Aos ecrãs dos participantes espalhados por 168 países chegaram ao longo dos três dias da Web Summit muitas mensagens importantes, muito conhecimento e aprendizagem envoltos num entusiasmo e esperança gigantes em relação ao futuro- uma sensação tão revigorante em tempos de pandemia. A conferência de inovação foi obrigada a reinventar-se devido à pandemia, e esteve quase tudo lá. No final do evento, o presidente da República, Marcelo de Sousa, foi a voz de uma grande maioria dos participantes, revelando estar ansioso para que chegue 2021 e para que Lisboa volte a ser o palco da cimeira tecnológica.
O autor e médico Deepak Chopra, a vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, a ativista Jane Goodall, o ator Kevin Hart, a vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, o ator Kevin Hart, e o CEO e fundador da fintech Revolut, Nikolay Storonsky, foram alguns dos nomes sonantes que cativaram atenções no último dia do Web Summit, esta sexta-feira, 4 de dezembro.
Aos mais de 104 mil participantes- número apontado pela organização, mas questionado por muitos – não faltaram talks interessantes conduzidos pelos líderes das empresas mais relevantes do mundo, decisores políticos e económicos, e empreendedores de sucesso que têm estado debaixo das luzes da ribalta no último ano. Tudo isto sem sair do sofá, da mesa do escritório, enquanto se escrevia um e-mail ou se ajudava os miúdos com os trabalhos de casa. A qualidade dos vídeos nem sempre foi a melhor, e os panos de fundo escolhidos pelos oradores chegaram a ser algumas vezes desviadores de atenções -de tão desajustados que eram. Ainda assim, aos que queriam pensar o presente e o futuro não lhes faltou matéria-prima.
“Ao vivo é melhor” deve ter sido a frase que mais se leu no chat da plataforma. A falta do contacto pessoal, da dinâmica do evento, até da sensação de cansaço que invadia qualquer participante, acabaram por ser mais fortes que as diversas estratégias que a organização implementou para tornar esta edição mais interativa possível.
O Instituto Superior Técnico voltou a marcar presença no evento através dos seus alunos, docentes, investigadores, antigos alunos e muitos empreendedores. Foram muitos os alumni que nos diversos canais da plataforma conquistaram atenções e até seguidores, mostrando como os engenheiros do Técnico dão cartas em várias áreas. No Mingle, ou nos chats, os empreendedores procuraram estabelecer ligações com investidores, clientes ou simplesmente conhecer novas visões que pudessem acrescentar valor aos seus projetos.
Mais de 800 alunos da Escola voltaram a ter oportunidade de estar presentes no evento, consolidando a aprendizagem que têm adquirido, percebendo as suas aplicações reais, e até descobrindo novas paixões. André Luís, aluno do mestrado em Engenharia e Ciência de Dados, foi um dos sortudos. Esta é a sua quarta participação consecutiva no evento. “Nos outros anos, estive como voluntário, e este ano a Web Summit ofereceu o bilhete por não ter tido a oportunidade de ir como voluntário”, conta. Na opinião do estudante do Técnico o melhor adjetivo para classificar esta edição é mesmo “diferente”. “Está tudo a funcionar bastante bem em termos de plataforma, os oradores são muito bons, mas perde-se o contacto pessoal, os pavilhões da FIL repletos de pessoas, etc.”, argumentou.
Confessando que ainda não teve oportunidade de ver muitas talks, André Luís partilha que “o QA com o Mark Cuban na quarta à tarde foi muito bom. Sou um grande fã de shark tank, portanto aquela era mesmo um must watch”. Quando o entrevistamos, adiantou que também ia tentar não perder a semifinal e final do Pitch das startups que competem pelo prémio, portanto o aluno do Técnico deve ter sido um dos que assistiu à vitória e celebração da Lalibela Global-Networks, uma startup com base na Etiópia que está a digitalizar dados médicos em África.
Para o aluno do Técnico não há dúvidas que este evento é crucial para quem pretende construir um futuro nesta área: “Penso que é importante perceber o ecossistema em que um dia iremos trabalhar, e ver que o que estamos a aprender tem uma aplicabilidade real, e muito valorizada em todas estas empresas”, defendeu.
“Estou a gostar muito de perceber como as diferentes indústrias se interligam. Ter a oportunidade de saber quais as empresas mais vanguardistas e os seus criadores é uma experiência inspiradora” é assim que Inês Abrantes, aluna de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Técnico, avalia esta sua primeira participação na maior cimeira tecnológica do mundo. A estudante foi uma das contempladas com os bilhetes oferecidos pela Web Summit a estudantes universitários no âmbito do programa Inspire.
“Achei imperdível a palestra da Ursula von de Leyen, foi a introdução da Web Summit e ajudou-me a enquadrar o que se iria passar e qual o propósito do evento e o seu impacto na Europa”, refere Inês Abrantes. Segundo a estudante, o evento torna-se é muito relevante porque lhe “explorar as várias áreas com que contacto todos os dias nos meus estudos e valorizar ainda mais a inovação”.
Marcelo Rebelo de Sousa: “Estou ansioso por estar convosco em 2021”
A frase foi de Marcelo Rebelo de Sousa, mas podia de facto ter sido de muitos dos participantes desta edição digital. O Presidente da República encerrou o evento com um vídeo de 10 minutos, sublinhando a importância desta cimeira tecnológica e felicitando Pauddy Cosgrave, o criador do Web Summit, pela sua iniciativa, incentivando-o a não desistir, e prometendo marcar presença na edição de 2021.
“Todos já sonhámos, pelo menos uma vez nas nossas vidas, com um mundo totalmente digital. Um Web Summit totalmente digital”, começava por dizer o chefe de Estado. “Estamos quase lá, mas pelas piores razões, a pandemia”, prosseguia, lembrando o quão crucial nas nossas vidas é o “toque humano”. “Por isso regressaremos para o ano em carne e osso, num mundo pós-pandémico, em Lisboa, a gozar os dias e as noites”, adicionou, logo de seguida.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinharia ainda que a importância de um evento como o Web Summit vai muito além da digitalização e da tecnologia. A Web Summit “não é só sobre tecnologia. É sobre o futuro da humanidade”, frisava.
“Não se esqueçam: para o ano, a Web Summit será em Lisboa, Portugal. Estou ansioso por estar convosco. Vemo-nos lá”, concluía o Presidente da República. Na falta da possibilidade de o ovacionarem como em edições anteriores, os participantes valeram-se dos reations buttons para retribuir os votos de que o reencontro seja breve e com as insubstituíveis paisagens lisboetas como palco.
A Web Summit regressa para o ano numa versão que se prevê híbrida: metade online, metade presencial. Nos próximos 2 anos, o evento vai estender-se com edições mais pequenas ao Brasil e ao Japão.