“Esteja sempre disponível, seja sempre um/a facilitador/a, seja sempre honesto/a”. Estes são alguns dos “sempres” a ter em conta no contacto com os jornalistas, avançados por António Granado, coordenador do Mestrado em Ciência da Universidade Nova de Lisboa.
Na sessão “Como Comunicar Ciência”, organizada no passado dia 22 de setembro, no Técnico, António Granado, jornalista de ciência, e um dos convidados a intervir, elencou ainda o que “nunca” se deve fazer na relação com os media: “nunca se esconda de um jornalista, nunca tente censurar um artigo e nunca minta a um jornalista”. Regras para uma boa comunicação, reforçadas por David Marçal, especialista em Comunicação de Ciência, outro dos oradores da sessão organizada pelo Gabinete de Comunicação e Relações Públicas do Técnico, em parceria com os conselhos Científico e Pedagógico.
Em caso de uma entrevista ou depoimento a um jornalista, o cientista deve sempre “estar disponível e preparado”; “pensar o que dizer, ter objetivos” e “encontrar analogias e explicações eficazes” foram outras recomendações de David Marçal. Os investigadores devem ainda “alimentar boas relações profissionais com os jornalistas, não tentar ensinar jornalismo a um jornalista” e, no final, se o artigo ou a peça “ficar uma treta a culpa (também) é vossa”, sublinhou na sua intervenção.
Já para António Granado há cinco frases a evitar quando se é contactado por um jornalista: “Essa notícia não interessa” “essa notícia é velha” “ligue-me mais tarde”, “vai falar com mais quem?” e “vou falar com o seu chefe”.
Segundo, ainda, António Granado, para melhorar a comunicação da Ciência, possíveis soluções são: “as instituições juntarem-se aos media para produzir em conjunto”; “as instituições passarem a comunicar de uma forma independente, em consórcio ou não”; “a criação de novos sites de nicho, com capacidade para manter autonomia” e o “Estado criar incentivos à cobertura da ciência por parte de independentes, media ou não”.
Na sua apresentação “A Ciência e os Media”, David Marçal falou da “ditadura do ‘engraçadismo’ que leva muitos órgãos de comunicação social a publicar apenas “notícias engraçadas” sobre ciência. Este orador denunciou, ainda, casos de grandes fraudes de notícias na Ciência que levam os jornais a propagar notícias pseudocientíficas, sem qualquer validade científica.
Para ilustrar esta ideia referiu uma sondagem publicada em Espanha que revelava que 45% dos jornalistas de ciência espanhóis estão preocupados com o perigo da presença de informação pseudocientífica nos media.