Este domingo, dia 5 de junho, na Fábrica de Água de Alcântara acolheu a cerimónia de atribuição dos Prémios Verdes VISÃO + Grupo Águas de Portugal. O dia em que se celebrou o Dia Mundial do Ambiente destinou-se também a premiar as pessoas, empresas e organizações que mais se destacaram nesta área, em Portugal. Foram cerca de 150 as candidaturas para um total de 10 categorias a concurso, numa iniciativa que teve o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na categoria Personalidade um dos distinguidos foi Nuno Maulide, licenciado em Química no Técnico e atual professor catedrático convidado de Departamento de Engenharia Química (DEQ). É professor catedrático de Síntese Orgânica na Universidade de Viena, onde dirige também o Instituto de Química Orgânica. Em 2019, aos 39 anos, foi eleito cientista do ano na Áustria e em 2018 foi o vencedor do prémio Ignaz Lieben, atribuído pela Academia de Ciências da Áustria. Lançou no ano passado a edição portuguesa do seu livro de divulgação de química “Como se transforma ar em pão?”. Durante a cerimónia, sublinhou o prazer especial de estar a receber o primeiro prémio no seu país de origem. A distinção foi atribuida ex aequo com Luísa Schmidt, professora e investigadora principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).
Na categoria Investigação, foi distinguido o projeto COVIDetect, um consórcio entre a Universidade de Lisboa e o Grupo Águas de Portugal. O COVIDetect foi lançado em abril de 2020 e financiado através do programa Compete pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Ricardo Santos e Sílvia Monteiro são investigadores do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico (LAIST) e coordenam a participação do Técnico no projeto, que visa monitorizar a água nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e detetar variações de carga viral do vírus SARS-CoV-2 nas águas urbanas, através da evidência da excreção fecal. A monitorização das redes de esgotos próximas dos locais com maior densidade populacional e junto aos hospitais de referência permite conhecer o perfil de contaminação das águas com material genético do SARS-CoV-2 e estabelecer a sua relação com o número de infetados.
“Desde o início, o projeto apresentou uma série de desafios e tivemos que superar grandes dificuldades técnicas e logísticas” numa altura em que o trabalho se desenrolava em pleno cenário de pandemia. A superação desses desafios por parte de todos os que fazem parte do projeto “ser reconhecida e recompensada é muito gratificante”, refere Ricardo Santos. Sílvia Monteiro partilha da mesma opinião e refere que é muito bom “verificar que há uma apreciação por todo o trabalho desenvolvido” depois de estarem “cerca de um ano a implementar toda esta rede para a monitorização do SARS-CoV-2 e que vai permitir, também, pesquisar qualquer outro vírus ou bactéria.”
“Melhorar a qualidade da água a nível global” mantendo o esforço que tem sido desenvolvido é um dos objetivos a manter, segundo Ricardo Santos. A Covid-19 veio, justamente, provar que estamos todos interligados e o objetivo é “ajudar no apoio à decisão e no apoio ao desenvolvimento de novos tratamentos “para que de uma forma geral a saúde do planeta e das pessoas” possa melhorar mais ainda.
O projeto que partiu de uma iniciativa do Ministério do Ambiente e Ação Climática é coordenado pelas Águas de Portugal e é uma forte contribuição para melhorar a capacidade de preparação de resposta do país face novas situações de surto, beneficiando toda a sociedade a nível nacional e, no campo da investigação, a nível nacional e internacional.