Carlos Vaz e Diogo Antunes têm muito mais em comum do que as notas que batiam sempre na casa dos 20 valores no Ensino Secundário. Donos da vontade de contornar os obstáculos tornando-os oportunidades, adeptos da magia de resolver problemas, têm sede de descobrir mais sobre a Engenharia e sobretudo liga-os a paixão pela Informática. Não se conheciam, mas provavelmente reparam no nome um no outro na lista de colocações, afinal estavam ambos no topo da mesma. Fizemos questão de antecipar apresentações, recorrendo às tecnologias que ambos tanto gostam e contornando as impossibilidades de um encontro presencial. Bem ao jeito dos novos tempos e com os engenheiros do futuro.
Carlos Vaz sabe o peso que este rótulo “dos 20 a tudo” lhe coloca, e irá tentar que o presente não destoe muito do passado. “Quero ter uma boa prestação e aguentar as expetativas e a exigência do Técnico”, começa por referir. Ainda assim, não se sente especial pelas “décimas a mais”, que conseguiu face aos seus outros colegas de curso. “Isto é algo que toda a gente consegue. Não há nada de fundamentalmente diferente entre mim e outros alunos. Eu não sou mais inteligente ou mais capaz. É apenas uma questão de atitude e do mindset certos, conjugados com algum trabalho”, frisa o novo aluno do Técnico.
O gosto pela Matemática, pela Física e pela Informática fez Carlos Vaz a balançar no momento de escolher o seu futuro, e chegou mesmo até a ponderar Engenharia Aeroespacial. Depois percebeu que se poderia estar a deixar levar pelo “desafio de entrar nos cursos com a média mais alta do país” e decidiu centrar-se apenas no que verdadeiramente o completaria. “Percebi que Engenharia Informática é o que faz mais sentido para mim porque está alinhada com os meus interesses e é uma área com muito potencial”, declara. Gosta de programar, e nos seus tempos livres deliciava-se a aprender mais sobre a área. “Há muita coisa gira que se pode fazer, é uma área muito vasta”, sublinha Carlos Vaz. “Sinto que de certa forma a Informática é como a eletricidade e a máquina a vapor antigamente, todas as inovações de hoje e de amanhã vão ser construídas à volta desta área”, adiciona com um sorriso que lhe denuncia a vontade de fazer parte de toda esta mudança.
Ainda que ciente de que queria descobrir a Engenharia e as suas disciplinas, nem sempre o Técnico esteve no radar de Diogo Antunes, até porque entre Braga e Lisboa há muitas saudades pelo meio e havia outras faculdades pelo caminho. “Foi depois de uma reunião com o NAPE [Núcleo de Apoio ao Estudante], que um dos meus amigos me convidou a assistir, que fiquei mais do que convencido. Gostei muito do que ouvi”, recorda. Por isso mesmo atreve-se a dizer que decidiu primeiro o Técnico, e depois a Engenharia Informática.
Isto porque Diogo Antunes teve exatamente as mesmas dúvidas que o seu colega nos meses que antecederam a escolha de curso. Atraído pela Engenharia no seu todo, gosta muito de matemática, venera a Física, e foi apenas quando “meteu mãos à obra” em algumas aplicações informáticas que descobriu o que realmente fazia sentido. “Não é que a minha experiência nesta área seja muito vasta, mas gostei muito do que fiz. Sei que é uma área que vai crescer muito, onde temos muitas hipóteses de inovar, e onde consigo conciliar a resolução de problemas que é algo que me agrada”, aponta o aluno. “Seria feliz em qualquer uma das áreas de Engenharia”, revela. Aliás, mesmo tendo entrado em Engenharia Informática às vezes o novo aluno do Técnico ainda se perde nos planos de estudos de outros cursos e percebe que há inúmeras disciplinas do Técnico que gostaria de ter.
São muito os que justificam as notas excecionais destes alunos com o facto de este ano os exames terem sido mais fáceis. Nem Diogo Antunes, nem Carlos Vaz o negam. Mas os “vintes” nos exames não foi um caso isolado na vida destes jovens alunos, e houve uma pandemia pelo caminho que poderia ter destruído tudo. “Tive muita sorte porque na minha escola houve um esforço e uma capacidade de adaptação muito rápida. Voltamos a ter aulas à distância rapidamente, e por isso nunca desmotivei”, recorda Diogo Antunes. “Acabei até por aproveitar o tempo a mais que tinha para estudar mais”, acrescenta. Carlos fez o mesmo: “Confesso que não gostei muito das aulas à distância, mas também tive a liberdade de estudar como eu queria”.
Orgulhoso do trajeto que fez no secundário, Diogo Antunes frisa a importância de “olhar para as derrotas e as vitórias sempre como motivações para trabalhar, continuarmos a esforçar-nos e nunca desistir”. Promete lembrar-se ele próprio disto durante os próximos anos, nos quais espera “muito trabalho”. “Não acho que isso seja negativo. A partir do momento em que sei que o curso é exigente fico feliz com isso porque é o que procuro”, faz questão de dizer. O trabalho dos Núcleos de alunos do Técnico ficou-lhe nos ouvidos e espera poder ingressar numa dessas equipas em breve. Já a longo prazo, e porque sonhar não custa nada, gostava de depois do curso poder entrar “numa empresa onde possa aprender, rodeado de pessoas boas naquilo que fazem e que me impulsionem a ser melhor” e “um dia quem sabe trabalhar numa daquelas grandes tecnológicas”.
Carlos Vaz também sabe que o Técnico é difícil e exigente e considera que “é importante ter isso bem presente”. As conversas que teve com atuais estudantes do Técnico ajudaram-no a ajustar expetativas. “Sei que não vai ser tão fácil como no secundário, pode haver algum choque, esperemos que não seja muito grande”, declara sorridente. Acima de tudo, espera “conhecer muita gente interessante”. Seja qual for a dificuldade os dois alunos tentarão “desenrascar-se” e “reinventar-se”, sem medo de falhar. Palavra de futuros engenheiros.