O Pitch Bootcamp@Técnico mudou-se para o online e não perdeu nenhuma das características que o tornam um evento marcante. Os clamores de entusiasmo passaram a ser digitados no chat do Zoom- que serviu de palco ao evento, a energia passou a estar confinada às dimensões do ecrã, mas encontrou a força necessária nas palavras e expressões animadas, e a vontade de fazer e conhecer o futuro em nada foi adulterada. O “puzzle” de rostos dos participantes era bem diferente no primeiro e no segundo dia desta 13.ª edição. Compará-los é um exercício que nos permite percecionar o impacto do trabalho feito, ver o ceticismo dar lugar à vontade, e a expressão do talento ganhar novos contornos.
O primeiro dia do evento, 8 de outubro, foi como sempre dedicado à descoberta individual dos bootcampers, desafiando-os a pensar competências, a distinguir a relevância de cada experiência, ensinando-os a ver o encanto singular dos seus percursos, e iluminando tudo o que ainda podem fazer pelos seus sonhos. Miguel Gonçalves, responsável da Spark Agency, foi o comandante desta aventura, motivando os mais de 180 participantes, auxiliando-os nos exercícios, dando-lhes conselhos, espicaçando-lhe a capacidade de auto-análise. A energia e o entusiasmo das suas palavras foram capazes de ultrapassar o ecrã e atingiram, tantas vezes, em cheio as inseguranças dos alunos. “Queremos ajudar-vos a saber quem vocês são, a perceberem qual é a vossa proposta de valor, levar-vos a conhecer o mercado para que possam tomar decisões informadas sobre a vossa carreira”, explicava Miguel Gonçalves. “No Pitch Bootcamp fazemos o futuro acontecer”, acrescentava, dando o pontapé de saída de dois dias de descobertas.
A experiência de dois antigos alunos inspirou os participantes
O painel das “Lessons Learned”, um dos momentos mais inspiradores do primeiro dia, contou com a presença de dois antigos alunos do Técnico, Rui Teixeira da EDP, CEO da EDP Produção e Pedro Afonso, CEO da VINCI Energies Portugal. Mais do que as histórias e a certeza das valências que a passagem pela escola lhes conferiu, os dois oradores foram portadores de mensagens positivamente inquietantes, prendendo atenções deste o primeiro minuto. A forma como seguraram as oportunidades fazendo delas caminho, o rigor que impõem a si mesmos em cada tarefa, o tipo de liderança que apreciam, ou a concretização que encontram na área da Gestão, foram alguns dos temas abordados sem reticências durante uma sessão que durou horas, e soou a minutos.
No final da sessão,os alumni pegaram na aprendizagem adquirida e fizeram dela os conselhos que os alunos queriam ouvir. “Ao longo da minha carreira aprendi que tenho que me esforçar, e dar o meu melhor em cada situação, e em tudo o que fizer. Se fizermos isto e aparecer a oportunidade certa, saberemos aproveitá-la”, lançava Rui Teixeira. “Sejam pessoas cativantes, transformem-se em pessoas atraentes com coisas interessantes para dizer aos outros. Leiam, sejam curiosos. Queiram ser relevantes. Têm as ferramentas para poder mudar o mundo, mas trabalhem para que isso possa acontecer”, aconselhava Pedro Afonso. Madalena Zambujeiro, uma das participantes faria questão de deixar bem expresso o efeito que estas ideias surtiram em si: “Saio daqui com esperança e confiança redobrada no futuro”, salientava a aluna do Técnico.
Mais de 100 empresas fizeram questão de vir conhecer e orientar o talento do Técnico
O entusiasmo e as atividades do primeiro dia serviriam de auxílio a todo o trabalho que esperava os participantes no segundo dia, 9 de outubro. A sessão de abertura contaria com as palavras do presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, que evidenciou que “esta é uma experiência extraordinária” que permite aos alunos trabalhar novas competências. “É uma experiência imersiva onde se conhecem, aprendem a estabelecer a vossa rede, a perceber o valor das vossas competências sociais e técnicas, num clima onde o divertimento e a aprendizagem se conjugam na perfeição”, referia o presidente do Técnico.
“O mercado tem apetite por vocês, porque são alunos de uma escola fenomenal, porque estudam disciplinas pelas quais o mercado tem um desejo voraz”, referia Miguel Gonçalves antes do esperado momento dos pitches. Pelas várias salas virtuais, os cerca de 150 profissionais de empresas de vários sectores, tais como a Unbabel, Accenture, BCG, KPMG, Novabase, Galp, Altice ou da Critical Software esperavam pelos alunos do Técnico.
