Para João Seixas e Sousa, Margarida Oliveira e Vasco Castro, três dos alunos que ingressaram este ano no Técnico com média de 20 valores, a receita do sucesso é simples e é feita de poucos ingredientes: método de estudo, capacidade de concentração durante as aulas, uma boa dose de foco e de esforço, e gosto em aprender. Junta-se tudo e polvilha-se com uma boa dose de motivação sustentada por objetivos de futuro bem definidos. Parece simples nas suas palavras, mas não negam que dá muito trabalho. A recompensa, no entanto, vale a pena, afinal este registo escolar impecável – 20 valores de média e também nos dois exames de ingresso – garantiu-lhes entrada direta nos seus cursos de sonho e uma dose reduzida de ansiedade no passado fim de semana.
Vasco Castro, novo aluno de Engenharia Aeroespacial, acredita que esta fórmula de sucesso não pode ser desvinculada de alguma sorte, ainda que não negue o mérito que teve em aproveitá-la. “Além da aptidão para estas áreas, sinto que tive sorte. Por causa dos meus pais, que são os dois médicos e sempre me despertaram o interesse pela Ciência e nunca bloquearam os meus sonhos, do meu irmão que sempre estudou comigo, dos meus professores que me incentivaram”, enumera. É bom aluno desde que se lembra e sempre o cativou o sabor da excelência. “Mesmo que quisesse um curso com média de 15, ia estudar para ter 20. Sempre gostei de ter boas notas, e sempre quis abrir o máximo de portas que podia”, sublinha.
Apesar de apaixonado pela Física, Vasco acabaria por colocar Engenharia Aeroespacial como a sua primeira opção. “É um curso que me dá mais segurança, que me dirige mais para uma área de trabalho que gosto, enquanto a Física é muito aberta e poderia acabar por ter que trabalhar num campo que não me interessasse tanto”, justifica.
“Os últimos dias foram mais ou menos tranquilos, porque era quase impossível não conseguir entrar na minha primeira opção”, recorda João Sousa, colega de Vasco no curso Engenharia Aeroespacial, com uma expressão que lhe sublinha o orgulho nesta conquista. Além de ser filho de um alumnus do Técnico, João é irmão de dois futuros engenheiros que também frequentam a Escola. “Sempre senti uma queda para a Engenharia, e com este historial de família era difícil que não fosse assim. Acho que há duas reações possíveis em casos como o meu: ou odiar a engenharia ou sentir-se algo atraído”, afirma, entre sorrisos.
No caso de João a atração foi inegável desde cedo. Primeiro chegou o interesse pela Matemática e pela Física e mais tarde também pela aviação. No momento da escolha ainda esteve indeciso entre os cursos dos irmãos, Engenharia Aeroespacial e Engenharia Física Tecnológica, mas a escolha acabaria por recair sobre a primeira. Não o assustou ver os irmãos a ter que correr atrás da exigência do Técnico, muito pelo contrário. “Eles sempre tiveram ótimas notas e sempre me questionei se conseguia atingir o patamar deles e fui conseguindo e, portanto, senti-me até impulsionado e inspirado pelo percurso deles”, salienta.
Margarida Oliveira não esconde que por momentos ponderou fazer o seu percurso académico no Porto, de onde é natural, mas não deixou que as saudades que já sente de casa lhe condicionassem os sonhos. “Queria sair fora da minha zona de conforto, e achei que o curso do Técnico era mais vocacionado para aquilo que eu quero e, ainda por cima, tem uma ligação forte ao LIP e a outros centros de investigação desta área”, vinca a nova aluna de Engenharia Física Tecnológica.
A Física não é uma paixão de sempre, mas foi arrebatadora o suficiente para Margarida estar convicta que é por aqui que passa a sua vida profissional. É fascinada pelo mundo das artes e é no desenho que encontra muitas vezes a descontração, e se houve momentos em que pensou perseguir uma carreira artística, foi a certeza de que seria igualmente feliz na Física que a fez ficar. “A vida de artista não é para qualquer um e muitas vezes é uma carreira sem grande retorno. Enquanto que a paixão que tenho pela Física, que é igual ou maior que a minha paixão pelas artes, tenho a certeza que será recompensada pelas saídas profissionais que existem”, refere.
Determinados, os três novos alunos estão cientes que esta é uma nova etapa e se até agora o caminho foi feito com as melhores notas possíveis, o futuro é um pouco mais incerto — mas continua ambicioso. “Acho que vão ser anos mais difíceis, tenho expectativas de obviamente não ter notas tão altas, mas estou entusiasmado com este novo capítulo e isso é ótimo, acho que é altura de ganhar mais independência”, salienta João. “Dei sempre o meu máximo e vou fazer o mesmo aqui”, declara, por sua vez, Vasco.
A motivá-los continuarão os sonhos, as aspirações, a vontade de serem melhores. “Imagino-me a ter uma carreira na área de Astrofísica ou na área de Física de Partículas. Gostava de trabalhar no CERN ou na NASA”, partilha Margarida. “O meu objetivo é ter uma carreira internacional. Adorava trabalhar na área do Espaço”, confessa Vasco. Já João não descarta nenhuma opção, e vê-se a trabalhar tanto na área da aviação como da Gestão e até quem sabe tornar-se empreendedor. “Eu gostaria de fazer algo que me desafiasse permanentemente. E espero que o curso me abra os horizontes e sei que também me propiciará muitas hipóteses de futuro”, remata.