Ora se grita de entusiasmo, ora se rebenta um balão. Num minuto sustém-se a respiração com medo do sentimento que se aproxima, e uns minutos depois fica-se de cabelos em pé. Não é um parque de diversões, mas com o encanto da física consegue-se subtrair algumas das sensações sentidas nesses mesmos espaços. Falamos da semana na Física, que ocupou ao longo de toda a semana o átrio do Pavilhão Central, cativando centenas de jovens de todas as idades e provenientes de vários cantos do país. Organizada anualmente pelo Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico (NFIST), a iniciativa vai já na sua 22ª edição e transforma vários ramos da física num circuito de aprendizagem onde a diversão também entra, sem ilusionismos, mas com alguma da magia que caracteriza a ciência.
“O maravilhoso mundo da Física” é o cartão de visita da organização, que de ano para ano faz questão de inovar de modo a conquistar o público diverso da iniciativa. Este ano além da física clássica, do eletromagnetismo e das partículas também a relatividade e mecânica quântica foram chamados a “palco”. Dos oito aos dezoito, ninguém é excluído – apesar da profundidade da explicação se moldar ao nível de conhecimento que o grupo de ouvintes detém. Através de workshops, sessões de planetário, visitas a laboratórios, palestras e claro o Circo – exposição de experiências que preenche o átrio do Pavilhão Central-, o NFIST utiliza os efeitos físicos mais estranhos e simultaneamente mais apelativos para espicaçar a curiosidade dos mais jovens.
Luís Gonçalves, um dos participantes da Semana da Física, foi convidado a subir para uma mesa disposta sobre conjunto de balões. Meio que a medo lá aceitou o desafio, mas quase fugiu quando o monitor da atividade convidou um colega para se juntar à aventura. O receio era que o balão rebentasse, mas não aconteceu até que a Luís se juntou três colegas, causando uma surpresa geral que rapidamente foi saciada pela explicação do monitor. “O truque está na pressão”, ia explicando o membro do NFIST. “A pressão é a maneira como a força está distribuída por uma superfície”, esclarecia de seguida, acalmando o espanto e criando novos voluntários para subir à mesa flutuante.
O tubo de Rubens é uma das atividades mais instagramáveis da Semana da Física. Com vários furos na parte superior, o tubo é preenchido com gás de cozinha e aceso, sendo a coluna colocada ao lado responsável pela criação de ondas de pressão dentro do tubo. Depois da exemplificação do padrão estático que faz empunhar desde logo telemóveis, eis que os vídeos se sucedem tendo como protagonistas as chamas que “dançam” ao som de AC/DC. A concorrer diretamente pelo favoritismo está também a experiência que através da eletricidade estática armazenada numa bola faz levitar cabelos, gerando um choque em cadeia que amedronta quase tanto como diverte. “No geral, e apesar de terem algumas preferências, os jovens gostam de todas as atividades. Ficam curiosos e querem saber mais”, declara Bernardo Barbosa, membro da organização.
Porque a diversidade é parte da receita do sucesso desta iniciativa, os grupos vão saltitando entre atividades. Em quase todas, e de modo a que a participação seja o mais ativa e envolvente possível, os jovens são convidados a ajudar, a adivinhar o passo seguinte ou a questionar. “Nós queremos gerar curiosidade nos nossos participantes e entusiasma-los para a física, portanto quanto mais próximos e envolvidos eles estiverem melhor”, refere Bernardo Barbosa. Quando o “Circo” do pavilhão central se completa é hora de rumar aos workshops, às palestras e às visitas aos laboratórios do Técnico. “Tentamos que sejam dias cheios, com muito divertimento e aprendizagem”, assinala o elemento do NFIST.
Ao longo de toda a semana cerca de 2500 alunos de escolas de todo o país tiveram oportunidade de fazer parte desta experiência. No último dia do evento, sábado, 23 de fevereiro, a organização preparou um dia aberto para o público em geral, onde a diversão pode ser partilhada e repetida com a família.