Nunca o caos se tornou tão desafiador e revelou tão criativo, e é fácil percecionar isso mesmo ao vislumbrar as reações de quem entra no Pavilhão Central. O olhar de soslaio rapidamente se torna num passo em frente para conhecer a criativa exposição que, sem dúvida alguma, marca esta edição das Jornadas de Matemática. O cenário é de um quarto desarrumado, onde com o caos só rivalizava a explicação do conceito e das suas diversas aplicações em Matemática.“É difícil ter uma exposição com um conceito matemático puro e por isso temos que tentar aplicá-los a outros aspetos, e o caos está no nosso dia a dia, e tem resultado muito bem”, explica Leila Suleman, uma das responsáveis pela organização das jornadas. “Demoramos algum tempo a descobrir a melhor forma de representar o caos, e a determinada altura percebemos que as pessoas costumam associar o caos ao quarto, e portanto decidimos criar um cenário de um quarto totalmente desarrumado”, acrescenta de seguida.
A acompanhar a engenhosa decoração estão alguns cartazes com textos que vão explicando a aplicação do Caos na Física, na Criptografia, nos Sistemas Eletrónicos, etc. “O caos é um conceito matemático e tem aplicações em diversas áreas e com esta exposição queremos mostrar à comunidade do Técnico mais sobre Matemática e que está fora daquilo que se aprende nos cursos de Engenharia”, reitera Leila Suleman. A verdade é que se num primeiro momento a ideia pode gerar confusão, à medida que se percorre a exposição vai-se percebendo que o Caos é de facto uma propriedade rica e complexa de vários sistemas.
Outro dos palcos das Jornadas de Matemática é o Salão Nobre, onde ao longo dos dois dias, 3 e 4 de abril, em que as mesmas se desdobraram, decorreram várias palestras e ainda uma sessão de networking e um workshop. Esta manhã foi o professor Fernando Pereira, docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o responsável por cativar a audiência com uma palestra sobre os “Elementos ideais e a sua remoção”. Com muitos contornos teóricos, recorrendo a várias fórmulas, mas também a muitas citações de conceituados matemáticos, o orador ia explicando algumas visões e princípios em torno desta matéria. David Hilbert, George Kreisel e Kurt Gödel foram alguns dos matemáticos que foram sendo enunciados ao longo da apresentação. “Nas últimas três décadas, a Teoria dos Modelos tem-se focado em teorias que evitam o ‘lado selvagem’ da matemática”, declarava a determinada altura o orador.
“As palestras têm tido muita adesão, e a sessão de networking e o workshop correram muito bem. Acho que de ano para ano as pessoas têm aderido cada vez mais às nossas iniciativas”, afirma em jeito de balanço Leila Suleman. Relativamente à exposição, a responsável pela organização atesta que a afluência de visitantes tem sido crescente e o feedback muito positivo.
Apesar de esta ser a última jornada – encerrando um período de mais um mês repleto de atividades organizadas pelos alunos do Técnico-, a organização não sentiu menos interesse ou adesão por isso. Encaram, aliás, o facto como um desafio: “Tentamos sempre fechar em grande de certa forma. Queremos que as nossas jornadas sejam um bocadinho diferentes de todas as outras. Apesar de também termos a componente da ligação às empresas, o nosso foco é mostrar ao Técnico o que é a Matemática para além das cadeiras que a maioria tem no plano curricular”, rematava a responsável pela organização.