Um programa que oferece uma viagem pelo espaço, através de um robô que vai recolhendo objetos que permitem posteriormente construir um satélite, vai entretendo e desafiando os alunos do 11º e 12º ano que estão esta semana a participar no estágio da Ciência Viva no Técnico, organizado pelo ISR-Lisboa / LARSyS / IST-ID. A iniciativa realiza-se de forma ininterrupta desde o ano 2000, mas este ano pela primeira vez a organização decidiu colocar os jovens em contacto com robôs em ambiente espacial. “Tanto quanto é do nosso conhecimento, esta é a única iniciativa a nível nacional deste tipo focada em robótica no espaço”, explica o professor Rodrigo ventura, responsável pela organização.
O estágio conjuga e estimula conhecimentos de matemática, programação e robótica. Os jovens são desafiados a simular a programação de robôs SPHERES desenvolvidos pelo MIT e pela NASA e em operação na International Space Station (ISS). Para além disso, os estagiários tiveram durante toda a semana oportunidade de visitar os laboratórios do ISR-Lisboa.
E se no primeiro dia desta semana de estágio era tudo algo estranho, no penúltimo dia das atividades, esta quinta-feira, 27 de junho, os cerca de 20 alunos participantes já pouco hesitavam antes de inserirem um novo código que lhes permitirá melhorar o robô e conseguir amealhar mais objetos. Apanhamos a Catarina Jones no meio de uma dessas hesitações. A jovem de 17 anos, vai concorrer à faculdade nos próximos dias e veio verificar se a sua primeira opção “vale mesmo a pena”. Espera dentro de pouco mais de um mês ser aluna de Engenharia Aeroespacial do Técnico, e estes dias só lhe vieram dar mais certezas desse desejo. “Estou a gostar muito. Tenho aprendido imensas coisas e espero mesmo daqui a uns anos estar a construir um satélite mesmo a sério”, conta a jovem.
O professor Rodrigo Ventura revela que este ano mais 62 jovens se inscreveram neste estágio, “27 das quais colocando o nosso estágio como primeira escolha”, realça acrescentando que o grosso das vagas “foram preenchidas logo nos primeiros dias”. Possivelmente um dos primeiros inscritos e certamente um dos que colocou como primeira opção este estágio foi João Marques que veio de propósito de Évora para participar. “Tenho feito vários estágios deste género, mas este ano quis aumentar a fasquia e decidi experimentar este do IST”, explica o jovem de 17 anos. Gostou de tudo, e principalmente do Técnico. “Já aprendi e experimentei fazer tantas coisas novas, que só podia estar mesmo a adorar”, frisa João Marques. O feedback não podia ser mais positivo, reflete-se nas expressões de contentamento dos alunos, mas principalmente na motivação com que querem aprender mais um passo que os permita “triunfar no espaço”, como se ouve.
O principal objetivo do estágio é “disseminar a robótica como uma área da engenharia que integra várias valências, tais como geometria, física, e programação, oferecendo uma abordagem hand-on à programação de robô”, explica o professor Rodrigo Ventura. Porém permite também que os estagiários se preparem para, caso desejem, poderem competir de forma bem sucedida na iniciativa Zero Robotics, uma competição internacional direcionada para alunos do ensino secundário, onde anualmente as melhores soluções têm a oportunidade de correr o seu código nos SPHERES a bordo da ISS. Além de tudo isto, o estágio proporciona o conhecimento de um território que a maioria tem vontade de vir explorar em breve tal como confirma o responsável pela organização: “Não só pelas cartas de motivação como pelo contacto com os estagiários, grande parte deles está já extremamente motivado para se candidatarem ao Técnico”.