O carro mais leve da equipa até agora, com apenas 205 kg.
0-100 km/h em menos de 2,5 segundos com piloto – e menos de dois na ausência deste.
Mais de 25 mil horas de trabalho somadas.
Cada vez que era anunciada uma nova informação técnica, o Salão Nobre do Instituto Superior Técnico ecoava com uma nova salva de palmas ao desempenho da equipa de Formula Student (FST Lisboa) da Escola. O evento marcou o rollout do FST14, o mais recente protótipo deste Núcleo de Estudantes, e decorreu a 18 de junho, no campus Alameda.
“Ainda não consigo deixar de me emocionar quando vejo este Salão Nobre tão cheio”, partilhou o presidente do Técnico logo no início do discurso com que abriu a cerimónia. Sublinhando que estes protótipos são “projetados, concebidos, construídos e testados” por estudantes do Técnico, Rogério Colaço destacou como “o impacto formativo destas iniciativas na preparação dos estudantes é incomensurável”. Para o docente, “conhecimento técnico, trabalho de equipa, liderança, resiliência e perseverança” são qualidades “que não se aprendem dentro de uma sala de aula e daí o apoio que o Técnico dá a estas iniciativas”.
Com 61 membros, na sua maioria a frequentar os cursos de Engenharia Aeroespacial, Engenharia Mecânica, Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e Engenharia Informática e de Computadores no Técnico, aos quais se juntam estudantes de cursos de outras áreas como Engenharia e Gestão Industrial, o FST Lisboa “é uma empresa – e não uma pequena empresa – que desenvolve tecnologia de ponta”. Rogério Colaço recordou o facto de os quadros do FST Lisboa mudarem periódica e frequentemente, fruto de estudantes que concluem cursos, levando à saída e entrada de membros, por vezes implicando uma renovação total de pessoal ao fim de dois anos. Se isto acontecesse no Técnico, instituição que preside, defendeu que “obviamente já estaria internado num sítio qualquer [risos]”. O docente recordou ainda as “muitas outras equipas de projeto”, Núcleos de Estudantes que “são um vetor de formação e de vivência no Técnico absolutamente distintivo desta Escola no padrão nacional” – com especial menção ao facto de que “o Formula Student foi a equipa inicial”.
A ovação mais longa da noite foi para Luís Sousa, descrito pela anfitriã do evento como “um pai do projeto” e “um professor que está connosco há mais de 20 anos” a apoiar as atividades da equipa. A equipa do FST Lisboa, que ocupava a totalidade da ala norte do Salão Nobre, prolongou o aplauso dedicado ao docente (com alguns dos seus membros a soltar urros de encorajamento). “Aquilo que, há um ano atrás, era impossível deixou de o ser”, afirmou Luís Sousa, referindo-se à execução e conclusão do FST14. Deixou uma palavra “especial” às famílias dos membros da equipa, solidárias com o tempo e esforço exigidos aos estudantes.
O veículo conta com um chassis monocoque redesenhado para máxima rigidez e segurança, um novo pacote aerodinâmico, com avanços expressivos em downforce (fator responsável pela estabilidade nas curvas) e eficiência, um sistema de amortecimento avançado, pensado para agilidade em pista e capacidades de condução autónoma mais refinadas.
Como é já usual nesta altura do ano, o FST Lisboa prepara-se para mais uma época de competições, tanto domésticas como internacionais, tendo a mira apontada às provas de FS Portugal (Castelo Branco), FS Spain (Barcelona) e FS Germany (Hockenheim). Independentemente dos resultados que alcançarem, Nuno Lynce Silva defende que, “se for[em] os que aprenderam mais, h[ão] de ser os melhores do mundo”. Na perspetiva do Team Leader do FST Lisboa e estudante de Engenharia Mecânica, “o Técnico forma os melhores engenheiros de Portugal e do mundo inteiro”.
Para Pedro Afonso, CEO da Vinci Energies Portugal, o FST Lisboa “é uma elite formada dentro de um ecossistema de elite”. Prova disso (para além dos resultados que conseguem obter em competições nacionais e internacionais), é a “capacidade de desenrascanço” dos membros da equipa. Como exemplo, o empresário recordou o momento em que uma fonte de alimentação se avariou a três semanas de uma prova – e, efetivamente, o problema foi resolvido a tempo da participação no evento. Assinalando o primeiro ano do patrocínio do grupo ao FST Lisboa, já no seu discurso Rogério Colaço saudara os colegas da Vinci, que “têm sido um apoio notável e extraordinário pelo empenho”. A relação do grupo com a Escola estende-se também ao domínio profissional, com Pedro Afonso a apontar que a Vinci Portugal conta com mais de 70 alumni do Técnico.
Feitos os discursos, tiradas as fotos de grupo, esvaziado o Salão Nobre, faltava apenas o mais importante – com multidões de um lado e de outro no parque de estacionamento do campus Alameda, o FST14 tomou à estrada, descrevendo com velocidade e precisão um percurso apertado delimitado por cones. Finda a última volta, não foram só palmas que caíram sobre o veículo e respetivo piloto – houve direito a chuva de champanhe, a assinalar o início de uma época desportiva com tudo para dar certo.