Regressou a “casa”, sentiu que muita coisa estava igual, reviu amigos, lembrou histórias mas acima de tudo alimentou sonhos. Nuno Filipe, engenheiro aeroespacial da NASA, alumnus do Técnico, viajou de Los Angeles até Lisboa para mostrar aos alunos do Técnico que é possível alcançar o espaço. O convidado de uma das palestras do MecanIST, que decorreu esta quarta-feira, 15 de março, encheu o Salão Nobre do Pavilhão Central, conquistou a audiência e sem meias palavras reiterou que “com trabalho tudo é possível”.
Fora de Portugal há onze anos, os mesmos que dedicou a estudar e a trabalhar em várias agências ligadas à engenharia aeroespacial, o engenheiro Nuno Filipe não esquece o sítio onde tudo começou: “As bases que o Técnico me deu foram fundamentais”, salienta. “Vivi momentos incríveis aqui, conheci pessoas fantásticas, foi o começo da viagem”, ia partilhando. Não esqueceu os professores e os trabalhos académicos que o marcaram, e aconselhou várias vezes os alunos a usufruírem “todos os dias desta casa”, aprendendo tudo “o que puderem, porque isso vai vos valer de muito no futuro, incluindo as aulas das 8 da manhã”, soltou, conseguindo arrancar várias gargalhadas da plateia.
Durante a palestra, o engenheiro da Agência Espacial Norte-Americana enumerou os vários estágios que foi conseguindo e que lhe permitiram crescer profissionalmente, ou ainda os projetos em que esteve envolvido e as dificuldades e os desafios que foi tendo que enfrentar. Pelo meio ia dando dicas aos alunos que atentamente o ouviam, numa linguagem própria de quem já passou por ali e soube quais as metas que eram necessárias ultrapassar.
Foi da Europa para os Estados Unidos da América à procura de mais conhecimento, de mais formação. “Segui para o doutoramento porque durante o estágio que realizei na ESA, senti que não estava ao nível das pessoas que trabalhavam comigo, senti que precisava de aprender mais”, partilhou Nuno Filipe. Foi na Universidade da Geórgia, onde fez o doutoramento em simultâneo com a investigação, que o foram buscar para a NASA. “Nos EUA as grandes empresas vão às universidades recrutar, competindo entre si para recrutar o melhor talento”, explicou. Foram só duas as entrevistas até os representantes da NASA a perceber o seu potencial.
Ao longo da “conversa”, como quis que a palestra se tornasse, ia passando vídeos sobre os vários projetos que foi realizando. O encanto de quem faz aquilo que gosta estava-lhe estampado no rosto e refletido nas palavras: “Trabalho com as melhores pessoas do mundo a fazer isto e não há sensação melhor que essa”, garantiu o “Guidance and Control Engineer” da NASA.
“Quais são os seus sonhos agora que conquistou o sonho de muitos de nós?”, questionava um dos muitos alunos que participaram na palestra. A resposta veio com o tom de quem não se cansa de aprender: “A minha carreira ainda está a começar. Quero fazer muita coisa. Há missões incríveis a acontecer. Sinto que ainda tenho imensas coisas para aprender. O meu sonho é poder contribuir para a exploração espacial”. “Se tiver um bocadinho de sorte, quero poder dizer que escrevi o código da sonda que descobriu a vida em outro planeta que não a terra”, acrescentou posteriormente.
Abrindo portas ao mérito dos outros, lembrou que “temos gente nas melhores empresas de aeroespacial da europa e do mundo. Eu conheço outras pessoas do Técnico na NASA. Estamos em todo o lado”. E poderá haver mais, como nunca se cansou de dizer ao longo da sessão, até porque “Vocês podem chegar onde quiserem chegar”, repetiu várias vezes.