A professora Isabel Sá Correia, docente do Departamento de Bioengenharia (DBE) e investigadora do Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB) foi, no passado dia 26 de novembro, distinguida com o Prémio Professor Nicolau Van Uden, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Microbiologia (SPM).
A docente do Técnico confidencia que “não poderia estar mais feliz e honrada” com este prémio de carreira, sublinhando que esta “é a maior distinção nacional na área da Microbiologia”.
O galardão foi instituído em 2011 pela direção da Sociedade Portuguesa de Microbiologia e a professora Isabel Sá Correia lembra-se bem desta decisão, não tivesse esta sido tomada no decorrer do seu 1.º mandato enquanto presidente da SPM. “Este prémio foi concebido para ser também uma homenagem ao Professor Nicolau van Uden, a ser atribuído de dois em dois anos, durante o Congresso Nacional da Sociedade, a um microbiólogo de renome internacional e nacional, com um historial notável de atividade de investigação, orientação de outros investigadores, e cujo trabalho tenha tido elevado impacto no desenvolvimento da microbiologia em Portugal”, recorda.
Assinala-se, este ano, o centenário do nascimento do professor Nicolau Van Uden o que para a professora Isabel Sá Correia torna esta distinção ainda mais especial, dada a ligação que a une ao icónico investigador. “Ele foi diretor do Laboratório de Microbiologia do Instituto Gulbenkian de Ciência e meu orientador de tese de doutoramento, tendo influenciado profundamente a comunidade académica e científica portuguesa nas áreas da Microbiologia, Ciências da Vida e Biotecnologia em geral”, declara.
Enquanto líder da SPM, ao longo de 10 anos, a docente do Técnico teve, como relembra, “o prazer de atribuir, em nome da SPM, essa distinção a 5 colegas que, em diferentes áreas científicas e instituições, cumpriam perfeitamente essas condições”. Volvida uma década, e já tendo cessado funções, é a vez da docente do Técnico ser distinguida. “É para mim um privilégio ter recebido o prémio”, reitera, não negando que o exercício de funções como presidente da SPM e as inúmeras iniciativas desenvolvidas nos vários mandatos, possam ter contribuído também para a atribuição do prémio.
A professora Isabel Sá Correia licenciou-se em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico, em 1975, tendo posteriormente orientado a sua formação e atividade científica para a área de Ciências Biológicas. Depois de uma pós-graduação em Engenharia Biológica (Biologia Molecular) pela Universidade Nova de Lisboa em colaboração com os Estudos Avançados do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) (1980), doutorou-se (1984), como Fulbright Scholar, realizou estudos de pós-doutoramento na Universidade de Illinois em Chicago, Medical Center, Chicago (1985/1986) e obteve a agregação (1992) pelo Técnico em Engenharia Química (Biotecnologia/Ciências Biológicas).
Começou a sua carreira académica em 1975, como professora assistente do Técnico, tendo-se doutorado e passado a professora auxiliar em 1984. Em menos de 10 anos tomaria posse como professora catedrática do Departamento de Engenharia Química (DEQ).
Iniciou no Técnico e coordena a área científica de Ciências Biológicas. Além de membro da direção do iBB, é coordenadora do grupo de Ciências Biológicas do iBB e do DBE e coordenadora do Programa de Doutoramento em Biotecnologia e Biociências. Acumula ainda as funções de membro do Conselho Geral da Universidade de Lisboa e da Assembleia de Escola do Técnico.
Tem presentemente um h-index 49 (Web of Science) e um Google Scholar h-index de 66, integrando as listas dos cientistas mais citados a nível mundial (Stanford University, 2020, 2021). É coautora de mais de 300 artigos, editora de 2 livros internacionais e de 3 números especiais para revistas internacionais, 2 livros de resumos de conferências, 26 capítulos de livros e 2 patentes.
Ao longo da sua carreira, a docente inspirou e foi mentora de centenas de graduados do Técnico, orientando 30 teses de doutoramento e 64 dissertações de mestrado, muitos dos quais prosseguiram carreiras independentes em diversas escolas da Universidade portuguesa e em institutos de investigação nacionais e estrangeiros.
Coordenou a componente de Biologia Molecular da base de dados pública YEASTRACT/YEASTRACT+, uma ferramenta de bioinformática muito popular para a análise de regulação genética e genómica em leveduras. Publicou sequências de genomas de diversos microrganismos.
A investigadora do iBB foi membro do conselho da Federation of the European Microbiology Societies (FEMS), vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Biotecnologia (1993-2003), da qual é membro honorário, e diretora do Boletim de Biotecnologia (1993-2011). Foi em 2017, uma das fundadoras do Dia Internacional do Microrganismo, em Portugal. Esta iniciativa tem por objetivo sensibilizar a sociedade para a importância dos microrganismos e do seu papel na saúde, no ambiente e na qualidade de vida de todos. Promoveu a internacionalização do Dia que hoje é comemorado em tudo o mundo.
É membro dos corpos editoriais das revistas FEMS Yeast Research, Microbial Cell e OMICS: Journal Integrative Biology. Realizou avaliações para diversas agências financiadoras internacionais, entre elas de bolsas avançadas do Conselho Europeu de Investigação.
Pertenceu, entre 1997 e 2006, ao corpo editorial da revista da Sociedade Americana de Microbiologia, Applied and Environmental Microbiology.
Este galardão, junta-se ao vasto leque de distinções que foi recebendo ao longo da sua intensa e profícua carreira, nomeadamente o Prémio Estímulo à Excelência (2004), Prémio Científico (Bioquímica) Universidade Técnica de Lisboa/Santander Totta (2009). Foi em 2015, eleita membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Em 2018, em reconhecimento do seu contributo excecional para o dinamismo do Instituto Superior Técnico, foi atribuído à professora Isabel Sá Correia o título de “Professora Distinta do Instituto Superior Técnico”.