O alumnus do Técnico, Lino Dias, viu o seu projeto Better Life Farming (BLF) – Bayer’s multi-stakeholder global model ser premiado pela United Nations Economic Cooperation and Integrations (UNECE), no decorrer da 5.ª edição do Fórum Internacional de Parcerias Público-Privadas (PPP’s) . Ainda que o louvor já tenha sido atribuído há alguns meses, nunca é tarde para conhecer de perto um projeto repleto de potencial que já está a fazer a diferença junto dos pequenos agricultores de economias em desenvolvimento.
O BLF é um modelo de parceria global multistakeholder da Bayer que contribui para alguns dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, permitindo a inclusão de comunidades rurais menos desenvolvidas em cadeias de valor da produção agrícola sustentável. “A tese que rodeia o modelo de Better Life Farming é, na verdade, muito simples. Se se conseguir dar resposta simultânea e concertada aos problemas dos produtores rurais, não só se conseguem criar negócios sustentáveis, como dinamizar toda a comunidade rural”, começa por explicar Lino Dias, vice-presidente da Bayer para a área da agricultura de pequena escala.
O modelo começa por demonstrar para cada região onde se instala que o conjunto dos seus parceiros consegue aumentar simultaneamente a produtividade agrícola e o rendimento dos produtores – condição fundamental de sucesso para dar início à implementação do modelo. “Depois disso, através da criação dos BLF Centers, normalmente propriedade de agro-empreendedores nossos parceiros – normalmente recém-graduados – passa a existir um ponto de referência para toda a comunidade”, refere Lino Dias. Nestes centros, além do acesso a sementes, fertilizantes, produtos fitofarmacêuticos, equipamento de irrigação, serviços, crédito e alcance aos mercados, a comunidade pode aceder também a formação em melhores práticas agrícolas, noções básicas de negócio, etc.
De acordo com o antigo aluno do Técnico, “cada um dos centros BLF pode servir mais de 500 pequenos produtores”, sendo a promoção do papel da mulher, quer ao nível dos produtores, quer ao nível dos agro-empreendedores, uma área muito importante do projeto. “Recentemente iniciámos a experimentação de uma área nova: trazer formação em planeamento familiar e noções elementares de medicação e nutrição. Não temos ainda resultados finais, mas os primeiros indicadores revelam uma boa aceitação das comunidades”, adianta o vice-presidente da Bayer.
O modelo está neste momento a ser aplicado na Índia, na Indonésia e no Bangladesh, com mais de 900 BLF Centros operacionais, prevendo-se atingir os 1000 até ao final do ano. “Temos tido nestes países um enorme interesse e apoio dos respetivos governos, em especial dos ministérios da agricultura, mas não só. Logo no início da pandemia, os BLF Centers adotaram de imediato medidas de prevenção, higiene e formação, para além de terem sido os locais escolhidos para ações de distribuição gratuita de alguns insumos para agricultores mais necessitados”, sublinha Lino Dias. “Conseguimos também que diversos parceiros assegurassem a compra e o transporte da produção agrícola em tempos de imensas restrições na movimentação de mercadorias. Isto foi muito bem-recebido pelas comunidades e pelos governos”, adiciona.
Um projeto em sintonia com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas
Com este concurso, a UNECE pretendeu encontrar e reconhecer os projetos mais resilientes, que além de envolverem parcerias público-privadas em todo o mundo, colocassem as pessoas no centro das suas operações e demonstrassem capacidade para ajudar as comunidades a manterem-se, reconstruirem-se e avançarem no contexto pós-pandémico. O BLF foi um dos 6 projetos distinguidos de entre 66 candidaturas de 25 países tendo-se destacado por proporcionar soluções holísticas e inovadoras para os pequenos agricultores de economias em desenvolvimento, apoiando a melhoria dos meios de subsistência nas comunidades rurais.
“A UNECE desenvolveu uma metodologia muito interessante, que permite diagnosticar os projetos ao longo das diferentes dimensões de impacto, presentes e futuras, em sintonia com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas”, destaca Lino Dias. Nesta medida, o antigo aluno do Técnico considera esta distinção “uma validação do potencial do projeto que esperamos também estender a países africanos e latino-americanos muito em breve”. “O reconhecimento de que o setor privado desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sustentável é também uma leitura muito importante desta distinção”, complementa o antigo aluno.
Muitas vezes não temos uma real noção desta dimensão e de como este trabalho e suporte é relevante para o nosso futuro, mas o antigo aluno do Técnico faz questão de o evidenciar, lembrando que “no nosso planeta são esperados mais de dois mil milhões de novos habitantes até 2050”. “Estima-se que será necessário aumentar a produção agrícola em mais de 50% dos valores atuais, mas não podendo continuar-se a diminuir a área florestal do planeta. É, em particular, nos países de baixo e médio rendimento, localizados na Ásia, em África e na América Latina onde o défice de produtividade agrícola é maior”, sublinha, ainda. Ora, nestes países, onde se prevê que também aconteça o maior aumento populacional até 2050, a agricultura é dominada por pequenos agricultores, responsáveis por alimentar mais do que metade da sua população. “Portanto, encontrar modelos que funcionem de forma sustentável em cadeias de produção agrícola baseadas em pequenos produtores tem sido objetivo de pesquisa – sobretudo de experimentação – nas duas últimas décadas”, salienta. E é exatamente esta resposta que o BLF dá e continuará a dar.
Vinte anos de Bayer repletos de sucesso a usar a “caixa de ferramentas” com a marca do Técnico
Passaram 20 anos, desde que o antigo aluno se juntou à Bayer, onde entrou pela porta da Investigação & Desenvolvimento( I&D) na área de Termodinâmica e Previsão de Propriedades, em Leverkusen. “Foi uma fase em que me dei conta do excelente nível científico proporcionado pelo Técnico, pois não senti qualquer dificuldade de adaptação – para além da língua – e comecei rapidamente a liderar projetos de investigação”, recorda Lino Dias.
Da investigação o antigo aluno passaria diretamente para a área de Logística, mais propriamente Supply Chain, onde Lino Dias confessa “o conhecimento de otimização de processos se aplica na perfeição”. O antigo aluno lembra que esta promoção de talentos para “áreas diferentes daquela onde trabalham, criando-se assim interfaces entre áreas diferentes, e potenciando-se a inovação é comum em muitas empresas”, e por isso não tardaria a embarcar em novas aventuras. “Passei pelas áreas de Comunicação e Change Management, fui gestor de projetos – nas áreas de gestão de Crédito, Distribuição, IT, Marketing, Organização, trabalhei na área de Estratégia da empresa e fui ainda assessor do presidente, antes da posição atual”, enumera.
Em todas estas áreas em que trabalhou, Lino Dias realça ter usado sempre a mesma “caixa de ferramentas”. “Evidentemente que muitas dessas ferramentas se foram atualizando e que fui também adquirindo novas, mas se olhar para o fundo dessa caixa vê-se escrito ‘made in Técnico’”, declara o alumnus.