Uma contagem decrescente nos três ecrãs do Salão Nobre do campus Alameda do Instituto Superior Técnico… até ao momento em que o relógio marcou os 00:00, seguindo-se um aplauso. Foi assim que teve início o evento de apresentação da sétima e mais recente embarcação do Técnico Solar Boat (TSB), o Núcleo de Estudantes do Técnico dedicado à construção de veículos aquáticos movidos a energias renováveis. Com oito por 2,5 metros de dimensão e possuindo a maior potência a nível nacional (construída por estudantes), o São Gabriel 01 (SG01) não pôde ser revelado in loco no Salão Nobre (por não caber através das portas), mas viria a ser ovacionado mais tarde, no fim da cerimónia, rebocado até à fachada frontal do Pavilhão Central.
Com capacidade para três tripulantes, o SG01 foi a embarcação que ocupou mais tempo ao TSB até à data, tendo o seu desenvolvimento tido início em 2022. O veículo tem cerca de quatro metros quadrados de área em painéis solares, que alimentam dez ‘packs’ de baterias a rondar os 120 quilogramas, totalizando 520 volt a bordo.
Para o presidente do Técnico, Rogério Colaço, os membros do TSB “superaram tudo e todos com este trabalho fantástico”. “Estas iniciativas enchem o Técnico de orgulho – enquanto presidente, não tenho mais nada que dizer senão agradecer este trabalho fantástico que os nossos estudantes fazem”, complementou o docente, para quem os Núcleos de Estudantes se comparam a empresas com pessoal em constante renovação (devido a estudantes que começam os seus cursos e outros que os terminam todos os anos), com a dificuldade acrescida de gestão que isso acarreta.
“O TSB tem uma componente que acho particularmente importante e significativa”, destacou ainda o presidente da Escola. “Representa o compromisso que a tecnologia tem de ter na sustentabilidade”, princípio sobre o qual a ação do Núcleo sempre assentou, recordou.
Este é um momento de “muito orgulho” para Miguel Gil, Team Leader do TSB. “2025 marca os dez anos do projeto, uma década de compromisso para com a mobilidade sustentável”, auxiliado por estudantes de cursos tão variados como os Mestrados em Engenharia Mecânica, Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, Engenharia Naval e Oceânica, Engenharia Aeroespacial e Engenharia e Gestão da Inovação e Empreendedorismo. Miguel Gil passou em revista a frota desenvolvida pelo Núcleo desde 2015, que inclui três embarcações na classe São Rafael (solar), duas na São Miguel (hidrogénio) e uma na São Pedro (não tripulado e um dos protótipos em destaque numa exposição decorrida no Centro de Experimentação Operacional da Marinha, em abril).
O SG01 surgiria, por fim, no parque de estacionamento, sendo rodeado pelos participantes no evento, que observaram o presidente do Técnico a subir a bordo. Muitos quiseram passar a mão pelo casco de fibra de carbono, curiosos com a sua textura – não é todos os dias que uma embarcação destas dimensões “atraca” à frente do Pavilhão Central.
Fundado em 2015, o Técnico Solar Boat tem como missão o desenvolvimento de embarcações movidas a energias renováveis, representando Portugal e o Técnico em competições internacionais. Participa anualmente no Monaco Energy Boat Challenge — a principal competição mundial de embarcações sustentáveis — onde equipas e empresas de todo o mundo se enfrentam em provas de velocidade, manobrabilidade e resistência. Entre as conquistas da equipa destacam-se dois segundos lugares alcançados internacionalmente nesta competição, com protótipos solares, bem como distinções em inovação pelos seus avanços com hidrogénio e pelas práticas sustentáveis de construção. A equipa já subiu também ao pódio em competições de embarcações autónomas como o Njord Autonomous Ship Challenge, que venceram em 2022 e onde obtiveram o segundo lugar em 2021, 2023 e 2024.