Depois de cada apresentação às profissionais, construída de forma diferente por cada um dos participantes, respirava-se fundo para receber o tão esperado feedback. Além das críticas construtivas, sucediam-se os esperados conselhos, as ideias acerca do que as empresas procuram e esperam deles, trocavam-se contactos e criava-se uma rede que os conectaria com o futuro.
“Quando vejo um finalista não resisto a projetar-me e recordar como éramos tenrinhos e inocentes, sem ideia do enorme potencial que alguém tão jovem e dedicado tem. E de como o mundo vai ser cruel, mas que ainda assim a viagem vai valer a pena”, confessa Miguel Guedes, antigo aluno da escola que trabalha atualmente na Ericson,expondo assim a motivação que o leva a não hesitar quando chegou o convite para participar no Pitch Bootcamp@ Técnico. O antigo aluno encontra algumas diferenças, entre a sua geração de alunos e a que encontrou no evento, mas salienta que “é mais o que nos une que o que nos separa”. “A maior diferença que me apercebo é a facilidade de acesso a qualquer forma de informação. Isso certamente acelera o desenvolvimento e ganho de experiência dos novos profissionais em relação às gerações anteriores. Outra diferença muito bem-vinda é o melhor balanço de género”, refere.
Miguel Guedes assume que ficou surpreso com a adaptabilidade do evento ao formato digital: “surpreendeu-me muito pela boa adaptação ao ambiente digital remoto, fruto das circunstâncias pandémicas. A estrutura e flow são muito melhores do que ao vivo, se bem que já tenho saudades de encontros analógicos”, declara. Os conselhos que distribuiu orientavam quase sempre os alunos para “alargarem os horizontes para além-fronteiras e serem claros a transmitir expectativas do futuro profissional sem limitar outras opções”. Para o antigo aluno do Técnico o grande impacto do Pitch Bootcamp@Técnico “é revelador de que mais se pode fazer nas soft skills desde o 1.° ano do curso”.
Filipe Farelo, também alumnus do Técnico e Managing Partner da Accelerator, foi outro dos que colocou os seus afazeres em “stand by” para ajudar a “ligar” o Mercado à academia. Esta sua participação no evento é “em primeiro lugar o poder de alguma forma contribuir, com a minha experiência de vida e profissional, no apoio e orientação aos bootcampers naquilo que são as suas principais preocupações e ansiedades na fase de vida em que se encontram”. “Em segundo lugar porque acho fantástico o trabalho que o Técnico tem vindo a realizar de forma a tornar a nossa escola mais humana e próxima da realidade empresarial. Em terceiro lugar porque me permite manter-me também próximo de jovens profissionais, percebê-los e acompanhar as suas próprias motivações e perfis para os tempos imediatos nos vários ecossistemas em que também estou inserido. Em quarto lugar porque estes Pitch bootcamps são terrenos férteis de recrutamento”, elenca o alumnus.
Há um conselho, que independentemente da edição e das personalidades que encontra, Filipe Farelo dá sempre: “No matter what…sejam felizes no que fazem! Depois oriento a conversa de acordo com o perfil que tenho à frente”, conta. Foram mais de uma dezena os perfis que lhe passaram pela frente nesta edição, e alguns deles aguçaram-lhe mesmo a vontade de recrutar.
Do nervosismo à motivação para entrar no mercado de trabalho
Daniel Oliveira fez uma licenciatura em outra faculdade, e assim que chegou ao mestrado em Biotecnologia no Técnico ficou agradavelmente surpreendido “com a proximidade que a nossa instituição tem com o mercado de trabalho/empresas e a quantidade de oportunidades que temos ao longo do curso para contactar com as mesmas”. Agora que está no segundo ano e “com a entrega da tese para breve”, decidiu participar no Pitch Bootcamp para “preparar a entrada no mercado, conhecer as empresas e os seus processos de recrutamento bem como as pessoas responsáveis, algo que não é possível fazer online, através de uma pesquisa no site das empresas ou no LinkedIn”, refere.
O feedback que recebeu nos dois pitches “foi muito positivo por parte de todos os profissionais que gostaram do meu perfil e competências, demonstrados através das experiências que lhes contei em formato de história. Em particular, as capacidades de adaptação e de resiliência que demonstrei foram valorizadas”, recorda, satisfeito com a sua prestação.
Para o aluno de mestrado, ao longo dos dois dias foi ficando muito clara “a atratividade que os alunos do Técnico têm para as empresas, fruto das competências que desenvolvemos ao longo do nosso percurso”. Depois desta experiência, e de todas as aprendizagens que dela reteve, Daniel Oliveira sente-se “mais preparado e motivado para começar a minha abordagem ao mercado utilizando os contactos de email e LinkedIn, bem como o feedback que trouxe do pitch para procurar um primeiro emprego”. É da capacidade de estimular esta confiança que é feito o sucesso do Pitch Bootcamp@Técnico.