O nome da tese de doutoramento de Marija Vranic, investigadora de pós-doutoramento do Grupo de Lasers e Plasmas do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico, é grande : “Extreme laser-matter interactions: multi-scale PIC modelling from the classical to the QED perspective”. Um adjetivo proporcionalmente extensível ao tamanho do sucesso que a mesma já atingiu, sendo galardoada com o prémio “John Dawson Thesis prize”. O prémio é atribuído de dois em dois anos e distingue a melhor tese de doutoramento a nível mundial no campo dos aceleradores baseados em plasma. A distinção foi atribuida à investigadora do Técnico durante o “Laser and Plasma Accelerators Workshop” realizado na Ilha de Jeju na Coreia de Sul, entre 27 de agosto e 1 de setembro.
“É uma grande honra obter um prémio que tenha o nome do Professor Dawson”, confessa Marija Vranic. John Dawson foi um dos pioneiros da física computacional, e o inventor do conceito dos aceleradores em plasma. “De acordo com os alunos dele, era uma pessoa simpática e curiosa, que amava profundamente a ciência. Conseguiu motivar muitos cientistas jovens (agora professores espalhados pelo Mundo) para seguir o caminho dele e fazer a nossa área de investigação crescer”, destaca a investigadora do Grupo de Lasers e Plasmas do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear.
Na sua tese de doutoramento, Marija Vranic usou os computadores mais potentes no mundo para estudar o que acontece quando lasers com intensidades extremas interagem com a matéria. Com lasers muito intensos, qualquer matéria fica ionizada e torna-se um plasma que sofre acelerações tão extremas que os efeitos da electrodinâmica quântica passam a ser importantes para a dinâmica do sistema. A investigadora acabou por descobrir os algoritmos que tornam estas simulações possíveis quer no caso clássico quer no caso quântico, abrindo o caminho para optimizar estes cenários extremos para a aceleração de electrões ou a emissão de raios-x e raios gama.
Na opinião da investigadora foi uma combinação de factores que distinguiu a sua tese, mas poderá ter sido pesado o facto de “esta tese fazer uma ponte entre duas áreas de investigação: a área dos lasers e plasmas e a área da electrodinâmica quântica”. “Este é um tópico muito atual, o interesse está a crescer e a comunidade está a ficar cada vez maior. Mas nós estamos entre os primeiros”, reitera Maridja.
Natural de Belgrado, a investigadora sempre quis estudar física, e sabia que um dia, mais cedo ou mais tarde, haveria de fazer investigação em física computacional, conciliando a sua paixão pela programação, pela física e pela matemática. Foi durante um estágio profissional IAESTE na Irlanda do Norte que tomou contacto com a área científica dos lasers e plasmas pela primeira vez. “Fiquei muito entusiasmada com o potencial de aplicação de técnicas desenvolvidas no âmbito da interação de lasers intensos com plasma”, partilha. Quando chegou a altura de procurar um sítio bom para tirar doutoramento, teve “a excelente notícia de que existia em Lisboa um grupo científico de alta qualidade que fazia exatamente o tipo de investigação ao qual eu me queria juntar”, diz a investigadora do Técnico.
O segredo do sucesso está na paixão por aquilo que faz, mas também no grupo de trabalho que a acolheu: “o ambiente do grupo é extremamente importante para uma tese de doutoramento bem-sucedida”, frisa.