As instituições de investigação científica têm sido essenciais no reforço da capacidade nacional de rastrear o novo coronavírus. Na semana passada, e depois de algumas semanas de adaptação e preparação, o Técnico juntou-se à Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico Laboratorial da COVID-19 através do “Laboratório do Instituto Superior Técnico (iBB/CTN)”. Desde a passada terça-feira, 28 de abril, dia em que o laboratório iniciou funções, até ao final desta segunda-feira, 4 de maio, foram realizados 830 testes.
Com uma equipa composta por docentes, investigadores e alunos de doutoramento, em regime de voluntariado, o laboratório passa a integrar a rede de laboratórios certificados em Portugal para realizar estes testes. Os resultados são entregues no prazo máximo de 24 horas às entidades competentes.
O material biológico analisado até ao momento no “Laboratório do Instituto Superior Técnico (iBB/CTN)” foi recolhido em vários lares de idosos da região de Lisboa e Vale do Tejo, com base num acordo assinado com o Ministério do Trabalho, Solidariedade, e Segurança Social (MTSSS) e um município.
A criação deste “Laboratório do Instituto Superior Técnico (iBB/CTN)” envolveu duas unidades de investigação do Técnico: o Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB) e o C2TN – Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares, liderados pelo professor Joaquim Cabral e pelo professor Pedro Vaz, respetivamente. Para dar resposta às normas de segurança e de diagnóstico do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) foi necessária uma capacidade de resposta veloz das equipas do iBB e C2TN, adaptando-se e reforçando-se os laboratórios de Ciências Biológicas (CB) fortalecido com equipamento do Grupo de Engenharia de Células Estaminais, ambos pertencentes ao iBB, e do Laboratório de Ensaios Tecnológicos em Sala Limpa (LETAL) do C2TN.
A coordenação dos aspetos logísticos envolvidos – tais como a articulação com os órgãos e serviços do Técnico e outras instituições envolvidas no processo, a aquisição de materiais de proteção individual e de reagentes- tem estado a cargo do professor Gabriel Monteiro, coadjuvado pela Doutora Sofia Duarte na obtenção do material de laboratório necessário. Na coordenação da equipa de voluntários envolvidos na realização dos testes moleculares no iBB está a professora Leonilde Moreira que no arranque das atividades contou com o apoio também dos professores Nuno Mira e Nuno Bernardes. No C2TN, a Doutora Sandra Cabo Verde coordena o processo de receção das amostras e inativação do vírus.
Neste tipo de testes de diagnóstico molecular procura-se a presença do vírus no organismo, através da deteção do seu material genético (ARN), em amostras recolhidas na garganta ou no nariz. As amostras são recebidas no CTN, onde os voluntários da equipa do C2TN procedem à inativação viral das amostras. As amostras seguem depois para o campus da Alameda onde a equipa do iBB procede à extração e deteção do RNA viral presente, ou não, nas amostras.
Antes do arranque das atividades do “Laboratório do Instituto Superior Técnico (iBB/CTN)”, a metodologia de diagnóstico molecular da Covid-19 implementada foi validada pelo Instituto Nacional De Saúde Doutor Ricardo Jorge com base em testes interlaboratoriais, utilizando amostras reais partilhadas pelo serviço de Microbiologia do Hospital de Santa Maria e num procedimento baseado no que havia sido implementado pelo Instituto de Medicina Molecular (IMM).
O “Laboratório do Instituto Superior Técnico (iBB/CTN)”, sob a direção da professora Isabel Sá Correia, integra agora a Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico Laboratorial da COVID-19, dando assim um importante contributo na luta contra esta emergência de saúde pública.