Por entre os vários participantes da Web Summit é extremamente fácil encontrar atuais ou futuros empreendedores do Técnico. Nos painéis, nas entrevistas, apresentações ou até como jurados da competição de startups a procura volta a ter muitos resultados com ligação à Escola. A tarde deste primeiro dia de Web Summit exemplifica isso mesmo: uma catadupa de conhecimento com cunho do Técnico, nos vários canais do evento ou à distância de uma conversa no chat, ou nas community rooms do evento.
Nuno Cunha, antigo aluno de Engenharia Informática e de Computadores e cofundador da AAVANZ é um desses exemplos. Começou o trabalho de networking muito cedo, ainda nem sequer o evento arrancara, tentando assim aproveitar todas as oportunidades despoletadas pelo maior evento de tecnologia e empreendedorismo do mundo.
Nascida em 2009, como resultado da experiência e do conhecimento do antigo aluno na área, a AAVANZ fornece serviços de consultoria a pequenas e médias empresas envolvidas na criação de projetos inovadores, ajudando-as a obter financiamento em programas europeus de Investigação &Desenvolvimento. Com uma carteira de clientes, nacionais e internacionais, que ultrapassa a uma centena, Nuno Cunha vê também neste evento uma boa forma de conhecer o perfil e as competências de potenciais parceiros para integrar os projetos em que estão envolvidos. “Para além de apoiar alguns clientes também presentes na cimeira, o nosso principal objetivo é apresentar a empresa e o que fazemos a potenciais clientes e parceiros para projetos de investigação e desenvolvimento que é a nossa principal atividade”, avança.
Esta é a quarta participação de Nuno Cunha na Web Summit, e a experiência nestas andanças leva-o a confessar a estranheza com que encara esta edição digital. “É muito menos interessante e motivante, é quase estar a participar no evento à posteriori. A experiência é totalmente diferente”, assume. “Falta a experiência presencial e o interesse do evento está muito nesses momentos em que passamos nas bancadas e vemos coisas interessantes que as empresas andam a fazer e isso desaparece completamente”, destaca de seguida.
A sucessão de palestras e o vasto leque de especialistas nacionais e internacionais que chegam através dos 5 canais do evento e também das MasterClasses tornam a tarefa de construir a agenda individual custosa para os mais curiosos. Os minutos parecem ser poucos para a tamanha vontade de sugar todo o conhecimento e inovação que chega em cada vídeo, nas demais entrevistas em que esbarramos, ou nos vários debates e apresentações de empresas que o evento oferece. Uma das vantagens desta edição digital é que tudo isto esta ao dispor do utilizador à velocidade de alguns cliques.
O potencial Tecnológico em Portugal pela voz de quem o ajuda a alavancar
Se há quem opte por passar grande parte do tempo no canal principal- uma réplica do palco central do evento presencial-, há também quem saltite frequentemente para tentar apanhar os oradores e as temáticas de interesse. O canal Portugal é umas das inovações do evento e é uma forma de manter a ligação da Web Summit a Portugal. Além de uma representação governamental de peso, podemos encontrar no mesmo alguns dos mais ilustres líderes de startups portuguesas, tal como Vasco Pedro, cofundador e CEO da Unbabel.
Em apenas 5 minutos, o empreendedor que vem sendo uma presença assídua na Web Summit conseguiu esta tarde explicar como é que a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a eliminar as barreiras da linguagem. Para o CEO da Unbabel a resposta para esta problemática passa por um modelo híbrido que combine as valências da IA e dos seres humanos. Dando o exemplo de sucesso da Unbabel, Vasco Pedro explicava que a “IA está a reduzir a carga cognitiva dos humanos, libertando-os para tarefas cognitivamente mais exigentes e que tendem a ser aquelas em que o lado humano realmente brilha e faz a diferença”.
Foi também no Palco Portugal que se pode assistir à interessante entrevista do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. Entrevistado por José Pedro Frazão, jornalista da Rádio Renascença, o governante sublinhou o progresso tecnológico de Portugal nos últimos anos e a participação ativa nos esforços europeus para a inovação.
Manuel Heitor, também professor Catedrático do Técnico mostrou através das suas respostas que acredita na capacidade de criação de empregos das pequenas startups que vão fazendo trilhando o seu caminho em diversas áreas do conhecimento. “Os sistemas digitais inovadores desempenharão um papel importante na criação de novos empregos, especialmente para tornar as pessoas mais felizes no final do dia, contribuindo para o nosso processo de recuperação económica”, realçou.
Elogiando a forma como os centros tecnológicos em Portugal deram resposta à situação pandémica, desenvolvendo vários projetos de investigação fulcrais na resposta a esta crise de saúde pública, o ministro vincaria ainda a ligação crescente do desenvolvimento tecnológico em Portugal à questão da sustentabilidade, fornecendo exemplos de projetos que dão resposta à emergência ambiental.
Stephan Morais, fundador e diretor-geral da Indico Capital Partners e também alumnus do Técnico, é presença assídua no Web Summit. Esta quarta-feira foi possível vê-lo em diferentes papeis – ambos desempenhados com a mestria habitual. Depois de assumir o papel de jurado nos pitchs das startups, Stephan Morais, protagonizou juntamente com Sofia Santos, da Faber, um debate sobre aqueles que podem ser investimentos de sucesso no ano de 2021. No momento de avançarem prognósticos sobre o possível futuro unicórnio português, os dois oradores não hesitaram em escolher a Unbabel. “As empresas têm de se adaptar a todas as circunstâncias, até as menos boas, e a Unbabel tem feito um trabalho espantoso. E por isso sim, penso que está num caminho espantoso”, vincou Stephan Morais.
O dia já ia longo, mas a participação do Técnico não se esgotava. Francisco Freitas, antigo aluno e engenheiro na Simens Mobility, foi um dos especialistas que liderou a MasterClass intitulada “Making our roads safer with AI”, através da qual foi possível saber mais um pouco sobre o futuro da mobilidade. O foco da sua apresentação seria um projeto europeu, o 5G-MOBIX, em que o alumnus está diretamente envolvido e que permitirá ao sector da mobilidade examinar as implicações do 5G e o seu papel no futuro da condução autónoma através de testes em corredores transfronteiriços em toda a Europa, China e Coreia.