em geral o trabalho das mulheres é menos reconhecido e em termos de distinções o número de mulheres agraciadas, na generalidade, é mais reduzido do que o dos homens, exceto quando dirigidas especificamente a elas”. “É gratificante ver que a EURASC não é uma instituição fechada nesse sentido. Acresce ainda o facto de o reconhecimento ser dirigido a uma mulher desta Universidade e do Instituto Superior Técnico, instituições onde me orgulho de desenvolver as minhas atividades”, completamente.
A eleição como fellow da EurASc tem por base o mérito científico e é um processo completamente independente de qualquer outra entidade. O processo inicia-se com uma proposta feita pelo Comité Científico das Divisões da Academia, sujeita, posteriormente, à aprovação do “General Board” – composto pelos membros do Presidium e pelos coordenadores das Divisões.
A docente do Técnico considera que na origem desta prestigiante distinção “além da relevância, atualidade e diversidade dos temas” em que trabalha, podem ter sido apreciadas as suas “colaborações internacionais designadamente com a França, Rússia, Itália, Finlândia e Índia, entre outros países e, obviamente, as publicações científicas (artigos em revistas, contribuições em livros, patentes, etc.), assim como a sua originalidade e o interesse que elas geraram na comunidade científica”. “A edição de livros internacionais e a organização de relevantes conferências internacionais possivelmente também pesaram na eleição”, acrescenta.
A Academia Europeia das Ciências tem como missão reconhecer e eleger como membros os melhores cientistas europeus com uma visão para a Europa como um todo, procurando o desenvolvimento da ciência e cooperação científica europeia. A associação internacional, composta por distintos académicos, procura ainda aproveitar a experiência dos seus membros para aconselhar outros organismos europeus ao nível da melhoria da investigação europeia, da aplicação tecnológica e do desenvolvimento social.
A professora Fátima Guedes da Silva irá integrar a Divisão da Química da EurASc, algo que à partida a levará a estar envolvida em “iniciativas onde esta Ciência contribua para a sustentabilidade e bem-estar na prossecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, designadamente os referentes às diretrizes 4 (Educação de Qualidade) e 12 (Produção e Consumo Responsáveis). “Por exemplo, em temas que envolvam a melhor utilização, por via química, do dióxido de carbono e de matérias-primas de natureza fóssil, que também têm elevado impacto na preservação do ambiente e até do clima”, evidencia.
Doutorada em Engenharia Química, em 1993, no Instituto Superior Técnico, a professora Fátima Guedes da Silva é desde 2014 professora associada do DEQ. NO CQE é cocoordenadora do Grupo Coordenação Química e Catálise. Os seus principais interesses de investigação incluem: determinação estrutural, por análise por difração de raios-X, de complexos metálicos e compostos orgânicos, conjuntos polinucleares metálicos e estruturas supramoleculares; ativação, por centros metálicos de transição, de pequenas moléculas com significado biológico, farmacológico, ambiental ou industrial; síntese e catálise mediada por metais; eletroquímica molecular e eletrocatálise; investigação mecanicista de reações rápidas principalmente por simulação digital de voltametria cíclica. É coautora de mais de 350 publicações e de 13 patentes.
Em 2014, a docente do Técnico foi distinguida com o “Prémio Sociedade Portuguesa de Eletroquímica” em reconhecimento da excelência da sua investigação em Eletroquímica e da relevância das suas atividades para o desenvolvimento da Sociedade Portuguesa de Eletroquímica. EM 2017, seria também galardoada com o Prémio Científico Universidade de Lisboa / Caixa Geral de Depósitos. A estas distinções, junta-se agora o mérito de integrar o lote restrito de Fellows da Academia Europeia das Ciências onde encontramos apenas 10 cientistas portugueses.