Campus e Comunidade

Empresas aliam-se ao Técnico na renovação da sua infraestrutura

Este tipo de mecenato educativo poderá vir a ser replicado por outras empresas que desejem contribuir para a melhoria dos espaços de ensino e investigação.

No arranque do próximo ano letivo, o edifício da Rede de Novas Licenciaturas (RNL) do Departamento de Engenharia Informática (DEI) contará com vários laboratórios renovados no 2.º e 3º pisos, garantindo às centenas de alunos que usam estes espaços melhores condições de aprendizagem. Isto será possível graças ao apoio de 6 empresas que se aliaram ao Técnico, fornecendo o apoio financeiro vital para fazer face a esta necessidade. Apesar de terem ligações distintas com a Escola, a Novabase, a Accenture, a Deloitte, a Sky, a Xpand IT, e a Sonae MC têm em comum a vontade de se aproximar do talento e de apoiar o Técnico a manter as suas condições de ensino e aprendizagem. Esta é a primeira vez que este tipo de protocolo – ainda pouco comum no ecossistema universitário português – se estabelece no Técnico, mas espera-se que sirva de rampa de lançamento para muitos mais.

Considerando a ampla infraestrutura do Instituto Superior Técnico e tendo em conta que “os atuais recursos financeiros de apoio à renovação são manifestamente insuficientes para uma instituição tão grande”, como lembra o vice-presidente do Técnico para as Ligações Empresariais e Operações, professor Pedro Amaral, urgia encontrar outras metodologias de apoio ao financiamento que permitissem renovar e melhorar a qualidade destes espaços de ensino e investigação.

A renovação de fundo do edifício da RNL, e dos seus laboratórios em particular, “está planeada há vários anos, mas tem vindo a ser sucessivamente protelada por falta de verbas”, recorda o professor José Carlos Monteiro, ex-presidente do DEI, e um dos impulsionadores deste projeto. Ciente de que a espera não podia continuar, o ex-presidente do DEI e a Área de Transferência de Tecnologia (TT@Técnico) alinharam uma estratégia que permitisse desenhar a solução para este problema. O docente salienta a importância deste apoio “dadas as dificuldades financeiras do Instituto Superior Técnico” e frisa que estas relações acabam por ser de benefício mútuo. “As empresas têm muito interesse em associarem-se ao Técnico, e mais ainda na exposição do seu branding aos nossos alunos”, afirma o docente.

O apoio da Accenture, da Deloitte, da Novabase e da Sky a esta renovação é feito sob o chapéu da Rede de Parceiros do Técnico, porém o mesmo pode ser feito de forma isolada, por qualquer empresa interessada como, aliás, acontece com a Sonae MC e a Xpand IT. O professor Pedro Amaral explica-nos isso mesmo: “este apoio está disponível para qualquer empresa que veja esta medida como um fator de diferenciação na obtenção do seu reconhecimento por parte do Instituto Superior Técnico”. “A modalidade de apoio isolada também tem a consequência de aproximar muito mais as nossas empresas aos alunos e, normalmente, acaba por também expandir o tipo de relação que se estabelece a posteriori, nomeadamente ao nível dos processos de inovação que se estabelecem com os nossos investigadores”, adiciona o vice-presidente.

O professor Pedro Amaral sublinha ainda o papel dos departamentos e das unidades de investigação numa articulação “cada vez melhor das suas atividades para melhorar a relação que passam também a ter com os parceiros, elevando cada vez mais este trabalho de melhoria das infraestruturas e articulando-o com outras áreas de atividade da Universidade”.

Além da TT@Técnico que alavanca e medeia estes acordos é, claro, essencial envolver os serviços de instalações de equipamento da instituição que acompanharão o processo de renovação destes pisos do edifício RNL, e de outros que possam vir a surgir. É enquanto vice-presidente para essa área que o professor Miguel Amado vinca que mais do que essencial para o Técnico, este apoio é também muito importante “para o conjunto dos seus investigadores e estudantes”. O docente destaca que estas colaborações “não só permitem modernizar as instalações afetas à investigação e ensino, como possibilitam o reforço das ligações com a indústria, e potenciam que se transportem para a sociedade os resultados da investigação promovida no Instituto Superior Técnico”.

Empresas destacam o valor do investimento na melhoria das condições de ensino e de investigação em Engenharia

A Novabase foi das primeiras empresas a juntar-se à Rede de Parceiros do Técnico. Desde o primeiro momento que a tecnológica assumiu que a proximidade ao talento da Escola é “estratégica para a Novabase”, tal como relembra agora a Dra. Isabel Costa, Head of Talent Acquisition & Employer Branding da Novabase-Celfocus.  Neste sentido, o apoio ao projeto de renovação do Edifício da RNL acabaria por ser para a empresa “uma decisão natural porque é mais uma forma de contribuir com as condições necessárias para que estes jovens estejam melhor preparados para o mercado de trabalho que os espera quando terminarem os seus cursos”, destaca a representante da Novabase.

A parceria entre o Técnico e a Accenture tem vindo a ser reforçada ao longo dos últimos anos, e em março de 2019 a consultora juntar-se-ia também à Rede de Parceiros. Tal como garante o engenheiro Rui Barros, Managing Director da Accenture e antigo aluno da Escola, pretende-se que a presença junto dos alunos do Técnico “seja cada vez maior, facilitando a transição do meio académico para o empresarial e potenciando o talento de excelência nas áreas de Engenharia e Tecnologia”. De acordo com o engenheiro Rui Barros, a criação deste laboratório é vista pela consultora como “uma oportunidade para os alunos dentro do campus terem um espaço de partilha e aprendizagem e com acesso às tecnologias mais recentes, possibilitando-lhes ferramentas e acesso a informação que os inspire nas suas atividades e no seu contributo para o desenvolvimento da sociedade”.

