“O carro vai andar”. Esta foi a frase mais ouvida no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico durante a tarde de 28 de março, por ocasião do evento de roll out do carro movido a hidrogénio desenvolvido pelos estudantes do Técnico Fuel Cell (TFC). A cerimónia contou com a presença do presidente do Técnico, Rogério Colaço, do Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e do Head of Open Innovation da Galp (principal financiadora do projeto), Manuel Andrade.
Com 130kg, um formato inspirado numa gota de água e apenas uma roda motriz por motivos de eficiência, o protótipo apresenta uma tecnologia de célula de combustível PEM (Proton Exchange Membrane). A utilização de hidrogénio como combustível garante a produção de energia limpa e sustentável para alimentar o motor elétrico do veículo. Desta forma, em vez de fumos poluentes, sai água pura como resíduo.
“Só este Salão Nobre cheio neste dia chuvoso já é um enorme sucesso”, defendeu Rogério Colaço com um sorriso no início da sua intervenção, perante a sala recheada de espectadores. Para o presidente do Técnico, “aquilo que verdadeiramente diferencia [a Escola] é o número de núcleos de estudantes que temos e que conseguem construir coisas de raiz”. Dando alguns exemplos, Rogério Colaço elencou “[este] protótipo de um carro sustentável, movido a hidrogénio, um carro de Formula Student, um barco movido a energia solar, um satélite totalmente projetado, concebido e construído em Portugal que vai para o espaço no verão” e admitiu ainda estar “a cometer uma injustiça” por haver “muitos mais exemplos excelentes” que não chegou a enumerar.
Num discurso em que assegurou que “o carro vai andar”, o presidente relembrou ainda que “o Técnico foi criado para ajudar o país no seu desenvolvimento económico, criando tecnologia e conhecimento e colocando-os ao serviço das pessoas”. “113 anos depois, os núcleos de estudantes como o TFC são a demonstração de que o Técnico continua a cumprir esta missão”, concluiu.
Também certo de que “o carro vai andar”, o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, relembrou o compromisso que o trouxe até este evento. “Durante a inauguração do Técnico Innovation Center, da primeira vez que vi a equipa do TFC em ação, prometi que, no dia em que o carro estivesse a funcionar, cá estaria”, recordou o professor jubilado do Técnico, que aqui concluiu uma Licenciatura em Engenharia de Minas e um Doutoramento em Engenharia de Reservatórios Petrolíferos (este último em parceria com o Imperial College).
Cinco meses depois de fazer a promessa, o ministro assumiu que “é uma grande felicidade regressar ao Técnico”, ressalvando que “é também a minha escola e uma das escolas mais extraordinárias de engenharia que temos – de referência em Portugal, na Europa e no mundo”. Numa intervenção centrada na necessidade de combater as alterações climáticas, António Costa Silva reforçou que “se não mudarmos o paradigma de mobilidade nas cidades com carros deste tipo, vamos ‘bater contra a parede’ na proteção ambiental”. Por esse motivo, afirmou que “o impacto que [o protótipo do TFC] pode ter é extraordinário”.
Manuel Andrade também é alumnus do Técnico. Licenciado em Engenharia Mecânica, atualmente é Head of Open Innovation na Galp, a principal patrocinadora do projeto e membro da Rede de Parceiros do Técnico. Na sua intervenção, destacou que, para a empresa, o Técnico é uma “fonte muito importante de talento”.
Duarte Soares, líder de equipa do Técnico Fuel Cell, dirigiu agradecimentos aos presentes, a familiares e amigos dos 49 membros do projeto e ainda aos restantes núcleos de estudantes da Escola. Num discurso que recordou desafios e obstáculos à concretização deste protótipo, o representante do TFC traçou o percurso deste núcleo e a forma como, ao longo do tempo, foram acumulando a ajuda de outros estudantes, docentes e mais de uma dezena de empresas fornecedoras de materiais e tecnologias essenciais para a construção do veículo, bem como de apoio financeiro e técnico.
Houve ainda lugar para os representantes dos diferentes departamentos do Técnico Fuel Cell fazerem um discurso e tirarem uma fotografia de grupo. Mesmo com funções diferentes dentro do núcleo, os quatro oradores dos departamentos de Mecânica, Eletrónica, Hidrogénio e Comunicação fizeram questão de frisar o mesmo aspeto em todas as suas intervenções – “o carro vai andar”.
Minutos depois, rodeado de uma plateia expectante no átrio do Pavilhão Central e já com o piloto do TFC a ocupar o lugar do condutor, o protótipo cor-de-laranja estava a postos. Com um anseio crescente que viria a ser substituído por um aplauso e buzinadelas vitoriosas daí a segundos, enquanto o veículo descrevia um percurso em torno da entrada do edifício, a frase “o carro vai andar” ressoava na mente de todos… e o carro andou.