Depois de algum tempo a definir estratégias, a delimitar áreas de formação e a cativar professores e formadores alinhados com os desafios deste projeto, eis que o Técnico apresenta ao mundo a sua escola de pós-graduação profissional e formação avançada: o Técnico+. No evento que decorreu esta quinta-feira, 15 de novembro, e que formalizou o lançamento oficial desta iniciativa, foi curioso ver como se compunha a plateia do mesmo: muitos representantes de empresas, diversos elementos de escolas que abraçam o mesmo desafio, dezenas de docentes da escola e até alguns alunos de olho no futuro. Apesar de ser apenas o início, estavam já ali reunidos os elementos fulcrais para aquilo que se espera que seja o Técnico+: um projeto impactante e que “dê muito que formar”.
A abrir a sessão de apresentação esteve o professor Luís Correia, vice-presidente do Técnico para a gestão do campus do Taguspark e que agora assume também “o chapéu da formação avançada”. Coube ao docente apresentar as linhas gerais em que esta escola se irá desdobrar e quais os trunfos que congregará. “O Técnico+ assume-se como uma estrutura da nossa instituição, responsável por todos os cursos de formação avançada que oferecemos”, começava por explicar. Referindo que esta é uma iniciativa que pretende dar resposta a uma “veloz evolução tecnológica” que vem impor uma “atualização e reconversão” dos profissionais, o professor Luís Correia frisou que o “Técnico enquanto escola de tecnologia quer e pode fazer parte de tudo isto”. “Temos estruturas, conhecimento e meios para fazer um ensino de qualidade. Sabemos que este é um ensino com moldes diferentes e estamos preparados para isso”, acrescentava posteriormente. Para terminar, partilhou aquele que se assume como mote desta escola de pós-graduação profissional e formação avançada: “mais técnico, mais formação, mais conhecimento e mais futuro”.
Nada mais apropriado para suceder a esta intervenção do que um debate que passou a palavra aos líderes das empresas para uma troca de ideias em torno da “Transformação Tecnológica e o Desafio da Qualificação”. Através da moderação e das questões da diretora executiva do Diário de Notícias, Catarina Carvalho, foi possível perceber as preocupações, o tipo de respostas e as expetativas que as quatro entidades representadas têm em relação a esta temática. Diogo Silveira (CEO The Navigator Company), João Nuno Bento, (CEO Novabase), Jorge Graça (CTO NOS) e Rita Moura (Presidente da Plataforma Portuguesa de Construção) protagonizaram uma conversa da qual foi possível tirar muitas ideias, destacando-se o peso que os mesmos atribuem à formação ao longo da vida enquanto estratégia de superação dos desafios digitais.
Jorge Graça foi o primeiro a assumir que o futuro do “bem mais escasso” da empresa – as pessoas- é uma das suas maiores preocupações. “A velocidade de obsolescência do conhecimento é do meu ponto de vista brutal”, referia o CTO da NOS. “O primeiro passo é reconhecer que há um grande problema. E esta iniciativa do Técnico reconhece isso e quer dar resposta a este problema”, referia de seguida. “O desafio da tecnologia toca-nos como a qualquer empresa industrial”, destacava por sua vez o CEO da Navigator, desvendando aquele que poderá ser uma das grandes preocupações do futuro: “o desemprego dos seniores, por estes não conseguirem acompanhar o ritmo de modernização da empresa”. Para João Nuno Bento é uma obrigação das empresas impedir que “as pessoas fiquem ‘não interessantes’ no mercado de trabalho”, e é portanto com este objetivo em mente que “vamos, juntamente com o Técnico e com outras universidades, trabalhar para construir estas capacidades”, afirmava o CEO da Novabase. “Acredito que o aparecimento desta escola com o carimbo do Técnico vai estimular a procura”, vincava ainda.
“Estamos convictos que o Técnico vai surpreender com o leque de ofertas de formação que vai avançar. O que esperamos desta escola é a oferta de cursos mais práticos, mais virados da digitalização, que não esqueçam questões importantes como a economia circular”, afirmava Rita Moura em resposta à questão sobre quais as expetativas em relação a este projeto. “Uma formação mais prática” “que fomente o desenvolvimento de soft skills cada vez mais importantes no contexto empresarial”, construindo-se “uma resposta articulada entre empresa a academia” foram outras sugestões lançadas pelo painel. Mais do que uma recomendação, João Nuno Bento quis lançar um repto ao Técnico +: “Espero que o Técnico olhe para isto com uma abordagem empresarial. Gostava que os cursos fossem feitos em função das necessidades de mercado, (…) e que isso fosse planeado numa ótica de lucro porque a universidade também precisa disso. E se o dinheiro que se ganhar puder ser potenciado na melhoria da qualidade do resto dos alunos será um ótimo sinal para todos”.
O presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, subiu ao palco para encerrar a sessão e para dar a resposta ao CEO da Novabase: “O Técnico + é para dar lucro, mas é sobretudo para revolucionar e responder às necessidades da sociedade”. Salientando que as escolas que já existem são “um modelo para nós, mas que não vamos copiar”, o professor Arlindo Oliveira destacou que o Técnico tem uma visão muito própria do que quer fazer e como quer inovar. De acordo com o docente, o carácter diferenciado desta iniciativa está essencialmente no facto de ser virada para engenheiros e para a forma como “se fazem as coisas funcionarem”. “A nossa ideia é receber de volta as pessoas que já deixaram esta, mas também outras escolas, e desafiá-las a virem aqui aprender coisas práticas que lhe serão muito úteis nestas novas mudanças que se esperam no mundo do trabalho”. “Queremos que este projeto congregue uma visão integrada da nossa instituição e que possa ser reconhecido nacional e internacionalmente”, concluía.