“É com grande orgulho que estamos novamente nomeados para um reconhecido prémio europeu”, assinala a investigadora do C2TN responsável ClimACT, a professora Marta Almeida. O natural brio da docente do Técnico é o resultado do facto de o ClimACT estar entre os 12 finalistas dos EU Sustainable Energy Awards (EUSEW Awards), estando nomeado na categoria juventude. Há menos de um ano o projeto coordenado pelo Técnico já havia estado entre os finalistas do REGIOSTARS 2018. Os EUSEW Awards reconhecem o papel crucial do setor público e privado, das ONG e das autoridades nacionais e locais para uma Europa livre de repercussões do clima. Todos os anos a Comissão Europeia distingue as iniciativas mais notáveis no setor energético, e este ano o Técnico poderá ter uma palavra a dizer no lote de discursos vencedores.
O objetivo do ClimACT passa por responder a desafios emergentes dos dias de hoje como as alterações climáticas, eficiência energética, eficiência de recursos e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Para tal, o projeto coordenado pelo Técnico convocou importantes e recetivos embaixadores: os jovens e as escolas. Assim e mobilizando o entusiasmo crescente das camadas mais jovens para com estas questões, o ClimACT está a ajudar as escolas a reduzir a sua pegada energética, encorajando mudanças comportamentais nas comunidades escolares. O projeto financiado através do programa Interreg (Interreg Sudoe) e com um orçamento de 1,3 milhões de euros, mobiliza cerca de 14000 estudantes, 2000 pais e mais de 1000 professores em quase 40 escolas em Portugal, Espanha, França e Gibraltar.
O público alvo do projeto são crianças e jovens até ao nível universitário, e o trabalho realizado tem incidido sobretudo em ajudar os estudantes a adquirir as competências de que necessitam para se responsabilizar pelo consumo de energia nas suas escolas e no seu dia a dia. Esta mobilização das camadas mais jovens da sociedade é, pois, o principal motivo da nomeação para este galardão. Além disso, e como assinala a professora Marta Almeida, “este é um projeto que pretende capacitar jovens para que estes saibam desde já responder aos desafios das alterações climáticas”.
Os 12 finalistas dos EUSEW Awards irão competir em 4 categorias: Envolvimento, Liderança, Inovação e Juventude. Além de um prémio atribuído por um júri, constituído por especialistas, é também atribuído outro pelo público. Para fazer a avaliação, estão ao dispor dos votantes os vídeos que apresentam os projetos finalistas e tornam a escolha mais ponderada. Os prémios estão integrados na EU Sustainable Energy Week (EUSEW), que terá lugar em Bruxelas de 18 a 20 de junho de 2019, e a professora Marta Almeida está confiante que o CLimACT pode ser um dos vencedores: “o projeto responde a importantes desafios societais e envolve um grande número de jovens. Como tal, acredito que temos fortes possibilidades de sermos vencedores”.
Desde que foi lançado, em 2016, o ClimACT tem-se desdobrado em múltiplas ações que vão desde a identificação dos problemas que afetam as escolas até à formação da sua comunidade- O primeiro passo dado foi realizar auditorias ambientais e energéticas em todas as escolas participantes, procedendo-se depois à criação de uma plataforma de benchmarking, que permite às escolas compararem, entre si, o seu desempenho. As várias instituições envolvidas no projeto foram acompanhadas por peritos que iam avaliando as descobertas e criando recomendações sobre mudanças que poderiam ser levadas a cabo. Procedeu-se depois à criação de uma plataforma de correspondência de recursos, dando às escolas acesso a modelos de negócio e estratégias inovadoras que as podem ajudar a suportar os custos das mudanças estruturais. No domínio educativo foi criada uma plataforma, que inclui cursos de e-learning para professores e jogos e atividades quepodem ser usadas nas aulas. “ No último ano também ficou disponível a Plataforma de Correspondência de Recursos ClimACT que estabelece o contacto entre investidores e as escolas e promove a assinatura de contratos de eficiência energética, nos quais as soluções implementadas nas escolas são pagas com base nas poupanças alcançadas”, assinala a coordenadora do projeto.
Hoje em dia o projeto já está muito para além das salas de aulas, e tem conseguido ligar toda a comunidade neste trabalho conjunto com as escolas, através de redes de patilha de ideias. Conhecidas como “Comités de Baixo Carbono”, estas redes (de estudantes, professores, pais, e representantes locais) definem metas, fazem planos e identificam formas de as escolas poderem melhorar o seu desempenho energético e ambiental. Por sua vez, outro grupo constituído por estudantes e professores, designado “Brigada de Baixo Carbono”, é responsável pela implementação das iniciativas. Esta última estrutura é apontada pela como um dos principais legados do ClimACT. “Uma conquista muito importante é dar competências e conhecimentos aos estudantes e professores, para que estes consigam dar continuidade ao projeto após o seu termino”, afirmou Marta Almeida. O trabalho está também a chegar a comunidades locais, com os estudantes no papel de embaixadores, divulgando aos pais e a outros adultos as suas aprendizagens, atingindo-se assim um dos principais objetivos do projeto :a sensibilização da sociedade para estas temáticas.
“Nos últimos três anos o projeto ClimACT ajudou as comunidades escolares a prepararem-se para os desafios lançados pelas alterações climáticas”, declara a professora Marta Almeida e isto por si é razão suficiente para o projeto estar bem posicionado para arrecadar o prémio. Quando questionada acerca dos argumentos que poderão motivar a comunidade do Técnico a ajuda a vencer o prémio, a docente do Técnico é categórica: “mais do que mobilizar a comunidade do Técnico a votar no projeto, a nossa ambição é que esta se mobilize e acelere a transição para uma sociedade de baixo carbono”. Ainda assim, será sempre um voto útil que pode auxiliar este projeto a continuar a fazer a diferença e uma forma de ajudar tantos jovens a fazer diferente.