Cerca de 600 estudantes, provenientes de todo mundo, que vieram a Portugal participar na Academia Europeia da Inovação (EIA) visitaram o Técnico e ficaram fascinados com o campus.
“Adoro todo o campus, quando saí da porta e vi a Fonte (Fonte Luminosa na Alameda) fiquei fascinada”, afirma Michele, uma estudante de Inteligência Artificial da Universidade de Calgary no Canadá. “Nunca tinha visitado um Laboratório de Lasers e é espantoso. Os investigadores explicaram como tudo funciona de uma forma muito simples e clara”, acrescenta Gabriela Martinez, de 22 anos, uma estudante de Comércio Internacional, da Universidade de Flórida, nos EUA. Uma visita ao Laboratório L2I, dedicado ao estudo dos Lasers Intensos, que também fascinou Radwon Yuusuf, que estuda Gestão na Universidade de Macewan, no Canadá.
A delegação com centenas de estudantes, vindos dos quatro cantos do mundo, visitou vários laboratórios do Técnico: laboratório TOKAMAK, um reator de fusão nuclear experimental, passando pelo X-Golp que desenvolve mecanismos alternativos para um estudo mais eficiente do laser e das propriedades óticas.
Como a Inteligência Artificial vai mudar a economia do futuro
A visita ao Técnico foi um dos pontos altos do programa desta EIA. No auditório Abreu Faro, estes estudantes tiveram a oportunidade de ouvir Arlindo Oliveira, Presidente do Instituto Superior Técnico, falar sobre os últimos desenvolvimentos da Inteligência Artificial (IA) numa palestra a que deu o Nome de “IA, Aplicações, Implicações e Especulações”. Depois de dar as boas vindas aos estudantes, o presidente do Técnico fez uma pequena biografia e ao referir que tinha feito o Doutoramento na Universidade de Berkeley foi recebido por fortes aplausos. A seguir afirmou que ia fazer um exercício de previsão do futuro da tecnologia, o que é muito difícil. Citando a Lei de Amara, que define que “enquanto a tecnologia evolui de uma forma exponencial costumamos sobrestimar os efeitos a curto prazo e subestimar os efeitos a longo prazo”.
Tal como postulou Alan Turing o “cérebro é equivalente a um computador digital. O que significa que se tivermos inteligência num cérebro, também, podemos ter inteligência num computador”. Definindo a ideia de Inteligência artificial como a ideia que “podemos reproduzir um comportamento de inteligência num computador”. Existem duas abordagens a esta questão: a abordagem sintética, e a abordagem que defende que podemos chegar à IA, utilizando simulações dos sistemas biológicos. Na primeira abordagem o “machine learning” é a técnica crítica que está a revolucionar a IA. E existe a teoria que “se encontrarmos o método certo, o algoritmo certo podemos atingir o nível da inteligência humana” através de um computador. Este é ainda um objetivo distante, “mas estamos a caminhar nessa direção”, acrescentou Arlindo Oliveira. “Mas ninguém sabe quanto vamos demorar a atingir esse objetivo: se dezenas de anos ou uma década?”.
Certo é que “quase qualquer coisa que um humano consegue fazer, lidando com input e output, um algoritmo de machine learning pode traduzi-lo e por isso é que a IA tem o potencial de mudar a economia do futuro”. Uma realidade que coloca diversos desafios legais e sociais.
Um fenómeno que desperta um sem número de especulações como a explosão da inteligência, um cenário em que se equaciona que podem ser desenvolvidos sistemas com superinteligência, mais inteligentes que os humanos.
No final, em resposta, a uma questão de um estudante sobre se as máquinas poderão ter consciência, o presidente do Técnico afirmou que “concetualmente podemos imaginar um sistema com a mesma inteligência que um ser humano, mas que não tem experiências subjetivas”. Mas, na sua opinião “quando criarmos sistemas com mais e mais complexidade vão começar a desenvolver, o que podemos percecionar exteriormente como, consciência”, conclui.
A visita ao Técnico terminou com um churrasco oferecido ao ar livre para as centenas de estudantes do todo o mundo que estão a participar na 3.ª Edição da Academia Europeia de Inovação, em curso no Centro de Congressos do Estoril. Uma academia cuja diferença está na sua metodologia experiencial e nos conhecimentos obtidos orientados para objetivos concretos da inovação e empreendedorismo.
“Este é um programa fantástico que proporciona as ferramentas aos estudantes que queiram lançar o seu próprio negócio, nomeadamente através de mentores e profissionais”, sublinha Gabriela Martinez, estudante norte-americana. Para Michele do Canadá, a EIA é espantosa “porque permite que os nossos sonhos e objetivos possam vir realmente a ser implementados”.