O tema da primeira conferência do ciclo de eventos promovidos pelo Técnico em parceria com a Agência Lusa não podia ser mais acutilante: “Máquinas que pensam? Riscos e oportunidades”, prova disso foi um salão nobre repleto por uma plateia jovem e ansiosa por ouvir o painel de especialistas. Do lado de lá estavam Fernando Pereira, VP and Engineering Fellow da Google, Luís Sarmento, CTO da Tonic App, André Martins, Head of Research da Unbabel, Mário Figueiredo, Scientific Area Coordinator do Instituto de Telecomunicações (IT), José Santos-Victor, presidente do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), e Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico prontos a partilhar conhecimentos, opiniões, mas sem poder adiantar certezas relativamente a um futuro numa área em constante mutação.
Numa visão otimista, convictos de que vale a pena valorizar todas as vantagens que a tecnologia tráz cada vez mais ao quotidiano de cada um, lembrando os benefícios e oportunidades que podem advir de um trabalho conjunto entre humanos e máquinas, os oradores iam trocando ideias muito próprias e que por vezes, ainda que poucas, divergiam. “Aquilo que eu vejo todos os dias no laboratório e no meu escritório e aquilo em que eu realmente acredito é que os benefícios que estes avanços tecnológicos têm trazido”, disse o dirigente da Google. “Existem imensos riscos a que a humanidade está sujeita no futuro, mas eles não têm que vir necessariamente da inteligência artificial”, acrescentou.
Não faltaram ao debate cenários possíveis de uma certamente pacífica coabitação entre robôs e humanos, os impactos do machine learning nos mercados financeiros, as questões da privacidade ou a forma cautelosa como cada vez mais devemos disponibilizar e trocar informação, mas a audiência pareceu animar-se com o tema dos empregos que a inteligência artificial pode extinguir e dos novos que serão criados. Sobre a quantidade e quais as profissões que irão ser substituídas por máquinas, o professor Arlindo Oliveira reitera que mais importante é assegurar que é “criado valor económico que possa ser distribuído pelas pessoas que efetivamente possam ficar sem emprego, mitigando as adversidades dessas mudanças no mercado de trabalho”.