Campus e Comunidade

Uma arquitetura que sabe “ouvir os lugares”

“Saber ouvir os lugares”, a frase de José Tolentino Mendonça foi citada pelo arquiteto Paulo David como mote da sua apresentação “Da continuidade das formas e do modo como pousam” – título da exposição com duas montagens, comissariada por Nuno Faria, que a Porta 33 dedicou ao orador -, que decorreu na 2.ª sessão do projeto Lisbon Workshop. Um evento organizado pelo Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos do Instituto Superior Técnico, com o apoio do Centro para a Inovação no Território, Urbanismo e Arquitetura (CiTUA), Câmara Municipal de Lisboa e Docomomo International. A sessão iniciou-se com uma apresentação dos oradores feita pela professora Ana Tostões, coordenadora do Programa de Doutoramento em Arquitetura do Técnico e presidente do Docomomo International.

Seguiu-se uma viagem guiada pela intervenção arquitetónica liderada por Paulo David, durante o período que se seguiu aos incêndios que assolaram a Madeira, em 2016. Durante a palestra o arquiteto apresentou alguns dos projetos realizados ou por realizar, no território madeirense, enquanto fez uma reflexão sobre a natureza do lugar e a maneira como sobre ele intervir. Sublinhou que o seu trabalho tem a preocupação e a “responsabilidade de resolver os problemas da vida humana” respeitando “a interação com a natureza”, explicou o arquiteto. Um exemplo de como a arquitetura “pode ser o vínculo fulcral para repara ou curar os próprios lugares” depois de catástrofes, acrescentou Paulo David na apresentação que decorreu no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico, no passado dia 30 de maio.

Paulo David é o 11.º arquiteto galardoado e o segundo português, depois de Siza Vieira (1988), com a Medalha Alvar Aalto (2012) que é atribuída a um arquiteto ou escritório de arquitetura em reconhecimento de um contributo significativo para a arquitetura. Licenciado em arquitetura em 1989 pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, Paulo David colaborou com os arquitetos Gonçalo Byrne e João Luis Carrilho da Graça, em diversos projetos de arquitetura, em Lisboa, cidade onde viveu doze anos. Em 2003 cria o seu próprio ateliê no Funchal, através do qual tem desenvolvido projetos em diferentes áreas e programas, equipamentos, habitação, requalificação de edifícios e espaços públicos que lhe deram vários prémios internacionais.

Na sessão Lisbon Workshop seguiu-se a intervenção de Lucia Celle e Carlo Terpolilli, dois arquitetos italianos que lecionam na Universidade de Florença e são fundadores do ipostudio, um famoso grupo de trabalho fundado em 1984. Na sua apresentação mostraram vários projetos desenvolvidos, nomeadamente a intervenção no “Ospedale degli Innocenti”, um edifício histórico em Florença.