A Universidade de Lisboa deu esta semana a conhecer os resultados dos testes serológicos realizados a estudantes, professores, investigadores e colaboradores nos últimos meses. Dos 2571 membros da comunidade académica da Universidade de Lisboa (ULisboa) testados, apenas 38 apresentam anticorpos IgG para o vírus SARS-COV-2, o que corresponde a 1,5% da amostra. Assim 98,5% dos indivíduos analisados não entraram em contacto com o novo coronavírus, mantendo-se seronegativos do ponto de vista imunológico. O programa de testagem permitiu ainda identificar 11 casos de infeção ativa.
Efetuados de forma gratuita e voluntária, os testes serológicos começaram a ser feitos em maio numa campanha coordenada pela Faculdade de Medicina (FMUL), em estreita colaboração com a Reitoria, através do Estádio Universitário, e na qual participaram todas as Escolas da ULisboa, nomeadamente o Instituto Superior Técnico. Junto dos elementos da comunidade foram recolhidas amostras nasofaríngeas e de sangue. O Técnico teve um papel ativo na análise das amostras nasofaríngeas, sendo o Laboratório do Instituto Superior Técnico um dos envolvidos na rede de testes de diagnóstico.
Os colaboradores da ULisboa testados através do método desenvolvido pelo consórcio Serology4COVID são maioritariamente mulheres (66%) e têm idades compreendidas entre os 19 e 74 anos, tendo uma média de idades de 44 anos. Este estudo permitiu identificar não só os 38 casos de seropositividade, como também 11 casos de infeção ativa – pelo teste de diagnóstico, RT-PCR, que revela a presença do vírus nas vias respiratórias superiores no momento do teste. Nestes casos os pacientes não revelaram sintomas, permanecendo assintomáticos.
O objetivo deste estudo foi avaliar a exposição ao coronavírus dos alunos, docentes, funcionários e investigadores da ULisboa, podendo desta forma implementar ou adequar estratégias para controlar a propagação da doença.
Os resultados deste estudo podem ser justificados por um conjunto de vários fatores, que vão desde o encerramento de todos os espaços de trabalho da instituição logo a 13 de março, até a um lote de diversas medidas implementadas pelas várias escolas da universidade para prevenir o contágio. O Técnico acompanhou desde o primeiro momento a evolução da propagação do vírus COVID-19, dando resposta à mesma através do plano de contingência e posteriormente de um Plano de desconfinamento. No dia 9 de março as atividades letivas foram suspensas, implementando-se de modo muito veloz e eficaz um modelo de ensino à distância. A 16 de março, todas as atividades, processos e serviços do Técnico passaram a ser executadas em regime de teletrabalho. As instalações da escola nos três campi foram também encerradas, sendo o acesso aos edifícios condicionado.
O regresso à normalidade tendo vindo a ser feito de forma progressiva e ponderada tendo em conta a situação pandémica do país, e tendo sempre como foco a garantia da segurança de todos os membros da comunidade.
Para além destas medidas, o Técnico não tem cessado esforços no combate à pandemia, sendo muitos os contributos dos docentes, investigadores e alunos. Os exemplos destes contributos são muitos e de várias ordens e vão desde: a produção de viseiras de proteção individual para profissionais de saúde, de gel desinfetante e ainda a participação num consórcio para a produção industrial de zaragatoas para a recolha de amostras. Em maio o Laboratório do Instituto Superior Técnico viria reforçar a capacidade de testagem do país.
Para além destas ações, outras ideias foram nascendo e ganhando corpo na comunidade de cientistas do Técnico, sendo vários os projetos “made in” Técnico contemplados pela linha de financiamento excecional, criada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e que prometem ajudar na luta contra a pandemia de COVID-19 e no regresso à normalidade.
Os efeitos da pandemia também precisam ser combatidos, e por isso mesmo o Instituto Superior Técnico e o Santander Portugal decidiram apoiar com bolsas de estudos dez estudantes que estão a viver um período de carência económica.