Foi com “enorme orgulho”, como refere Nuno Carvalho, Partner Consulting Technology na Deloitte Portugal, que em novembro de 2019 a consultora formalizou a “relação histórica com o Instituto Superior Técnico, integrando a sua Rede de Parceiros e aproximando-nos ainda mais de uma das nossas principais fontes de talento”. Fazendo “jus à proposta de valor da marca que realça a cultura colaborativa da consultora”, o engenheiro Nuno Carvalho garante que “um dos nossos objetivos é apoiar a escola na modernização de espaços, no sentido de os preparar de forma ainda mais sofisticada para o desenvolvimento de competências tecnológicas da sua comunidade académica”.

A Sky tem vindo a investir em Portugal desde 2015 num centro tecnológico de excelência que conta hoje com uma equipa de 300 pessoas. “Os nossos engenheiros colaboram no desenvolvimento de soluções inovadoras de entretenimento que servem milhões de clientes do mercado Europeu e Norte-Americano”, frisa o engenheiro António Vieira, diretor de Tecnologia em Portugal da empresa e alumnus do Técnico. Reconhecendo “o grande prestígio do Instituto Superior Técnico como referência no ensino na engenharia” o antigo aluno destaca que a Sky partilha “este desígnio da excelência na engenharia em Portugal”.  O apoio à renovação dos espaços da RNL por parte da empresa é feito sob o chapéu da Rede de Parceiros do Técnico – cuja adesão se oficializará em breve- e esta será uma das muitas iniciativas em que a empresa participará. Tal como garante o diretor  de tecnologia, a empresa pretende “apoiar e participar ativamente em diversas atividades académicas, que permitam estimular a comunidade de alunos através da partilha de conhecimentos, bem como apoiar na beneficiação das condições de investigação e ensino da engenharia”.

Lembrando que este tipo de parceria entre a Academia e o Tecido Empresarial tendo como objetivo a renovação de espaços é uma prática que tem vindo a crescer, Bruno Mourão, Head of IT Transformation and IT Strategy & Experimentation da Sonae MC/BIT e também antigo aluno do Técnico, assume que do lado da Sonae MC “foi bastante natural, a partir do momento em que tomámos conhecimento da iniciativa do Instituto Superior Técnico, associar-nos”. “É também bastante simbólico que o primeiro passo seja dado na RNL que muitos de nós frequentámos e recordamos com nostalgia”, acrescenta.

Membro da Comunidade IST Spin-off, mecenas de um programa de bolsas de estudo, a Xpand IT tem uma ligação de longa data com a Escola, não fossem os seus fundadores também antigos alunos. Rui Maia, Partner e CHRO da empresa e também alumnus, lembra isso mesmo: “a ligação com o Instituto Superior Técnico faz parte da génese da Xpand IT”.  “Desde sempre reconhecemos a importância do Técnico na formação dos seus alunos. Promovemos vários programas de apoio, seja através da participação em aulas com casos reais da indústria, promoção de estágios de verão e mais recentemente com a atribuição de bolsas de estudo para estudantes com mérito académico”, enumera. Este apoio à renovação dos laboratórios surge como uma extensão de tudo isso e o engenheiro Rui Maia acredita que será “mais um importante pilar da nossa parceria e que, com certeza, irá contribuir para a melhoria de condições de estudo dos alunos”.

Uma porta aberta para o contributo de outras empresas

Ciente de que “muitas outras instalações do Técnico sofrem do mesmo problema de degradação”, o professor José Carlos Monteiro realça que esses mesmos casos “poderão tirar partido de protocolos semelhantes”. “A renovação dos laboratórios da RNL servirá de montra para este tipo de protocolos, e por esta razão todos os intervenientes têm-se empenhado muito para o sucesso desta iniciativa”, evidencia o docente do DEI.

Enquanto membro do Conselho de Gestão da Escola, mas principalmente enquanto docente e investigador da Escola, o professor Miguel Amado considera também “ser da máxima importância que as empresas e a sociedade civil possam conhecer e compreender as vantagens que, para o país e para a sua economia, resultam de uma ligação mais próxima com a maior escola de engenharia de Portugal”. “O suporte às atividades de formação e investigação é um contributo que todos, e em especial todos os que foram estudantes do Técnico, entendem que contribui para a capacitação e sustentabilidade da nossa sociedade futura”, enfatiza.

Para o professor Pedro Amaral é evidente que “o processo de crescimento económico de Portugal não pode passar sem a sinergia entre o conhecimento das escolas e das universidades em particular e a capacidade de execução das empresas”. “O combustível que alimenta este processo são as pessoas, sobretudo o talento dos alunos que reabastece o motor, o qual gera o valor acrescentado que todos nós procuramos”, defende o docente. “A existência de condições de trabalho com qualidade é um ponto de partida muito importante para que os nossos talentos possam estar cada vez melhor preparados para aquilo que é necessário”, acrescenta.

Demonstrado o sucesso e frisada a gratidão do Técnico, está aberta a porta a mais apoios deste género. Para além de estarem a contribuir “para um incremento substancial da qualidade dos espaços de ensino”, o professor Pedro Amaral lembra que com estes acordos chega também “o devido reconhecimento público”. A recompensa acabará por ser a aproximação daquele “que é o combustível mais puro, os nossos alunos, que um dia se tornarão nos profissionais do tecido económico nacional e internacional”, como bem frisa o professor Pedro Amaral. Essa identificação começará automaticamente em cada passagem e usufruto do espaço que estas empresas ajudam a renovar e melhorar.